segunda-feira, 23 de maio de 2011

Saudosismo

Querido diário:

Hoje amanheci 1/2 que saudoso.

Saudoso dos meus tempos de menino lá em Minas Gerais.

Saudoso do meu carrinho de rolimã, do meu estilingue, da minha bola, do time da rua de baixo, dos meus heróis, do poço do Seu Delorenzo, do meu cavalo de cabo de vassoura, dos meus amigos que já se foram, de andar na chuva, de pescar, de apanhar goiaba no pasto, de acompanhar a chegada e a saída do velho Mogiana na estação, dos meus gibis, das minhas bolinhas de gude, da matinê dos domingos, do arrozinho com feijão da minha mãe, do pinicado da viola dos meus tios, dos passarinhos cantando na mangueira... saudoso, enfim, da minha vida daqueles tempos.

Saudoso ao ponto de sentir um nozinho na garganta.

Amanheci pensando nestas coisas que, hoje, parecem não ter mais importância pra ninguém.

Ninguém mais perde tempo com essas besteiras.

E elas ainda me tocam.

Me invadem à noite.

Na madrugada sonhei com minhas viagens interplanetárias.

Com o meu esconderijo no fundo do mar, que continua no mesmo lugar da minha infância.

Bati o maior papo com o Cacique Touro Sentado.

Lutei com o Capitão Gancho, na Terra do Nunca.

Tomei um cafezinho com o Flash Gordon.

Almocei com o Capitão Nemo.

Conversei com Alice, no País das Maravilhas.

Visitei a caixa forte do Tio Patinhas.

Afaguei a Lassie.

Brinquei com os 7 Anões.

Cavalguei no Tigger, o cavalo de Roy Rogers.

Fugi da Bruxa Malvada.

Naveguei com o Barba Roxa.

E acordei iluminado, sem a barba, sem as cicatrizes da vida...

E saudoso!

Saudoso daqueles tempos que não voltam mais.

Das belas histórias que não existem mais.

Daquela criança que eu não sou mais.

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