segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A cidadezinha da minha infância

Houve um tempo em minha conservadora cidadezinha, em Minas Gerais, que a vida era diferente.

Sexo, família, igreja?

Uma trilogia explosiva.

Sexo?

Muitas vezes só com um lençol furado na direção da perseguida ou com a luz apagada.

Se não fosse para concepção, o maior pecado.

Família?

Catecismo, comunhão, véu na igreja, vestido pra baixo do joelho, cristianismo à flor da pele... direita em formação.

Igreja?

A dança sóciocultural e religiosa da comunidade.

Um padre que casou a minha mãe, me batizou, me casou, batizou os meus filhos, manteve a cidade na idade da pedra, censurou todos os filmes do cinema da cidade... igualzinho ao padre do Cinema Paradiso.

Houve um tempo em que a minha cidadezinha respirava preconceito e racismo.

Filhos/filhas de "famílias tradicionais" não se casavam com filhos/filhas de operários e lavradores... ou negros.

Italianos, portugueses, espanhóis... não sei de onde vinha a ideia tão horrorosa.

Hoje?

Acho que os filhos estão tomando mais juízo e a cidade aparentemente floresce do seu atraso secular.

As famílias se misturam.

E prosperam socialmente e economicamente ... um pouco culturalmente.

Religiosamente e politicamente parece que ainda é cedo demais para exigir.

Que estas coisas no Brasil realmente ainda estão na idade da pedra.

E lá não é diferente.

TõeRoberto

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