segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Progresso

Uma questão:

Dizem que o progresso é tudo.

Que o avanço tecnológico é tudo.

Condomínios fechados, prédios monumentais, shopping centers, viadutos, rodovias.

Cimento no chão, muros, cercas... segurança.

Todos aplaudem, todos querem... todos cobiçam o 'progresso'.

Morro por isto, mato por isto, vivo por isto.

Então por que a maioria das pessoas vive contando vantagens?

Minhas férias?

Inesquecíveis!

Lugares lindíssimos, praias desertas, cultura nativa, culinária caseira, música diferente... paz!

Isso não é uma contradição?

Sabedoras que são que isto está com os dias contados - e também são responsáveis - por que fingem que gostam?

Mentem ou não têm a menor ideia do que estão falando.

Só falam por modismo.

Repetem diariamente a cartilha do sistema.

Para parecerem pessoas formadoras de opinião.

O que não são.

São apenas consumidores bem treinados.

Adoradores do 'progresso'.

Mais nada!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Os ignorantes

Outro dia, na rua, ouvi uma frase:

"A inteligência desapareceu, quem manda no mundo são os ignorantes."

Fiquei com a frase martelando a minha cabeça o dia inteiro.

Tentei entender, argumentar, racionalizar.

E continuo pensando!

Às vezes olho à minha volta.

E vou-me convencendo.

O político na televisão.

O empresário.

O educador.

O banqueiro.

O advogado.

O estudante.

O taxista.

O médico.

O comerciante.

O fazendeiro.

O padre.

Todos os outros!

Poder.

Dinheiro.

Cobiça.

Regras.

Ideias ridículas.

O mundo fechado sob uma ótica castradora, escravagista.

Egoísmos.

Desprezo pelas pessoas comuns.

Preconceitos, indiferença... abandono.

Parece-me que enxergam apenas o próprio umbigo.

Gente inteligente não destrói a vida nem prepara o mundo para o juízo final.

Nem por dinheiro, nem poder... por nada neste mundo!

Se isso não for ignorância, o que é então?

Inteligência, com certeza, não é!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Observando a vida

Não quero lhe assustar.

Mas lá na frente da sua vida você vai aprender a melhor observar a sua vida.

Uma bela manhã, ou uma linda noite você vai olhar para o lado externo das mãos.

Vai ficar observando alguns minutos.

E vai achar algo diferente.

As veias vão estar mais saltadas - azuis - a pele cheia de pintas grandes e opacas... um monte delas.

É o sinal que você chegou lá.

Na encruzilhada entre a juventude - mesmo com 50 e tantos anos - e a velhice.

Não se desespere!

Assuma com tranquilidade o que é inevitável nessa vida.

A própria vida!

E dê um sorriso de agradecimento!

E vá ver o mar!

Que você ainda tem muitas coisas pra aprender!

Só com o movimento das marés!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Conversas incômodas

Cê já parou pra pensar que você é um/uma imbecil?

Eu é que sou?

Também!

Caralho, pense bem!

Com honrosas exceções, você trabalha num troço que você não gosta.

Recebe um salário aquém do que você acha que merece.

Mora numa cidade que não é lá estas coisas.

O bairro...

A casa... o apartamento é uma merda.

A sua companheira/companheiro um porre.

Os filhos, aqueles adolescentes chatos...

Aqueles rebeldezinhos de merda... sem causa.

Amigos?

Alguns!

Tédio?

Puta que pariu!

E aí?

Vai uma cerveja?

Um 38?

Ou a vida é assim mesmo?

Fazer o quê?

Deixa rolar?

Uma promoção amanhã?

Que bom!

Você é um/uma vencedor.

Do troféu "merda pra quem merece!".

Quando for se matar me avisa.

Que eu quero comer a viúva/viúvo!

Amém!!!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O guarda-noturno

Concorde comigo.

A maioria das pessoas gosta de ouvir o apito do guarda-noturno:

Pri pri pri pri pri!

O som ecoa pela noite.

As pessoas se sentem seguras, protegidas, muradas pela presença de um homem, ou mulher, que vela com seu apito solitário a propriedade privada... as vidas.

Eu não gosto!

O apito me deprime.

Me lembra que sou prisioneiro do caos.

Um ser trancado dentro dos muros, das grades, das chaves e que necessita - coisa horrível - de outro ser humano para vigiá-lo, protegê-lo a todo instante dizendo:

"Durma tranquilo, senhor, estou aqui do lado de fora de sua prisão e cuidarei com a minha própria vida do seu sono tranquilo, dos seus bens materiais, da sua família... da sua propriedade."

Pergunto:

E quem velará pela segurança, do sono, dos bens materiais, da família e da propriedade do guarda-noturno - se é que ele os tem - este homem que vive e sobrevive de assoprar apitos e mantém o sistema dentro de uma segurança mínima previsível?

Não, não gosto de guardas-noturnos!

Eles, sem saber, me lembram os campos de concentração nazistas que só vi nos filmes.

Não gosto de guardas-noturnos.

Estou ouvindo um agora!

Me sinto solitário!

E totalmente inseguro com o mundo lá fora.

Que o guarda-noturno insiste, com seu apito, em me avisar que existe.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Contando os dias

Pessoas acham que contar os dias é um sinal de cansaço... de rendição.

Não acho!

Contar os dias também é sinal de plenitude.

É um sinal que valorizamos cada segundo da nossa vida.

Cada respirar!

Cada piscar!

Cada falar!

Cada arrepiar!

Contar os dias é estar vivo!

É não deixar pra amanhã o que se pode fazer hoje.

É fazer hoje o que possivelmente não poderemos fazer amanhã.

A vida é imparcial... de veneta.

Amanhece vivo.

Adormece morto.

Mas de qualquer maneira é a vida... e está viva.

E só morre quando paramos de contar os dias.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Os meninos da Rua Santa Bárbara

A todos os meus amigos - vivos e mortos - da rua Santa Bárbara, em Guaranésia, Minas Gerais.

Às vezes, do nada, algo nos atinge no coração.

E rimos, choramos, viajamos pelo tempo e encontramos a nossa criança, a nossa infância perdida lá no fundo da memória.

Ontem, procurando uma coisa, achei outra.

Um poema.

Escrito em 07out1981, data em que passei por essa experiência de algo nos atingir o coração.

Um dia, lá atrás, em que eu me lembrei da minha infância e escrevi o poema.

Hoje, ao encontrá-lo, passei pela mesma sensação daquela data em que foi criado.

E tenho a impressão pelo meu estado - riso, choro, alegria, viagem - que encontrei novamente a minha criança perdida que estava por ai, desamparada.

Acompanhe:

No vai e vem dos navios
de casca de coco e de nozes
no galopar dos cavalos
de cabos de enxada e vassoura
no ronco mortal dos motores
dos carros de tábua e de lata
no brilho forte dos olhos
heróis de ouro e de prata
na luta calma das ruas
o bem derrotando o mal
descobri que a vida era boa
e a morte cruel e fatal.

Descobri que a gente era livre
a cada nascer da manhã
e que o sonho de quem resistia
à febre do mundo em vão
era ter um campo de vidro
com o brilho ao alcance das mãos
era ter um sonho escondido
nos rios do coração.

O forte sol que se abria
na rua, com emoção
marcava a hora da busca
do homem da perna de pau
porém, cuidado era tudo
havia perigo no ar
havia muitos bandidos
que infestavam os quintais
apaches, soldados, piratas
duendes, demônios, marcianos
e monstros de além-mar.

Descobri que o medo existia
e que Deus era o susto maior
descobri que a força era fraca
quando se tinha a razão
descobri que o amor era belo
no gesto de se dar e mão
descobri que meu pai era tolo
por trabalhar sem paixão
descobri que um sonho era pouco
pra quem tinha um coração.

Ainda trago nos olhos
vivência de barro e de chão
batalhas de vida e morte
motivos de festa e emoção
silêncios, ruídos medrosos
no fundo do coração
e o sonho de quem já teve
a vida presa na mão.

Descobri que a vida passa
no dorso de um alazão
que se acabaram os tesouros
piratas de perna de pau
que o medo é coisa boba
que homem não sente não
e que Deus está afogado
na lama de um pantanal
descobri que o amor é duro
pra quem tem um coração
descobri que o tempo é curto
pro bem derrotar o mal
descobri que a rua é a mesma
e eu não mais não.

E ai?

Lembrou-se de alguma coisa?

Pensou um pouquinho na sua criança?

Naquela criança pequenina que dorme profundamente no fundo do seu coração.

Legal, não?

Sempre gosto dessas experiências.

Elas têm um gosto maravilhoso de vida.

E não têm contraindicação.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Procura

No silêncio da noite procuro um rosto.

Um rosto qualquer!

Real ou inventado, não importa!

Um rosto amigo!

Um rosto que sorria, acredite na vida.

E me sussurre não segredos, mas verdades abertas.

Não certezas abstratas, mas realidades concretas.

Eu procuro um rosto.

Todas as noites.

Nas ruas.

Nos meus sonhos.

E ele é uma névoa.

Não se define de fato.

É só um projeto... um vulto... uma possibilidade.

E me deixa agoniado.

Pensando que a vida se vai... cansada!

Eu procuro um rosto.

A quem possa interessar que o desenhe.

Na parede dos meus olhos atentos.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mulher ao espelho

Gineilda terminou de passar o batom - vermelho - levantou-se da banqueta e se olhou no espelho... nua.

Ficou ali se admirando.

Passou as mãos nos cabelos.

Tocou o nariz.

As orelhas.

Tocou levemente o queixo à procura de pelos.

Imaginou a medalhinha de prata - Nossa Senhora dos Aflitos - no pescoço.

Desceu a mão.

Tocou os seios - por inteiros - suavemente, começando pela base até as aréolas, os mamilos.

Lá demorou.

Com o indicador fez movimentos circulares... fechou os olhos e sentiu um arrepio, maravilhoso, que começou nos pés e terminou nos cabelos.

Tocou a barriga.

Enfiou o mindinho no umbigo e ficou ali se acariciando.

E seguiu.

A mão correu pelo ventre.

Pensou... parou.

Fechou e abriu a boca e beijou o espelho.

Virou-se 1/2 que de lado, ficou na ponta dos pés e apalpou as nádegas.

Apertou: durinhas!

Acariciou-se calmamente... pausadamente... demoradamente.

Afastou-se do espelho, encheu um copo de rum - sem gelo - e ligou o rádio.

Maysa:

"Meu mundo caiu
e me fez ficar assim..."

Voltou para o espelho.

Engoliu 1/2 copo do rum.

E se ateve à música.

Cantarolou e 1/2 meio que dançou.

"Você conseguiu..."

Parou.

Desceu as mãos até o ventre.

Enfiou os dedos nos pelos púbicos - pretos, fartos... encaracolados.

Massageou-os com os olhos fechados.

Correu vagarosamente a mão direita para o meio das pernas.

Maysa:

"E agora diz que tem pena de mim..."

E com o dedo 1/2 curvo - fundo - pensou desesperadamente em Lízio Eduardo, aquele filho da puta sem-vergonha.

E teve o primeiro orgasmo, o que antecedeu aos outros 143.

Engoliu a outra metade do rum e se encolheu quietinha.

Ficou ali em posição fetal... com a mão no 1/2 das pernas.

Sofrendo!

E Maysa:

"Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar..."

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Lembranças

Hoje estive pensando nas pessoas que conheci e que foram caindo pelo caminho durante estes últimos 50 anos.

No andamento da vida, na beleza e da tristeza que ela é, e por não estarmos preparados jamais para o seu fluxo natural e constante.

Para o seu fechamento inevitável, o the end... o final da história.

Minha cabeça se povoou de gente conhecida, gente com quem convivi, gente que sempre me vem à memória em algum momento.

Como hoje, quando acordei ouvindo a música Perfídia que, por algum motivo, mergulhou minha cabeça nas recordações.

Minha Avó Maria, Meu Avô Narciso, Tio João, Tio Zé, Tio João, Tio Luiz, Tia Dila, Tia Maria, Seu Procópio, Anésio, Seu Lúcio, Seu Pedro do Banco, Seu Juca, Dona Ana, Carlinhos Marangoni, Marinho Teixeira, Márcia, Bidoginho, Rogério, D. Jandira, Miltinho, Toninho Beija-Flor, Totonho, Berto Mazeti, Dito Bônis, Bola, Marquinho Rola, Sá Norica, Alcindo, Tião, Meu avô José Domingos, Tio Vlademir, Tia Amélia, Tia Ana, Besita, Meu Pai, Anibal, Fernandão, Dinei, Gatão, Didico, Zé de Alcântara, Glória, Valdir de Alcântara, Dedé, Sofia, Toninho Cândido, Dona Ana Paleta, Cris, Ezequiel, Laurinho, Adriano, Alexandre, Josenildo, Dr. Batalha, Seu Euzébio, Jorge, Valdioni, Lourenço, e muitos outros que eu esqueci.

Histórias e histórias esquecidas.

Um enorme conhecimento desaparecido.

Segredos que nunca serão revelados.

Olhos que nunca mais olharão.

Bocas que jamais falarão.

Ouvidos que jamais ouvirão.

Sonhos que jamais serão sonhados.

Gente que passou... que deixou alguma coisa invisível no ambiente em que viveu.

Que deixou alguma presença no rosto dos filhos, uma árvore plantada, um poema escrito... um momento fantástico... uma mágoa... uma saudade doída... ou não deixou nada.

Gente que se foi nos últimos 50 anos.

Hoje eu pensei neles.

E senti que a minha vida está impregnada de coisas deles... de coisas que aprendi com eles... de lembranças de coisas que vivenciei com eles.

Independente de terem sido parentes, amigos do peito ou pessoas com quem convivi circunstancialmente e que, às vezes, nem gostava muito.

É triste, as pessoas não gostam muito de lembrar nem falar destas coisas.

As pessoas querem esquecer os seus mortos... para deixar de sofrer.

Mas tive necessidade de falar... pra ficar em paz com as memórias dos meus últimos 50 anos.

E ver se conseguia conter o sentimento doído que tinha se apossado de mim.

Melhorou, mas não passou!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Dores de amor

É lei: macho lava a honra com sangue!

Miguelinho, desde criança, vivenciou isto, porque o pai, Miguelão - na sua frente - enfiou a faca na garganta da mãe, Cletilda, porque ela chamou-lhe frouxo.

Miguelinho cresceu assim: dividido entre a macheza do pai e a ausência da mãe que, pela voz do pai - em cana - sempre foi uma vaca, uma depravada, uma filha da puta, uma vadia mal-agradecida e desalmada.

Ouvia estas merdas e, ainda por cima, bebia umas cachaças... quase sempre o dia inteiro.

Desocupado, o maior trabalho era vigiar Vandilsa - prima - que ele, na escala dos relacionamentos humanos - de parentes - classificou como 'sua'.

Vandilsa não sabia, mas lhe pertencia.

Ele a vigiava de longe: sabia seus horários, seus hábitos, sabia a cor dos cabelos, do sapato, do lenço, do batom, do vestido e, às vezes, a cor da calcinha.

Sabia a que horas ela levantava, a cor da camisola, o que comia no café da manhã, o que comia no almoço, qual novela, qual música, qual livro, qual vestido, como passava o dia... quantas vezes respirava por minuto.

Se ocupava com isto se alimentado do salário mínino que a avó, Anilda, recebia do INSS.

Se entrincheirava na praça, de manhã, na frente da casa de Vandilsa e fazia, mentalmente, o relatório do dia.

06:45: escola, com a amiga Lísia.
09:30: recreio, uma coxinha no boteco do Zélio.
12:00: chegava em casa, jogava a bolsa no sofá.
12:30: almoço, sempre com suco de laranja.
14:00: saída, para estudar com Lísia.
16:00: retorno para casa, banho.
17:00: televisão, resto de sessão da tarde.
19:00: jantar, sempre com uma saladinha de alface.
20:00: Jornal Nacional.
21:00: novela, sempre na Globo.
22:30: cama, com a camisolinha branca.
05:30: fora da cama, banho.
06:00: café da manhã, sempre uma bolachinha de chocolate.
06:45: escola, com a amiga Lísia.

Aparência: cabelo liso - loiro; um brinco de pérola - pequeno; uma miniblusa verde - indecente; o umbiguinho de fora - lindo; uma sainha jeans - minúscula; uma calcinha vermelha - ínfima (às vezes se via); uma sandalhinha da Xuxa - azul... um jeitinho de sem-vergonha - piranha mesmo - estampado no rosto.

E descia a rua.

Miguelinho acompanhava de longe.

Isto já rolava há 07 anos, sigilo absoluto; nem o maior do maior do maior dos amigos sonhava tal obsessão.

Uma boca de noite, Miguelinho, desta vez sem estar de guarda, vinha descendo a rua e deu de cara com Vandilsa entrando num carro preto - Celta.

O cabelo liso - loiro; o brinco de pérola - pequeno; a miniblusa verde - indecente; o umbiguinho de fora - lindo; a sainha jeans - minúscula; a calcinha vermelha - ínfima; a sandalhinha da Xuxa - azul... uma jeitinho de sem-vergonha - piranha mesmo - estampado no rosto.

Bambeou as pernas, sentiu um troço na cabeça, e saiu correndo atrás do carro.

15 minutos depois, parou.

Vandilsa sumira no escuro da noite.

Tontura, arrepio, pernas moles, angústia, desespero, dor, agonia, infelicidade, tristeza, ansiedade, caralho, porra, filho da puta, cê me paga, cadela, vadia, corno, bandido, sem-vergonha, isto não fica assim, eu mato, arrebento, ninguém mexe com mulher minha, safada, vaca, ordinária, vagabunda... puta!

E não foi pra casa esta noite.

Fincou pé na praça, frente da casa de Vandilsa - a faca na cintura.

Não viu quando o carro preto - Celta - chegou, porque cochilava.

Nem quando ele partiu deixando Vandilsa depois de um longo e demorado amasso no banco de trás do carro.

Acordou, sem saber onde estava, com a janela do quarto de Vandilsa ainda iluminada.

Olhou o relógio: 04:23 da manhã.

Levantou-se - nada mais a fazer - caminhou pela rua e sentiu na pele o que é a dor do ciúme, a dor de corno, a dor de macho desprezado... a dor do amor.

A faca cutucava o estômago, o coração, o fígado, o pâncreas, o baço, os rins... a alma.

Pensou no pai que lavara a honra com muito sangue.

O estômago embrulhou.

Em casa, vomitou até as tripas - como se diz na gíria.

- Vandilsa flutuava dentro da sua cabeça com a agônica sainha jeans - meu Deus!, o angustiante umbiguinho lindo - meu Deus!, a sua cara de vaca, depravada, filha da puta, vadia mal-agradecida... e desalmada!

Sentiu-se frouxo, sem ninguém para chamá-lo disto.

E pela primeira vez ficou pensando se sua mãe não tinha razão em relação ao seu pai.

Deitou-se, enfiou o dedão na boca, colocou-se em posição fetal e choramingou baixinho a ausência da mãe.

E não dormiu!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Fatalismo

Gente com menos de 30 anos não vai entender o que vou dizer.

Os com mais de 30 não vão concordar.

Os comunistas vão odiar.

É o seguinte: eu acredito em fatalismo.

Não vou explicar o que é, procure no dicionário ou na internet.

Não tenho dúvidas que a vida de cada personagem já está escrita.

Tanto quanto o histórico político de um país/grupo/tribo.

Assim, simples!

Politicamente posso dizer o seguinte: se um grupo agisse assim, aconteceria isto; se agisse assado, aconteceria aquilo.

Então, a história se faz.

Não tem como mudar, as atitudes foram tomadas.

Era pra ser assim e pronto!

Pessoal: a mesma coisa.

Se eu tivesse ido ao médico na terça talvez não tivesse morrido na quarta.

Não tem como mudar o eu não ter ido ao médico.

Era o meu destino, sina.

Todos nós com mais de 30 um dia iremos ao médico - acontece com qualquer idade, só que em menor escala - e receberemos a notícia.

Você ó: top! top! top!

Não tem como evitar isso.

Indo ou não ao médico a maneira como você vai se foder já está agendada.

Porque, lá na frente, não tem como você dizer: ah, se eu estivesse cuidando da minha saúde!

Não era pra você cuidar e pronto!

Não há como controlar o destino.

Não há como mudar o jeito que você vai morrer.

As mudanças no destino dos povos eram pra ser da maneira que aconteceram.

Uma coisa leva a outra.

Uma ação gerar uma reação é tudo absolutamente normal.

A vida como ela é sempre vai ser assim.

Tá escrito e pronto!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Clarezas

Com quantos olhos eu nasci?

Enxergo tanto que a vida me assusta.

Enxergo de frente, por trás, de lado, pra cima, pra baixo.

Enxergo por dentro, por fora, raso, profundo.

Enxergo o claro, o escuro, a névoa, a penumbra.

Enxergo o silêncio, a mordaça, a omissão, a traição.

Enxergo a alegria, a tristeza, a dor, o prazer.

Enxergo as faltas, os excessos, o horror, o poder.

Enxergo a certeza, o impossível, a mentira, o não ser.

Enxergar dói!

É como abrir os olhos diante do sol.

É como queimar a retina.

E ficar cego de tanta claridade.

Enxergo pelas frestas do ardor da luz.

Enxergo mais do que devo.

Enxergo mais do que posso.

E não posso fazer nada.

Enxergo!

E como dói!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Poesia é vida!

Outro dia me disseram que sou louco por publicar poesias.

Que poesia tá fora de moda!

Retruco: poesia tá fora de moda, sim, mas fora de moda mesmo é a total ausência de sensibilidade das pessoas para as coisas saudáveis da alma.

O que é moda?

Vídeo da Madonna?

Do Michael Jackson?

Da Britney Spears?

Propaganda da Coca-Cola?

Putaria?

Acho que não!

Isto é simplesmente o domínio do dinheiro sobre o lirismo... a sensibilidade... a poesia.

Fazer o quê?

Criar vergonha na cara e deixar de consumir estas merdas enlatadas dos gringos?

Estou louco?

Não, louco é você que acha que o mundo é assim mesmo!

Que eu tenho que comer na mão dos idiotas e dos endinheirados!

Vá se fuder!

Assista a seu vídeo do U2!

Eu vou ler um poema do Drummond... na rede!

Tomar uma cachacinha!

Pinicar uma violinha

E vou ficar bem agarradinho à minha alma alada.

Se enxerga, ô cara!

O mundo não é só dos imbecilizados!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Tempos difíceis

Tô aqui às 21 horas, em minha casa, no bairro do Manaíra - Jampa - tomando a minha cervejinha e ouvindo tiros.

Pode-se dizer que o Manaíra é um bairro 'nobre' de Jampa.

Mas não tem jeito, o problema é nacional: educação, distribuição de renda, egoísmo, safadeza, corrupção, falta de vontade, descaso, etc, etc, etc...

A coisa anda feia.

As pessoa enfiam grades nas suas residências, constroem verdadeiras fortalezas, contratam guardas, se prendem em casa, enquanto lá fora - na cidade - os novos donos das ruas fazem a sua festa.

Pagamos de tudo para o governo e temos de volta um serviço de péssima qualidade.

O cidadão comum se retrai.

O espaço das cidades diminui.

Os horários de se estar na rua são cada vez mais restritos.

Já não podemos mais ir à padaria comprar pão.

Ir ao restaurante da esquina.

Ir ao cinema.

Podemos chegar em casa sem a carteira... ou a vida.

Todo mundo reclama... eu também!

Mas o que fazer?

Se também somos responsáveis por essa merda toda.

Nós permitimos que os governos sejam inoperantes em diversas questões, principalmente na distribuição da renda nacional.

E não tente tirar o seu da reta!

Você, como eu, tá atolado até o pescoço.

E cedo ou tarde, pela sua/minha omissão, eles acertam também o nosso.

E fique sabendo: dói pra caralho!

E não tem como desfazer!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Meu tempo é hoje

Há 3 dias fechei o ciclo da minha vida.

Aboli do meu dia a dia todos os verbos no futuro: irei, farei, viajarei, comerei, beberei, escreverei, cantarei, amarei, apaixonarei, cozinharei, encontrarei, viverei, morrerei, foderei, assistirei, darei, lerei, sonharei...

Abracei os do presente: vou, faço, viajo, como, bebo, escrevo, canto, amo, apaixono, cozinho, encontro, vivo, morro, fodo, assisto, dou, leio, sonho...

Apaguei os do passado: fui, fiz, viajei, comi, bebi, escrevi, cantei, amei, apaixonei, cozinhei, encontrei, vivi, morri, fodi, assisti, dei, li, sonhei...

O meu tempo é hoje!

Não tenho mais tempo para o futuro.

Passado, presente e futuro se misturam nas minhas noites insones.

Eu não posso deixar para sorrir amanhã.

Tem que ser hoje!

Aqui, agora!

Meus filhos não entendem a minha urgência.

Algumas pessoas, às vezes, entendem.

E até já tomaram algumas providências.

Mas uma coisa é certa.

Meu tempo é hoje!

Aqui, agora!

Com o humor à flor da pele!

A vida na rédea curta!

E com o cu na mão.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Brigas de amor

Hoje, Alennise Izaura, eu fiz aquela moquequinha de camarão que você tanto gosta!

Errei completamente no sal!

Deixei passar o ponto do camarão!

Enchi de azeite de dendê!

Ficou na mesa, esfriando!

Deixa de ser criança, mulher!

Faz uma semana que você tá fechada neste quarto com 03 pacotes de Club Social!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Dúvidas existenciais

Vou botar o meu na reta.

Mas discutir é sempre uma coisa boa.

Sou agnóstico, não nego!

E motivado por conversas que ouço aqui e ali, me julgo no direito de dar a minha opinião.

Opinião, aliás, 1/2 que proibida há muito tempo.

Você que professa qualquer religião ligada ao cristianismo, me perdoe.

Mas venhamos e convenhamos: acreditar que Jesus Cristo foi um ser superior, esplendoroso, milagroso é coisa de criança.

A dúvida sobre a existência de Jesus Cristo é eterna.

Um tribunal da Itália vai decidir se ele existiu.

Embasado em quê?

Em especulações?

Acredito que, se ele existiu, foi preso por questões políticas, foi julgado, condenado, crucificado, morto e enterrado.

Opositores de sistemas são assassinados até hoje.

Mas acreditar que ele ressuscitou no 3º dia é outra coisa.

Os que inventaram isso foram politicamente espertos.

Os que acreditaram nisso continuam eternamente idiotas.

Por que esse tipo de milagre nunca mais aconteceu?

Que época privilegiada aquela!

Nem a tecnologia consegue tal milagre!

O mundo cristão sustenta numa história que não pode provar.

Jesus Cristo é uma lenda.

E faz um estrago considerável no comportamento das pessoas envolvidas com o cristianismo.

Há séculos!

Me desculpe, é só um ponto de vista!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Iniciação sexual

Me perguntaram outro dia - sacanagem e curiosidade dos meus filhos - como foi a minha iniciação sexual, quer dizer, onde enfiei o Antônio Carlos pela 1ª vez.

Isto deixando de lado o troca-troca, que é só besteira, e vai normalmente dos 7 até os 10 anos.

Tá rindo do quê?

Eu, como todos os outros meninos de 12, 13, 14, 15 anos, era um verdadeiro maníaco sexual.

Melancias, mamões, abóboras, bananeiras, galinhas, éguas e todas as espécies de coisas onde dava para aconchegar a bilola.

Os estupros eram diários.

Mas sexo quente mesmo foi com Odete, o meu primeiro amor.

Odete, uma galinha bunduda que vivia flertando comigo.

Todas as vezes que eu jogava quirela de milho no galinheiro, ela era a mais atrevida.

Vinha sempre comer no meu pé.

Conversa vai, conversa vem: crau, me apaixonei!

Odete foi a minha 1ª paixão.

Com ela me tornei um homem, um orgulhoso macho contador de vantagens.

Foi com ela que perdi o cabaço.

Perder o cabaço, naquela época, era dar a 1ª trepada, não era dar a bunda.

Vivi feliz com a Odete por quase 6 meses.

Nosso amor terminou num domingo.

Estava jogando bola, cheguei em casa e a procurei.

Não achei, perguntei à minha mãe.

Ela apontou a panela.

Menino eu era, só fiquei chateado 1 minuto.

Pela janela da cozinha avistei Lilinha, a égua do vizinho.

Foi meu segundo amor.

E no almoço comi o sobrecu de Odete.

Até hoje é o pedaço que eu mais gosto da galinha.

E que me traz recordações muito excitantes.

E você, como foi após o período do troca-troca?

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O mansinho

Vivenciano saiu para trabalhar - fingiu - e ficou na moita.

Tinha sido avisado umas 500 vezes:

"Nolita tá de fuzuê com Nélcio."

Demorou a ter dúvidas.

Hoje teve!

Por isto foi pra moita.

E na moita lembrava Nolita: doido por ela, mãe dos três filhos, morena, fogosa, cheirosa, aquela bunda! aqueles peitos! aquela xoxotinha que mais parecia um vulcãozinho em erupção... o paraíso!

Ficou excitado... pensou em desistir, deixar pra lá... seguir a vida.

Mas e Amâncio?

"Vivenciano, fica esperto, a Nolita!..."

Fincou pé!

Pensou: hoje vou fazer merda!

Macho pra caralho, começou a pensar no que ia fazer.

1º pensamento: entro lá, mato o Nélcio e a Nolita e me mato.

2º pensamento: mato o Nélcio, perdoo a Nolita.

3º pensamento: mato a Nolita, perdoo o Nélcio.

4º pensamento: não mato ninguém e deixo como está.

5º pensamento: me mato.

6º pensamento: preciso pensar noutra coisa.

Pensou, revirou, repensou, fuçou, gemeu, engendrou, maquinou.

No que pensava, ele viu Nélcio dobrar a esquina.

Nélcio olhou pra cá, pra lá... o relógio.

Apertou a campainha.

Nolita abriu a porta pela metade, Nélcio entrou.

Ele viu pela brecha da porta o penhoarzinho vermelho, lindo, que ele dera de presente de aniversário para Nolita.

Olhou para a porta que se fechava e teve o 7º pensamento: sem titubear, saiu da moita, entrou no boteco do Arlindo e pediu uma 51.

Enfiou garganta abaixo e pensou no 4º pensamento.

Pediu mais 2 cachaças, sentou-se à mesa do fundo do bar e ficou quietinho.

Feito menino que acabara de receber um castigo da mãe.

Ali ficou...

Levantou os olhos e viu quando Amâncio entrou no bar.

Engoliu, a seco, a 3ª dose de cachaça.

E virou o rosto para não ser reconhecido.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Finiquito

Você já teve um finiquito, embora a palavra não exista no Aurélio?

Sabe o que é finiquito?

O nosso, o que anda na boca do povo?

Pois é!

A gente tem 'um finiquito' por muitas coisas: dívida, esporte, traição, sacanagem, atrasos, cansaço...

Eu estou com um finiquito existencial.

Tô quieto, pensando num texto, com uns 500 na cabeça.

Penso: caralho, não vai dar tempo!

Tipo: morro e não consigo deixar este monte de idéias brilhantes para a posteridade.

E dou aquela chacoalhada interna, um terremoto psicológico... um finiquito!

Melhor dizendo: é como ter um filho aos 90 anos sabendo que você não vai ter tempo de curtir.

É isto!

Ando tendo muitos finiquitos ultimamente.

Ou estou inventado histórias demais, ou estou preocupado com a idade.

É assim!

É como um orgasmo ao contrário.

Acabo de ter um!

E está tudo perfeito... eu não fumo!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Uma bela manhã

Hoje acordei em paz.

Pulei da cama... abri a janela.

Dei de cara com a cidade amanhecendo.

E a orquestra dos elementos em execução.

Os pássaros são um espetáculo à parte!

Não são como nós!

Sempre dão boas-vindas ao dia!

Um bom humor inquestionável!

Bem-te-vis, pardais, pintassilgos, caga-sebos, coleirinhas, canários, lavadeiras, sabiás, rolinhas, bigodinhos, sanhaços, cambaxirras...

E o sol!

Lerdo, morno... lindo!

Jogava sua luz imparcial sobre as criaturas e a superfície do mar.

E se expandia maravilhoso num feixe de luz.

Que ia da praia até a linha do horizonte longínquo.

Sou suscetível à beleza pura.

Ver o milagre da vida na sua forma mais simples me toca o fundo da alma.

É como uma magia... um toque especial de uma mão que sublima.

Fiquei olhando... sentindo.

Me arrepiei, olhei para a imensidão do mundo e percebi o quanto sou privilegiado.

O quanto sou recompensado.

Só por ter amanhecido com esta manhã já não sou o mesmo.

Só por tê-la visto se despindo para o deleite dos meus olhos já valeu a pena.

E por estar presente eu levanto as mãos.

E agradeço a quem de direito por fazer parte disto.

Por estar feliz!

E por estar vivo!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Congelando a cena

Existe um dia que você tem que parar.

Parar tudo!

Congelar a vida... como se faz no cinema.

E ficar fora da cena observando você congelado na cena.

E olhar a sua volta... na cena.

Pensar, reavaliar e como se fosse um jogo de xadrez começar a mexer com as peças da cena.

Este amigo vem pra cá.

Meu filho vai pra lá.

Minha mulher fica aqui.

Boto este emprego aqui.

Mando esse pra lá.

O cachorro ali.

A casa acolá.

Os meus conceitos aqui.

Não ficou satisfeito?

Mexa de novo!

Mude a sua família congelada de rua.

De cidade.

De país.

Bata na porta daquele outro emprego.

Troque de companheiro/companheira.

Deixe o cabelo crescer.

Aprenda a tocar violão.

Vá andar pelo mundo.

Vá organizando a cena da maneira que você achar melhor pra sua vida.

Ou não organize nada!

Vire tudo de cabeça pra baixo!

Bagunce tudo!

Embaralhe!

E comece de novo!

Quantas vezes forem necessárias.

Só assim você dará alguma chance real de um pouco de felicidade pra sua vida.

E dormirá melhor.

E se sairá melhor.

Eu tô tentando.

Todos os dias eu me congelo.

E tento.

E reavalio a cena.

E vou começar a mexer as peças.

A primeira coisa que eu vou fazer é rasgar este post besta.

Que é o que eu faço de melhor na minha vida besta.

De besta mesmo!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Uma coisa é certa: filosofar não envelhece

As pessoas não gostam de determinados assuntos.

Tentam esconder, a qualquer custo, o efeito do tempo em suas vidas, como se envelhecer fosse algo vergonhoso.

Cabelos brancos, calvície, queda dos dentes, a libido em baixa, rugas, barriga, seios e nádegas flácidas, pintas... um horror!

Querem ser eternamente jovens.

Cremes, tintas, remédios, academias, cirurgias plásticas, dietas, spas, massagens, etc, etc, etc...

A indústria do rejuvenescimento trabalha a mil para alimentar a voracidade de homens e mulheres que buscam, na tecnologia, a sua fonte da juventude.

E a indústria da 'beleza' espalha pelo mundo o seu glamour, alimentando o ego das pessoas vaidosas.

É necessário isto?

Não nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos?

A vaidade excessiva não é uma doença?

Não é mais barato tratar a vaidade do que alimentar a vaidade?

Tirar aquela ruga dos olhos melhora a ansiedade?

A euforia por aquela cirurgia nos seios dura um mês inteiro?

O implante de cabelos faz com que o sujeito durma mais tranqüilo?

O sorriso com os novos lábios da Angelina Jolie melhora o humor?

Uma pessoa deve mexer no seu corpo se não estiver doente?

Sei lá, eu sou 1/2 caipira e não gosto muito dessas coisas.

Acho que a vida é extremamente educada e cuidadosa com a gente.

Ela passa devagar... e vai nos transformando vagarosamente, imperceptivelmente... da maneira mais poética possível.

E os dias vão passando, e parece que junto com eles vamos amadurecendo a nossa capacidade natural de envelhecer sem traumas.

E também vamos enxergando menos, e vamos ficando menos exigentes, menos obcecados com a eternidade.

E, uníssonas, todas as nossas partes vão se transformando no mesmo ritmo... uma orquestra em execução no cair da tarde.

Com o maestro tempo movimentando a sua batuta invisível!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Ser poeta

Ser poeta não é navegar pela mente
à procura de ilhas e sereias,
não é sentir-se poderoso e grande
na ansiedade, no desespero
e na angústia que domina o coração.

Não é falar de amor
e se sentir amado,
não é contar belezas de um mundo novo,
não é chorar em forma de palavras,
tampouco é mostrar glórias,
tristezas, um doce cantar
ou viver do lirismo
de uma flor a desabrochar.

Ser poeta não é ouvir o mar
e dedicar-lhe versos,
não é observar crianças
e senti-las infinitas,
não é sentir no peito
a condição de sofredor,
não é sentir nos olhos
todas as formas de amor.

Não é se trancar no quarto
e fazer um verso à pessoa amada.
Não é viver da poesia
pela poesia
na nostalgia de uma saudade.
Não é observar o horizonte
e senti-lo nas mãos,
nem é passar pela vida
fabricando-lhe exaltações;
tampouco é sentir nos olhos
a grandeza do universo
e fazer com que ele caiba numa folha
ou no fundo de um verso.

Ser poeta é mais que tudo isto,
é trazer no peito a própria razão,
é o jeito de se sentir sozinho
com o próprio coração.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Uma pessoa compulsiva

Admiro a maioria das pessoas.

Vivem a vida pausadamente.

Um dia após o outro.

Sem pressa!

Embora desejem, queiram com uma velocidade espantosa.

Eu, particularmente, não quero nada... e pra isto sou lento.

E não consigo viver 'a vida um dia após o outro'.

É pouco tempo!

É preciso ser rápido!

Gostaria que o meu 1/2 século de vida estivesse no 1º dia... ao 1/2 dia.

A maioria das pessoas padece de compulsão por ter, possuir; eu padeço de compulsão por ser... existir.

Quero ser enfeitiçado pelo tempo.

Acordar todos os dias no mesmo dia.

Ser uma pessoa diferente a cada dia.

Aí, quem sabe, eu possa parar de correr atrás do tempo perdido.

E da varanda da minha casa enxergue uma esperança.

De que a eternidade não é para as pessoas comuns.

Só para os loucos!

Os amantes da vida!

E os tolos!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A respeito do sistema

Você tem mais de 40, 50 anos?

Pense!

No Brasil/América Latina - tipo década 60, 70 quando você raciocinava/pensava e berrava contra o governo: "abaixo a ditadura!", o que acontecia?

A polícia - no Brasil, antigo DOPS - te prendia, porrada pra caralho, com muita sorte só tortura e prisão.

E a gente se fodia sob o braço armado do estado.

E hoje?

Hoje - me responderão - ninguém grita mais "abaixo a ditadura!".

É algo fora de moda... e até cafona.

Mas digo: não há nada fora de moda ou cafona, o que acontece é que o sistema se modernizou e se traveste de algo tipo 'Democracia'.

O sistema nos dá a impressão de que somos conscientes, politicamente corretos e que tudo está de acordo com o manual de instrução dos cidadãos seguidores de leis e cumpridores de deveres.

As regras para controlar o rebanho são uníssonas, sejam os governos de esquerda ou de direita.

Pense comigo: nossa geração nunca esteve tanto nas mãos do sistema como hoje.

Pensamos que temos vida própria, mas não temos!

Vivemos no fio da navalha.

Se você vai brigar com os caras eles não precisam te prender!

É simples!

Te demitem do emprego, cortam a sua água/luz... e pronto!

Do nada, da noite pro dia você e sua família se tornam um zero à esquerda!

Somos pessoas suspensas no suspirar do sistema!

Todos os nossos gestos são permitidos ou não.

Vivemos e convivemos com a falsa sensação de que somos livres... fazemos o que queremos das nossas vidas.

George Orwell está cada vez mais presente no nosso dia-a-dia.

1984 já se foi!

Mas estamos em plena atividade no cerne da sua história e não percebemos.

E somos guardiões da sua moral e respeitamos e fazemos respeitar a única regra existente: não traia o sistema que o castigo é severo e você vai se arrepender.

E pode acreditar, o sistema é vingativo e ele não tem rosto, nem coração, nem piedade.

Nem remorso!

Comporte-se!

E como dizia Chico com a música "Apesar de Você", na década de 70:

"Apesar de você, amanhã há de ser outro dia..."

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Vivemos à mercê do acaso

Com 10 ou 60 anos a verdade é uma só.

Vivemos à mercê do acaso.

Não temos o menor controle sobre o nosso destino.

Num momento estamos com saúde, noutro estamos em dificuldades.

Noutro momento estamos no controle, logo em seguida estamos à deriva.

Alguns dirão que não, que temos condições de controlar nossas vidas.

Eu acho que é um falso controle.

Muita gente não gosta de determinismo.

Eu também não gosto, mas acho que estamos fadados à sua lógica.

Acho que nascemos com data e hora para morrer e não há nada que se possa fazer.

Uma ação nossa sempre desencadeia uma reação, um fato novo.

E de ação em ação vamos traçando a teia complexa do nosso passamento.

E por mais que queiramos ser racionais nosso dia-a-dia é sempre recoberto por uma aura de mistério... de espera.

Será hoje?

Será amanhã?

Depois de amanhã?

Não adianta!

Manda o pau e vá em frente!

Que o seu nome consta da agenda e não há nada que você possa fazer.

Um dia podemos discutir sobre isto nos Jardins do Éden.

No Caldeirão do Inferno.

Ou num lugar qualquer.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Você já pensou nisto?

Definitivamente, o tédio é eminente!

As vidas são as mesmas de antigamente.

Tudo no mundo gira em torno de emprego/dinheiro/bens - inclusive nas pseudoporções socialistas do mundo.

Terras, dotes, ovelhas, contas, sal, ouro, prata, moedas, cédulas, cartões de crédito, promessas... coisas pra se ter, pra se mesurar a presença social do indivíduo no meio.

Somos assim?

Ou assim nos fizeram?

A vida se resume nisto?

Nascemos, crescemos, morremos - muitas vezes de maneiras extremamente cruéis - por isto?

Um carro é mais importante que uma amizade?

Um apartamento em Copacabana vale 18, 20 horas de trabalho por dia?

Uma viagem pra Europa é mais importante que o cãozinho da família, que é jogado na rua?

A mensalidade do psicólogo pode ser mais alta que o salário pago à empregada doméstica?

Relacionar-se pelo MSN é mais gratificante do que se encontrar com o amigo/amiga no bar da esquina e trocar ideias madrugada afora?

Sexo virtual é mais gostoso que sexo real?

Ser manipulado o tempo inteiro com esta baboseira toda de tecnologia é qualidade de vida?

Onde estamos?

Aonde vamos?

O que somos?

Viver é isto?

Não está faltando alguma coisa na nossa relação com o mundo?

Você dorme bem?

O seu dia é ótimo?

Eu devo ser louco por pensar tanta besteira?

Tudo bem, mas eu pergunto:

Estamos todos bem?

Mas e esta parafernália toda de globalização, produtividade... estas coisas para super-homens.

Você já pensou nisto?

Você vai ser demitido quando desta empresa que você trabalha há 20 anos?

O seu enfarto está programado para quando?

O seu emprego é mais importante que a sua vida?

É besteira pensar nisto?

Concordo, mas pense comigo!

A vida é só isto?

Ah, esqueci que você acredita na vida eterna e vai ser recompensado pela sua presença abnegada e sofrida aqui na terra
.
Aí eu não posso falar mais nada.

O mundo está cheio de babaca e você é um deles... e eu também!

Me desculpe a franqueza!

Mas nós estamos fodidos e mal pagos!

Enquanto uma 1/2 dúzia estão fodendo e bem pagos... às nossas custas!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Só sonhar não basta!

Sonhar com um mundo melhor é o que as pessoas julgam ser seu pensamento mais humanitário, mais politizado, mais decente.

Mas será que é tão fácil sonhar por um mundo melhor de uma maneira viável, exequível... real?

Não ficamos apenas sonhando com o que achamos correto e, de uma maneira ingênua, falamos, e falamos, e falamos, mas não nos aprofundamos e procuramos entender o que realmente pode ser feito, o que realmente pode ser mudado?

A complexidade de tal sonho passa por milhares de abordagens, de teoremas, hipóteses, discussões, reações, suposições, mudanças estruturais, mudanças legais, conflitos, violência, etc.

Só sonhar não basta!

Só denunciar, criticar não basta!

Só tomar cerveja no boteco e soltar a verborragia dos bêbados não vale!

Só escrever um verso de efeito e se sentir o rei da carne-seca não serve!

Só se declarar esquerdista e achar que é o tal não cola!

Mudar o mundo passa primeiramente pelas mudanças internas de cada um de nós.

Ninguém faz o mundo ficar melhor se for um idiota, um egoísta, um fanático religioso, uma pessoa que espanca a família, um corrupto, um conservador ao extremo, um indivíduo pirado nas questões sexuais, o cidadão que gosta de levar vantagem em tudo, aquele que não traz o mínimo de compaixão em sua alma crua, o homem ou mulher preconceituoso, racista, os que amam a soberba, o luxo, o culto à própria imagem, os que exploram as pessoas, os que não têm piedade para com os animais, os que não respeitam a sua cultura, a sua memória, os que destroem para ganhar, os que ganham para destruir, os que se omitem, os que se excluem... os que se sentem superiores a todos em todas as questões existenciais... os filhos-da-puta!

Sem profundas mudanças pessoais não existe mudança de fato.

Armas não mudam o mundo para melhor.

O que muda o mundo são pessoas com ideias sadias, pessoas generosas, humanitárias, libertárias!

Revolucionários com cabeças de bagre não existem.

Com eles apenas vamos mudar de grupo, de um modo de pensar para outro, de um modo de reprimir para outro, embora repressão seja sempre igual em qualquer língua ou situação.

As nossas mazelas, estas merdas que a gente vê todos os dias vão continuar com maior ou menor intensidade.

E ainda conviveremos com outras que a gente não conhecia.

Nós não precisamos mudar o mundo, precisamos mudar é a nossa postura diante do mundo, o nosso modo de enxergar o mundo - esta porcariada toda com que encheram a nossa cabeça desde que nascemos.

Precisamos deixar de ser estas pessoinhas fúteis, medrosas, orgulhosas, vaidosas, rancorosas, infelizes, ciumentas, iradas, nervosas, carentes, rejeitadas, egoístas, fechadas, cruéis, dissimuladas, egocentristas, manipuladoras, gulosas, desejosas, covardes, previsíveis... subornáveis!

Precisamos deixar de lado esta simpatia velada que temos pelo nosso status quo - o deixa estar para ver como é que fica.

Aí, eu garanto, o mundo por si só toma seu rumo e todos os nossos sonhos de vê-lo melhor se realizarão.

Porque o que anda ruim não é o mundo, somos nós.

Isto desde que o mundo é mundo.

E pode ter certeza: vai piorar!

Porque fazer uma guerra e tomar de assalto um país é fácil.

O que é quase que humanamente impossível é mudar uma única cabeça.

Um modo de ser!

Um homem!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Um pequeno descanso

Me desculpem, mas hoje estou sem tempo!

Preciso ser curto e grosso.

Breve!

Tá um puta sol em Jampa e eu tenho um senhor compromisso com a vida.

O mar verde, a Brahma, o camarãozinho, o sol, a Barraca do Pé na Areia, as morenas, as loiras, as mulatas, as ruivas, as negras, as brancas, as amarelas, etc, etc, etc.

Deitar e rolar sábado abaixo sem saber aonde vai dar.

O que esperar!

Afinal, a vida não é só blog, trabalho... correria.

A vida, meus amigos, às vezes nos chama às falas.

E nos exige um pequeno momento de indolência.

Uma rede, uma água de coco, um soninho.

Um tempo!

Um dedinho de putaria.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Observações sobre um relacionamento

Ontem à tarde, cervejinha gelada, aquele marzão lindo diante dos olhos... eita felicidade!

Quando entra um casal.

Jovens, 20 e poucos anos, com uma garotinha de + ou - 06 meses.

Sentaram-se à minha frente.

Colocaram o bebê-conforto sobre a mesa, deitaram a garotinha.

Bué! Bué! Bué!

As chantagens, por afeto, do ser humano começam cedo.

A moça - mãe - pegou a criança no colo e começou a balançá-la.

O moço ficou sentado.

05 minutos depois, a garotinha na cama.

Bué! Bué! Bué!

A mãe pegou a criança de novo.

Chacoalhou, chacoalhou, chacoalhou.

O moço continuou sentado.

De novo na cama.

Bué! Bué! Bué!

A cena se repetiu durante 1/2 hora, depois a mocinha dormiu.

A moça sentou-se.

Continuei observando o comportamento do casal.

Um casal - jovem - em silêncio.

Sem sorrisos, sem nada.

15 minutos de silêncio.

A mocinha acordou de novo.

Replay! Replay! Replay!

Dormiu novamente.

A moça sentou-se.

Nenhum sorriso e, interessante, nenhum contato físico.

Fiquei pensativo.

Uma relação destas, por diversos motivos, pode durar anos.

E a cada dia os silêncios vão ficando maiores.

Os sorrisos desaparecerão de vez.

O contato físico...

Fiquei ali apenas observando.

E senti, no fundo da alma, que as relações da maneira que existem estão com os dias contados.

São grandes motivadoras das tristezas, das decepções e da castração do ser humano.

São egoístas e alguém acaba sempre sendo submisso para que a relação seja estável.

Eu pensava...

Nisso, a garotinha acordou!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sem palavras

Anteontem fui dormir sem palavras.

Sonhei sem palavras.

Acordei, ontem, sem palavras.

Fui ao banheiro sem palavras.

Escovei os dentes sem palavras.

Tomei banho sem palavras.

Vesti a roupa sem palavras.

Conversei com meu amor sem palavras.

Tomei café sem palavras.

Saí pra rua sem palavras.

Entrei no ônibus sem palavras.

Trabalhei sem palavras.

Almocei sem palavras.

Trabalhei de novo sem palavras.

Voltei pra casa sem palavras.

Tomei banho sem palavras.

Comi sem palavras.

Assisti à novela sem palavras.

Fui pra cama sem palavras.

Transei com meu amor sem palavras.

Dormi sem palavras.

Sonhei novamente sem palavras.

Acordei, hoje, sem palavras.

Escrevi este post sem dizer palavra.

E você, caro leitor, ficou sem palavras!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A demolição da Casa Mourisca

Anos atrás, no início da década de 80 - não sei precisar quando - escrevi o poema 'A Demolição da Casa Mourisca'.
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A casa, em questão, era um dos casarões da Avenida Paulista, em São Paulo, que estava na mira da Secretária da Cultura para ser tombada pelo patrimônio histórico e foi demolida pelos proprietários para evitar o tombamento.
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Pela sua beleza, seu valor arquitetônico e histórico criou-se uma resistência contra a sua demolição porque três outras casas já haviam sido demolidas pelo mesmo motivo.
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Briga pra cá, briga pra lá, uma madrugada, ao retornar de táxi pra casa, fui testemunha do início da demolição.
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Vi de perto o 'Senhor Capitalismo' trabalhando na calada da noite com todo o seu furor e ganância.
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Do táxi pude observar o interior do banheiro superior da casa, já que a parede estava no chão.
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Observei também uma das salas do térreo, sem parede.
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O jardim, antes lindo, cheio de entulhos.
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E eu comecei a pensar nas pessoas que nela viveram... independente de questões político-sociais.

O táxi seguiu, a casa morrendo... o poema nasceu.

Assim:

O que farão com o tempo que passa na Casa Mourisca?
Passarão uma borracha, jogarão borrão de tinta?

O que farão com as paredes que erguem a Casa Mourisca?
Erguerão um novo templo, contando histórias vividas?

O que farão com o telhado que cobre a casa Mourisca?
Construirão novos abrigos, por todos os seus sentidos?

E os fantasmas das avós que habitam a casa Mourisca?
Gostarão do espigão que ali será erguido?

E o choro da criança aflita que enche a casa Mourisca?
Chorará na eternidade entre o concreto e o vidro?

E o rangido das portas antigas que assustam na Casa Mourisca?
Habituarão com o óleo que virá nas dobradiças?

O que farão com os afetos que dormem na Casa Mourisca?
Acordarão com o barulho do martelo demolindo?

O que farão com os sonhos que vagam na Casa Mourisca?
Colocarão num caixote, jogarão numa piscina?

O que farão com os mortos que jazem na Casa Mourisca?
Desenterrarão os seus ossos, levarão para a polícia?

E os beijos apaixonados que estalam na Casa Mourisca?
Agüentarão os estalos da máquina de datilografia?

E os abraços fogosos que aquecem a Casa Mourisca?
Não ficarão resfriados com o frio do alumínio?

E os coitos angustiados que marcam a Casa Mourisca?
Não ficarão sem orgasmo no frio da secretaria?

O que farão com a vida que foi a Casa Mourisca?
Transformarão em poeira, queimarão os registros?

O que farão do orgulho do rosto da Casa Mourisca?
Baterão com o ferro, racharão sua superfície?

O que farão com os cantos que cantam na Casa Mourisca?
Levarão pra praça pública, condensarão em um disco?

E o chá das quatro horas que alegra a casa Mourisca?
Será transformado em café, comprado na padaria?

E os jantares de gala que cheiram na Casa Mourisca?
Sucumbirão perante o queijo, o presunto e a lingüiça?

E os talheres de prata que brilham na Casa Mourisca?
Perderão todo o seu brilho, será o mesmo que lixo?

O que será deste mundo de todas as casas Mourisca?
Também não será respeitado, também não terá justiça?

O que será desses homens que roubam a casa Mourisca?
Viverão impunemente seus dias de confraria?

O que será desses homens que matam a casa Mourisca?
Receberão no fim do mês seus salários de assassinos?

O que será de nós todos, amigos da Casa Mourisca?
Choraremos sua queda, pra esquecer em seguida?

Enfim, foi só uma casa... só um poema!

Mas às vezes a vida nos chama às falas!

E, de uma maneira ou outra, temos que conversar.

Foi o que fiz!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Minhas boemias

Sempre fui boêmio de carteirinha.

'Fui da noite' em muitas cidades do Brasil:

Florianópolis, Camboriú, Blumenau, Piçarras, Itajaí, Barra Velha.

Vila Velha, Ponta Grossa.
.
São Paulo, Itararé, Tietê, Sumaré, Americana, Campinas, Nova Veneza, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Franca, Bauru, Mococa, Casa Branca, Lins, Bauru, Tupi Paulista, Panorama, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Iguape, Ilha Comprida, Guarujá, Bertioga, Caraguatatuba, Ubatuba, São Sebastião.

Belo Horizonte, Guaranésia, Arceburgo, Guaxupé, São Sebastião do Paraíso, Passos, Cássia, Capetinga, Pratápolis, Itaú de Minas, Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, São Lourenço, Caxambu, Varginha, Cambuquira, Três Corações, São João Del Rei, Barbacena.

Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Parati, Mangaratiba, Ilha Grande, Niterói, São Pedro da Aldeia, Rio das Ostras, Macaé.

Vitória, Anchieta, Guarapari, Cachoeiro de Itapemirim, Marataízes, Itapemirim, Domingos Martins, Venda Nova dos Imigrantes, Jacaraípe, Guriri, Conceição da Barra, Itaúnas.

Salvador, Prado, Caraíva, Caravelas, Arraial d'Ajuda, Porto Seguro, Trancoso, Cabrália, Santo André, Belmonte, Eunápolis, Itamaraju, Teixeira de Freitas, Itabuna, Ilhéus, Itacaré, Canavieiras, Olivença, Camamu, Barra Grande, Valença, Guaibim, Itaparica, Nazaré, Lençóis, Mangue Seco.

Aracaju, São Cristóvão, Laranjeiras, Propriá.

Maceió, Maragogi, Porto de Ruas.

Recife, Olinda, Porto de Galinhas, Barra do Sirinhaém, São José da Coroa Grande, Gaibu, Maria Farinha, Igarassu, Itamaracá, Goiana, Ponta de Pedras, Paulista, Gravatá, Caruaru, Jaboatão, Carpina, Tracunhaém.

João Pessoa, Baía da Traição, Jacumã, Monteiro, Cabedelo.

Natal, São José do Mipibu, Praia de Pipa, Baía Formosa, Pirangi do Sul, Genipabu, Muriú, Maracajaú, Touros, São Miguel do Gostoso, Galinhos, Mossoró.

Fortaleza, Caponga, Canoa Quebrada, Aracati, Iguape, Jericoacoara.

Brasília.

Goiânia, Inhumas, São Luiz dos Montes Belos.

Entre outras dezenas de cidades onde exerci o meu dever cívico de boêmio.

Fora um incidente recente em João Pessoa, eu e meus amigos nunca fomos vitimados por qualquer ato de violência.

Mas conheço trocentas pessoas que foram assaltadas, na noite, nos últimos 5 a 10 anos.

Ser boêmio na época em que o Brasil 'era pobre' era bem mais seguro.

Agora que o Brasil 'parece estar ficando rico' não existe mais segurança pra se praticar a boemia.

Me responda algumas coisas:

Por que quando o Brasil, segundo diziam, 'era mais pobre' a violência era menor?

Por que quando o Brasil, segundo estão dizendo, 'ficou mais rico' a violência aumentou?

Não parece que o Brasil é o único país do mundo que corre na contramão da história?

Todos os países do mundo que aumentam a riqueza e distribuem melhor a renda não diminuem os índices de violência?

O que rola por aqui?

Manipulação de dados?

O Brasil 'está ficando mais rico', mas só os mais ricos?

Os pobres continuam olhando com os olhos e lambendo com a testa?

Me responda se você for capaz.

Que eu vou ao supermercado buscar uma loirinha pra tomar em casa, porque lá fora a coisa tá feia!

Com um 38 na mão!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Soluções&cervejas

Eu sempre desconfiei que criatividade é tudo!

Não existe um programa na tv que se chama "Pequenas Empresas, Grandes Negócios"?

Onde, quase sempre, a criatividade é a alma do negócio?

A solução às vezes está na cara e a gente não enxerga.
.
Mas não foi o que aconteceu com um homem da cidade de Fulda, na Alemanha.

O cara matou a cobra e mostrou o pau.

O sujeito de 39 anos, um verdadeiro amante da cerveja, solucionou com criatividade o alto custo do seu consumo diário da loirinha.

Passou a alugar a esposa de 32 anos, ao vizinho de 60, em troca de um engradado diário de garrafas de cerveja.
.
Não se sabe se a esposa gostava.

Mas a polícia, desmancha prazeres, não gostou.

E o beberrão e o vizinho comedor de vizinha foram em cana.

Eu também saquei um grande negócio.

Eu quero ser alugado para a minha vizinha.

Nem que for de graça!

Eu quero ser prisioneiro 'daquela coisa!

E não quero ser salvo de jeito nenhum!

Manda a polícia à merda!
.
Quero me tornar um homem-objeto!

Sem direito a final de semana!

Nem aposentadoria!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Cheguei na idade dos 'ites'

Alguns amigos meus andam preocupados comigo pelo fato de eu não gostar de fazer exames médicos.

Normal, porque amigos também servem pra essas coisas!

E, realmente, devo confessar!

Estou na idade dos 'ites'.

Começando de cima: sinusite, rinite, gengivite, amigdalite, faringite, laringite, labirintite, bronquite, bursite, tendinite, epicondilite, tenossinovite, artrite, estomatite, gastrite, dermatite, ite, ite, ite...

Não sei por onde começar!

Fisiatra, otorrinolaringologista, pneumologista, dentista, ortopedista, alergologista, gastroenterologista, dermatologista, ista, ista, ista...

Tá rindo do quê?

Eu, hoje, sou você amanhã!

Isto se você aguentar o meu rojão.

Que eu, apesar de toda a minha coleção de 'ites', sou ainda um gatinho dos mais enxutos.

E que com uns 10 ais pra lá, uns 32 ais pra cá ainda tomo uma cervejinha sacudida, dou 3 sem sair de cima, publico 4 blogs, agito no fogão, caminho 8 kms por dia, leio 3 jornais e ainda tenho tempo para também pensar em vocês, meus amigos.

A quem estou mandando notícias pra que vocês não fiquem preocupados.

Porque, apesar dos meus 'ites', sou um cara sarado, animado, agitado... desanuviado.

E entusiasmado pra caralho com a vida.

Que eu deixo me levar!

Para onde for!

Sempre!

Um abraço!

Doeu um pouco mexer com o braço, mas tudo bem!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Desabafando

Diante das atuais circunstâncias da minha vida só tenho 5 opções - as que eu tenho coragem: ou corto os pulsos, ou me enforco, ou como vidro moído, ou bebo até morrer, ou me afogo no vaso sanitário.

Drástico, não?

Pra você também seria se você estivesse devendo R 10.543,50 para o Visa, R$3.981,43 para o Mastercard, R$4.151,75 de aluguel, R$7.420,94 de cheque especial, R$2.739,80 de telefone, R$4.942,51 da faculdade dos filhos, R$875,00 para o vizinho, R$2.139,00 de cheques pré-datados para o PãodeAçúcar, R$2.387,97 da pensão dos filhos, R$983,40 na oficina mecânica, R$431,84 na padaria, R$2.451,80 de conta de luz, R$1.493,78 de conta de água, R$658,77 na farmácia, 15.000,00 para um monte de amigo, R$4.546,60 no boteco da esquina, etc, etc, etc.

Cê tá pior que eu?

Impossível!

Se estiver você precisa de alguém pra te ajudar.

Alguém pra passar super bonder no dedo, rolar no vidro moído e introduzi-lo no seu orifício anal pra ver se você cria um pouco de juízo.

Só assim ficaria pior!

Que aí, além de dever pra cacete, você estaria levando no furico.

E eu vou dizer, meu amigo: isto não é ficção!

Qualquer semelhança com a sua vida real não é mera coincidência, é intencional.

Dever, no Brasil, é um ato cívico.

Sem dividas, sem mordomias!

E todos os agiotas: particulares, bancos, administradoras de cartão de crédito e o governo agradecem.

Afinal, o governo não investe parte do dinheiro da sua agiotagem nas universidades?

O governo não é um grande formador de idiotas?

De consumistas compulsivos?

Pois é!

Bem-vindo ao clube!

E se quiser se matar entre na fila!

domingo, 14 de março de 2010

Meus estigmas

Às vezes passo alguns períodos 1/2 que abestalhado.

Fico pelos cantos e me fecho, sem nenhuma explicação, na concha da minha solidão.

É lamentável!

Mas ficar 1/2 que absolutamente sozinho alguns dias da vida é de vital importância.

É necessário para a autocrítica, as autobroncas, para discutir você com você mesmo, para você se reinventar, você pintar você com novas cores, novos brilhos e luzes.

E assim você continuar um pouquinho interessante para você e para as pessoas com quem vive, convive, pessoas com as quais você transa as suas químicas pessoais.

Só posso dizer:

Às pessoas que fazem parte do meu laboratório diário, minha companheira, meus filhos, amigos e cachorros só posso pedir um pouquinho de paciência e as minhas desculpas por, às vezes, ser tão distante, tão desconectado do mundo real.

Sou apenas um sujeito que tem um vulcão na cabeça.

Em constante erupção.

E não posso fazer nada para encerrar as minhas atividades pirotécnicas.

Nem evitar alguns danos que inevitavelmente o meu fogo causa a quem vive ao meu redor.

São os estigmas da criação que carrego desde criança.

Que me povoam a cabeça com suas inquietudes metafísicas.

E me lembram que sou apenas um ser humano.

Com as minhas belezas, feiúras, fraquezas...

E o meu livre-arbítrio!

sábado, 6 de março de 2010

E não somos todos uns babacas?

Confira:

Você já deu uns 'empurrões' na sua cara-metade?

Deu 15 sem sair de cima?

Admira os Estados Unidos?

Quanto mais bebe mais fodão fica?

Ganha menos de R$ 10.000,00 por mês?

Tá atolado no cartão de crédito?

Não gosta de sair de férias?

Não come picanha com 'aquela' gordurinha amarela por cima?

Adora trabalhar 12 horas por dia?

Não sai da igreja?

Assiste a todas as novelas da tv?

Não gosta de ler?

Adora médicos?

Nunca foi ao cinema?

Acredita na imprensa?

Acha que violência se combate com violência?

Não gosta de pobre?

Tá guardando muito dinheiro para a velhice?

Adora congestionamentos?

Ama o Papa?

Ainda acredita em político?

É assinante da Veja?

Acha que mulher é um 'bicho' burro?

Acha que todo homem é idiota?

Deixa de fazer alguma coisa que gosta para guardar dinheiro?

Pensa que quando morrer Deus vai te dar uma bonificação?

Adora dirigir a 180 km/hora?

Só vai se aposentar quando tiver 70 anos?

Deixa de caminhar na praia pra ser sócio de academia?

Não respeita farol vermelho?

É filiado a algum partido político?

Vota em algum partido político?

Dá dinheiro pra algum partido político?

Dá dinheiro pra alguma igreja?


Dá dinheiro pra qualquer tipo de associação, tipo: "Casa das Mães Solteiras"?

É vegetariano?

Acredita que o mundo vai acabar?

É fã do Lula, do FHC, do Serra ou do Maluf?

É puxa-saco de patrão?

Não gosta de final de semana?

Não torce pelo Palmeiras ou pelo Flamengo?

Guarda dinheiro na poupança?

Não come manga com leite?

Vive de suco de cenoura com torrada sem manteiga?

Só trepa por amor?

Não tem nenhum amigo?

Acha que é pecado bater punheta?

Acredita que o diabo atenta e a coisa entra?

Acha que o TõeRoberto é legal?

Acredita nos duendes da Xuxa?

Acredita na conversa do Dunga?

Lê o Falas da Boca todos os dias?

Contabilizou?

Parabéns ao mundo dos babacas, porque sei que a sua pontuação foi alta.

Não tão alta como a minha, mas a ponto de você começar a se preocupar.

Antes que você crie um blog e comece a encher o saco de todo mundo.

Se achando o tal!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Nada existe

Meus anseios são paralelos
à minha realidade.

Nada existe
preconcebido em meu ser
nem eu
nem você
nem esta rua nua
esta luz opaca
este desejo no rosto
este ventinho manso
esta noite preocupada
esta mulher tranquila
de bolsa na mão
cigarro na boca
esta dedicação pura
sensível
que vejo em olhos
em mãos
em bocas
esta coragem vadia
desta meta
deste rumo
destes passos firmes
decididos
em busca da honra do homem
da glória do homem
pendurada no mastro
que o povo ergueu.

Se eu me perguntasse agora:
alguma coisa existe?
Eu não responderia
não ousaria encarar face a face
a pergunta dura
desumana
de alguém que não existe
pois nada existe em meus olhos
nem perguntas
nem respostas
nem angústias
nem o desespero maduro
preciso
destes olhos ariscos
que nada veem
nada sentem
dentro do corpo preguiçoso
cansado desta noite
de estrelas no céu
Deus no céu.

Nada existe:
nem a dedicação espontânea
de uma mão na cabeça
de um sorriso largo
uma palavra de conforto
um caminho com Deus
um volte logo.

Nada existe
em meus olhos noturnos
nem rimas
nem poesias
nem poetas
(o poeta está prestes
a se atirar no rio)
nem morte
nem vida
nem meio termo
nem esta necessidade humana
impossível
de caminhar
chorarso
rrir
encarar a matéria cara a cara.

Nada existe
eu sei
porque se existisse
eu caminharia agora
alegre
tranquilo
para minha casa.

Não perguntaria o rumo
rumaria mecanicamente
não bateria
entraria
sentaria
tomaria um café fresco
fumaria um cigarro
jogaria as cinzas no chão
conversaria com minha mãe
meu pai
meu irmão
meu vizinho
que na certa
estariam sentados
na poltrona da sala
comendo televisão.

Entraria no quarto
tiraria esta gravata miserável
que me sufoca
e meu diz na cara:
você não é feliz!

Nada existe:
nem eu
nem você nem minha casa
nem minha mãe
nem meu pai
nem meu irmão
nem meu vizinho
nem a poltrona
nem a televisão
nem a gravata
nem o quarto
nem esta angústia.

Apenas conheço
este chão miserável onde piso
estas filas imensas
compridas
que esperam o amanhecer
de um novo dia.

Já não acredito em esperas
procuras
novos dias
deixo minha mente velha
intranquila
caminhar por sí só
rumo a qualquer lugar
procurando qualquer coisa
um parque de diversões
um circo
um cinema
um jardim
uma brincadeira de criança
mil coisas inocentes
e puras.

Nada existe:
nem eu nem ninguém
nem este quarto
aonde mecanicamente cheguei
me sentei
me vi como um miserável
à procura de abrigo
uma fatia de pão.

Tenho na pele
este medo miserável
deste tempo miserável
que se extingue miseravelmente
na abertura da janela.

Nada existe
eu sei
não me importo!

Quero neste instante
tirar esta roupa miserável
deitar nesta cama miserável
tentar na inexistência de argumentos
de justificativas
construir neste sono miserável
o sonho miserável
deste miserável ser
que apesar de sentir
que nada existe
ama com toda a fúria do adolescente
a vida
que jorra incessantemente
pela noite afora.

.
TõeRoberto-05:148-são paulo/sp-17junho1974

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ponto de vista

Me xinguem, me execrem, me fodam, me chamem de babaca!

Mas este negócio de multiplicar DNA é um saco.

Uma filha com a sua cara?

Legal!

Um filho com o seu gênio?

Deus nos acuda!

E o que é o DNA na prática?

Um moço, uma moça, bonitos, pintosos, fofos que, na prática, gostam de você?

Mais ou menos!

Na verdade eles são pessoas adultas que questionam o tempo todo o seu modo de educar... de conviver.

E você fica o tempo todo tentando convencê-los que a vida é foda!

Que se não correrem atrás do prejuízo a danada vai mastigá-los.

Vai degluti-los como um bombom macio e doce.

E daí?

É o que dizem!

Eu fico olhando e pensando.

A juventude, os filhos, pensa que a mordomia oferecida pelos pais é eterna.

Esquecem que morremos e que vão ficar no mundo com a sua rebeldia sem causa.

Com os seus 'gênios' difíceis sem ninguém para suportá-los.

Porque o mundo longe da barra da calça/saia do papai e da mamãe é de uma crueldade extrema.

E só vão entender isto daqui alguns anos.

Quando, talvez, seja tarde demais.

É uma pena!

Eles resistem à nossa tentativa de vê-los bem, tranquilos e felizes.

Vivendo num futuro próximo.

Educando seus filhos para a vida.

Com mais competência do que nós.

Que vivemos dando murro em ponta de faca.

E carregando água com a peneira.

E com o coração na mão!

.
TõeRoberto-10:288

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ordália Letícia

Ah, Ordália Letícia, deixa de ficar falando cobras e lagartos de mim!

Eu não mereço tanta desconsideração!

Afinal, fui o amor da sua vida por 20 anos!

Isto tudo só porque você tem 50 e Alínea Marina 25?

.
TõeRoberto-05

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Fotografia

Tua fotografia, amor
repousa tranquila
em cima da escrivaninha.

Sobre ela passeiam
numa corrosão lenta
moscas pretas
azuis
amarelas.

Há quanto tempo, amor
eu não te vejo face a face
eu não te beijo boca a boca?

Pelo quarto espalham-se
amores de longos anos:
Amado
Neruda
Drummond
Gabriel
Playboy
Minister
Álcool
Walt Disney já morto.

É preciso mais que tempo
para organizar meu submundo
é preciso tua presença
ou de uma outra qualquer
para pôr fim ao meu tormento.

Mas não te aborreças, amor
o demônio é meu amigo
ele traça num sorriso
a distância que existe
entre a espera e a dor.

Teu rosto preenche a noite
num sorriso forasteiro
e o relógio da parede indica
num tic
o tempo que preciso
pra que aconteça o estampido.

.
TõeRoberto-03?118-são paulo-sp-06maio1974

domingo, 14 de fevereiro de 2010

E por falar em drogas! - Parte final

Hoje estou encerrando o meu longo, mas breve assunto sobre as drogas.

O tema é vasto, complexo e demanda alterações na legislação, no ponto de vista médico, na educação, na informação e nos relacionamentos entre escolas&alunos e pais&filhos.

As situações são as mais diversas.

Há casos e casos!

Pessoas que usam, mas conseguem se manter estáveis.

Pessoas que têm crises periódicas.

Pessoas com crises permanentes.

Pessoas que são constantemente internadas.

Pessoas que ficam inválidas.

Pessoas que são presas.

Pessoas que são assassinadas.

Pessoas que morrem.

Ao ler diversos textos sobre o assunto percebi uma coisa: a maioria das drogas é sempre aliada ao consumo de álcool.

E a maconha, quase sempre, é uma delas!

E como disse antes, quero falar um pouco mais sobre a maconha.

Quero falar sobre a maconha e o seu usuário, incluindo o crônico; aquele que não consegue mais ficar sem fumar.

Como o assunto é de extrema complexidade, vou apenas listar linhas de comportamentos adotadas pelo usuário que aos poucos vai se tornando crônico.

A) - Primeiro, o viciado em maconha acha que não é viciado e pode parar quando quiser.

B) - Ele para, mas basta um 'tapinha' numa roda de amigos para o vício voltar.

C) - O viciado abandona a droga, mas não abandona o vício.

D) - A distorção da personalidade torna-se marcante: mentiras, omissões, truques, esquemas para arrumar dinheiro.

E) - A ética vai embora.

F) - O aproveitamento escolar e o senso de responsabilidade diminuem.

G) - Quanto maior for a 'fissura' maior é a perda da moral e da ética.

I) - O usuário fica sem vida, sem ambição.

J) - Ele fica agressivo quando é contrariado.

K) - Ele padece de ansiedade, depressão e pânico.

L) - A disciplina desaparece.

M) - O sentimento de gratidão - comum na relação dos filhos com os pais - se esvai.

N) - Desaparece o sentido de cidadania.

O) - O viciado diminui a sua capacidade de enfrentar frustrações; chega a não atuar, participar de nada, com medo de não dar certo, não conseguir o seu objetivo.

O viciado acha que não faz mal a ninguém, mas e o martírio dos pais, principalmente o da mãe?

Ele não entende que pessoas com ética não sacaneiam pessoas próximas, que os amam.

O tratamento é complexo, pois o usuário de maconha não acha que faz nada errado, acha que ela é benéfica e defende, inclusive, a sua legalização.

Não entende que há uma diferença crucial entre dar um 'tapinha' de vez em quando - que por sinal também é ilegal - e fumar o dia inteiro, o tempo inteiro.

Com a quebra da ética, a mentira é um dos maiores prejuízos de relacionamentos causados pelo consumo da maconha.

Para mim ficou bem claro que as relações interpessoais do viciado tornam-se bastante conflitantes, principalmente com as pessoas com quem convive - pais e irmãos, na maioria das vezes.

E por aí vai!

Eu acho que o prejuízo pessoal do viciado em drogas e dos que o cercam não tem tamanho.

Nem limites.

Nem hora pra começar nem terminar.

(...)

Espero que tenha contribuído um pouquinho para o entendimento dos leitores do FALAS DA BOCA.

Para mim, escrever essas matérias, foi bastante gratificante e interessante.

E agora vou dar um 'tapinha' na minha cervejinha, porque um 'tapinha' numa cervejinha é algo que não faz mal a ninguém.

Faz até bem!

.
TõeRoberto-10:238
Bibliografia:Artigos da Internet/Jornais/Revistas/Juventude&Drogas:Anjos Caídos-Içamitiba

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Desdesete Auxiliadora

Eu, Desdesete Auxiliadora, depois de 12 amasiamentos, 06 casamentos e 03 não sei-lá-o-quê, cheguei a uma sábia conclusão!

Em briga de marido e mulher nem o marido entra!

Ah, Desdesete, cuspa as palavras amargas e me dá um beijo doce!

.
TõeRoberto-05:138

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Não vá!

Quando a noite chega, ela diz:
fique!, não vá!
Não deixemos o amor
pra depois de amanhã,
que o amor não pode esperar.

Indiferente a todos
os pretextos do mundo
eu me levanto
e caminho para a porta.

Levo a mão na maçaneta,
depois paro -
de costas para o quarto -
como a medir subitamente
a distância entre mim e a vida.

Não vá!, sussurra ela,
inventemos a eternidade
deixe a noite para os mortais.

O eterno apresenta-se
aos meus olhos
em perspectivas sensuais.

Viro-me,
gesto mecânico de milhões de anos
descoberto por amantes noturnos
e caminho humildemente triste
para a cama.

Ela sorri.
Fique!, o amor não pode esperar.
Seus braços me aprisionam
num aperto de reprovação.

Enquanto lá fora
chove uma angustiante chuva
de abandono,
à parte de todos os
"não vá!" da vida!

.
TõeRoberto-03:078-são paulo/sp-23abril1974

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

E por falar em drogas! - Parte 7

E continuando a listar os diversos tipos de drogas, temos:

ESTERÓIDES ANABOLIZANTES:

O culto à forma física corporal a partir da década de 80, quando surgiram as primeiras academias de ginásticas, levou jovens e adultos a fazerem uso inadequado dos esteróides anabolizantes.

Eles são sintetizados a partir da testosterona, o hormônio sexual masculino.

Seu comércio é ilegal e são vendidos como comprimidos ou injeções intramusculares em farmácias, com prescrição médica.

Podem ser tomados em casa ou na própria academia e as injeções são aplicadas normalmente pelo próprio usuário.

Aumenta o peso corporal, a pressão arterial, causa insônia e acne, aumenta os pelos, faz perder os cabelos, engrossa a voz, diminui o tamanho e o funcionamento dos testículos.

Nas mulheres altera o ciclo menstrual, começam a surgir sinais de masculinização como crescimento dos pelos no rosto, engrossamento da voz e o crescimento do clitóris.

Provoca irritabilidade e agressividade, infarto, impotência sexual, câncer no fígado e problemas urinários.

Como medicações existem: DURATESTON, ANDROXON, DECA-DURABOLIN, etc.

INDUTORES DO SONO OU SEDATIVOS OU BARBITÚRICOS:

São medicamentos para combater a insônia, mas há pessoas que em vez de dormir perdem a coordenação motora, a noção de equilíbrio, têm sensação de moleza corporal, ficam como embriagadas, com a fala pastosa e chegam a babar como se estivessem chapadas.

São medicamentos prescritos por médicos, mas também usados como drogas.

Os mais usados são: FLUNITRAZEPAN: rohypnol - MIDAZOLAM : dormonid - FLURAZEPAN: dalmadorm - e outros.

Antes desses indutores, usavam o barbitúrico que é muito arriscado, pois atinge rapidamente níveis muito perigosos e facilmente potencializáveis pelo álcool.

Foi esta combinação fatal que matou Jimi Hendrix, Marilyn Monroe, Janis Joplin, entre outros.
Reduz a pressão arterial, leva ao sono muito pesado, diminui o batimento cardíaco, atinge a consciência e pode resultar em coma e morte por parada respiratória.

OPIÁCEOS: HEROÍNA E MORFINA:

Da papoula é extraído o ópio, que vai dar na morfina, base original da qual foi sintetizada a heroína.

A heroína vinda do Triângulo Dourado - Sudeste da Ásia - tem até 90% de pureza.

A vinda do Crescente Dourado - Irã, Afeganistão e Paquistão - vem adulterada.

Seu uso começa geralmente na adolescência e a recuperação é muito difícil.

A maioria dos seus usuários são politoxicômanos e têm como bases a maconha e o álcool.

É extremamente viciante e é ilegal.

No Brasil a oferta é baixa, e existem poucos usuários, já que não contam com quantidades suficientes para se tornarem dependentes.

Ela é usada fumada, injetada ou cheirada em lugares onde o usuário não pode ser visto.

Gera euforia intensa, sensação de ausência de problemas, diminui a ansiedade, a atenção, a pressão arterial e com grande frequência causa náuseas e vômitos.

Com o tempo a heroína passa a ser a única fonte de prazer, e precisa ser consumida em doses cada vez maiores.

É dez vezes mais viciante que a morfina.

Ela favorece comportamentos antissociais, agressividade, delinquência, transgressões.

É mais usada no mundo pelas populações de baixa renda.

Seus usuários correm grande risco de contaminação ao compartilhar seringas.

O uso compartilhado provoca infecções no local das picadas, abscessos cerebrais, AIDS e hepatite C.

Os opiáceos de uso médico, que também são usados como abusos químicos, são componentes de medicações analgésicas e antitussígenas, como a CODEÍNA: Codeína, Codex, Gotas Binelli, Pambenyl, Setux, Belacodid, etc.

Continua...

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TõeRoberto
Bibliografia:Artigos da Internet/Jornais/Revistas/Juventude&Drogas:Anjos Caídos-Içamitiba