Não posso culpar Anamaria pela sua tristeza!
Anos e anos juntos e nunca um 'eu te amo!'.
Ou um simples 'gosto de você!'.
Apenas um silêncio pacífico, alguns momentos de alegria, uns afagos 1/2 tímidos nas mãos... ou nos cabelos.
Uma convivência árida, com muitas pedras, poucas águas, muitos desertos, poucas florestas, muitos nãos... poucos sins.
E Anamaria ficou triste.
Levanta-se triste, faz o café, varre a casa, despacha as crianças para a escola, lava a roupa, faz o almoço, lava a louça...
E engole tudo num único e desconfortável momento de tristeza.
E a tristeza do seu amor, antes passiva, vai tomando vida e começa a se esparramar pelos cantos da casa.
Afetou os cachorros, a samambaia da varanda, o programa de humor da televisão... o tempero da comida.
E vai enchendo a casa...
Não há como fugir, é como uma epidemia, algo contagioso que se aloja em todos os cantos da sala, dos quartos, da cozinha, dos banheiros, do chão e do teto.
Não cabe mais na casa.
Começa a sair pelos buracos das fechaduras, por debaixo das portas, pelas frestas das janelas e começa a ganhar a rua.
A tristeza de Anamaria se locupleta, se enche de maior tristeza ainda e começa a se esparramar pela cidade amanhecida.
E toma conta de tudo: da fila da previdência, dos taxistas, das repartições públicas, das escolas, dos transeuntes, dos bancários, dos médicos, das plantas, dos animais... de todos os seres vivos da cidade.
E ganha corpo, ganha vida.
E ninguém percebe o triste amor de Anamaria se alastrando pelas ruas.
Tristes caminham pelas ruas e vão ao trabalho, à procura de emprego, do dinheiro e da felicidade... em busca do amor.
E carregam nas costas a tristeza do amor de Anamaria.
Carregam na alma a minha total negação ao amor lírico, ao amor passional, ao amor de paixão... de compaixão.
E são filhos da minha ausência, do meu 'não me declarar', do meu 'não amar', são filhos do 'querer ser amada' de Anamaria.
E a tristeza avança, toma os trens, os ônibus, os caminhões, os navios e os aviões...
E se espalha...
E vai pelo mundo...
E Anamaria deitada na rede da varanda embala com uma cantiga triste a sua tristeza universalizada.
E eu 1/2 que acariciando os seus cabelos.
Num raro momento de consideração.
TõeRoberto
Anos e anos juntos e nunca um 'eu te amo!'.
Ou um simples 'gosto de você!'.
Apenas um silêncio pacífico, alguns momentos de alegria, uns afagos 1/2 tímidos nas mãos... ou nos cabelos.
Uma convivência árida, com muitas pedras, poucas águas, muitos desertos, poucas florestas, muitos nãos... poucos sins.
E Anamaria ficou triste.
Levanta-se triste, faz o café, varre a casa, despacha as crianças para a escola, lava a roupa, faz o almoço, lava a louça...
E engole tudo num único e desconfortável momento de tristeza.
E a tristeza do seu amor, antes passiva, vai tomando vida e começa a se esparramar pelos cantos da casa.
Afetou os cachorros, a samambaia da varanda, o programa de humor da televisão... o tempero da comida.
E vai enchendo a casa...
Não há como fugir, é como uma epidemia, algo contagioso que se aloja em todos os cantos da sala, dos quartos, da cozinha, dos banheiros, do chão e do teto.
Não cabe mais na casa.
Começa a sair pelos buracos das fechaduras, por debaixo das portas, pelas frestas das janelas e começa a ganhar a rua.
A tristeza de Anamaria se locupleta, se enche de maior tristeza ainda e começa a se esparramar pela cidade amanhecida.
E toma conta de tudo: da fila da previdência, dos taxistas, das repartições públicas, das escolas, dos transeuntes, dos bancários, dos médicos, das plantas, dos animais... de todos os seres vivos da cidade.
E ganha corpo, ganha vida.
E ninguém percebe o triste amor de Anamaria se alastrando pelas ruas.
Tristes caminham pelas ruas e vão ao trabalho, à procura de emprego, do dinheiro e da felicidade... em busca do amor.
E carregam nas costas a tristeza do amor de Anamaria.
Carregam na alma a minha total negação ao amor lírico, ao amor passional, ao amor de paixão... de compaixão.
E são filhos da minha ausência, do meu 'não me declarar', do meu 'não amar', são filhos do 'querer ser amada' de Anamaria.
E a tristeza avança, toma os trens, os ônibus, os caminhões, os navios e os aviões...
E se espalha...
E vai pelo mundo...
E Anamaria deitada na rede da varanda embala com uma cantiga triste a sua tristeza universalizada.
E eu 1/2 que acariciando os seus cabelos.
Num raro momento de consideração.
TõeRoberto
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