domingo, 30 de setembro de 2007

A 1ª CONSPIRAÇÃO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Juro contar-te um segredo
que aprendi com a longa noite
da cidade sem vida.

Juro contar-te um canto
que faz todos os homens livres
todos os homens livres!

Juro contar-te o suficiente
para que nos tornemos
bons e inseparáveis amigos.

Juro contar-te o meu sonho
mais íntimo
mais tímido
para dele fazermos um segredo
de dois homens livres
que um dia tornarão a defrontar-se
com o sol da vida.

Com o sol da vida!


(Fonte: Poesia - Autoria de TõeRoberto)
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sábado, 29 de setembro de 2007

ECOLOGIA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Vou avisando: não vou me aprofundar, só vou usar o meu direito de indignar-me!

- Sem tecnicismo!

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- O assunto da hora é o Aquecimento Global. A Camada de Ozônio, hoje, é a atriz maior do meio ambiente, séria candidata ao Oscar da Ecologia.

- "A Groelândia vai derreter! O Pólo Norte já era! A Cordilheira XY, coitada!... O Não Sei O Quê sumiu! A temperatura subiu 3!... O mar invadiu acidade de!... Não chove na Amazônia há!... O Rio Nilo!... As enchentes mataram 300 na!..."

- Enfim, estamos "fu...", melhor - fritos e assados, na acepção da palavra!

- Acabaram de descobrir a América! São uns gênios!

- Até meu cachorro sabe disso!

- A hipocrisia é generalizada: Conheço "ecologistas"que vivem "preservando" a Ecologia, porque ganham dinheiro com ela. Se o negócio desanda eles "pregam"o machado na Ecologia, sem dó!

- Ser Ecologista, que seja de botequim, dá status. É chique! Dá prestígio!

- Miséria e preservação ambiental não combinam: imagine um sujeito, no meio do mato, o filhinho chorando de fome e a última palmeira do espécime "disponibili suculentus" dando sopa no quintal.

- Já era!

- Dinheiro e preservação ambiental também não combinam: "Soja dá dinheiro? Dá!, então pau no cerrado!" Cortar árvore na Amazônia dá dinheiro? Dá!, então pau na Amazônia!

- Estou falando só dos probleminhas caseiros; o Brasil desmata muito, mas polui pouco perto dos países desenvolvidos.

- Não estou falando dos grandes conglomerados de multinacionais que envenenam o planeta de maneira rotineira, competente e profissional.

- Você acha que multinacionais, com honrosas exceções, estão preocupadas com o meio ambiente no terceiro mundo?

- Tó!...

- Não vou entrar em detalhes, mas pesquise a posição do governo Bush sobre o Protocolo de Kyoto.

- Capitalismo, crescimento econômico, miséria e preservação ambiental são assuntos antagônicos: a onça tem que matar a fome sem devorar a ovelha. E você tem que ficar bêbado sem beber a garrafa de cachaça.

- E como disse o meu velho, predileto e sábio aluno do ENEM: "Precisamos deixar de nos preocuparmos só com o meio ambiente, precisamos nos preocuparmos com o ambiente inteiro!"

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- Tá quente!...

(Fonte:Texto - Autoria de TõeRoberto)
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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A PERGUNTA

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

O que fazer quando o poeta dorme?

Quando o poeta sonha
que o poeta acorda
e está sozinho no meio da praça
com o corpo nu
a vida gasta
com o frágil verso
afogado em mágoas.

Prender o poeta por imoralidade
emprestar-lhe vida, nova carcaça
escorar-lhe os versos
com concreto e aço
ou fuzilar o poeta no meio da praça?


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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quinta-feira, 27 de setembro de 2007

OS GRÁVIDOS

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Meu filho adolescente amanheceu grávido!

- Com exame e tudo!: "o saco gestacional mede..."

- Puta merda!, pensei.

- Foi um impacto profundo: "o asteróide Y se chocará com a terra em..."

- Falatório coletivo: Bla! Bla! Bla! Bla! Bla!

- Sermões apocalípticos: "Cê tá fodido!" "Cê se ferrou!" "Se lascou!" "Arrumou sarna pra se coçar!" "Adeus mocidade!" "Adeus viagens à Bahia!" "Adeus Universo Paralelo!" "Adeus Liberdade!" "Quem nunca comeu melado quando come se lambuza!"

- Admonições: "O mundo tá difícil!" "Mais um ser humano pra sofrer!" "Emprego, médico, aluguel: tudo pela hora da morte!" "E o preço do leite, meu Deus?"

- A irmã, eufórica!

- A mãe, com os olhos cheios d'água!

- Os grávidos, com as carinhas assustadas: parecia que tinham chutado o pau que escora o mundo.

- Eu, o coração palpitando, nó na garganta!

- Mas, o dia passou, o mundo não acabou e nós e os grávidos, às gargalhadas, sobrevivemos.

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- Achamos que existe uma idade correta pra se ter filhos. Na verdade, nunca estamos totalmente preparados para eles.

- São sempre uma surpresa! São sempre ousados, não marcam hora! Quando vêm, vêm mesmo! E exigem!

- À noite, olhei para o meu filho, grávido, com mais atenção: percebi um rosto bonito, sereno e umas penuginhas douradas no rosto e no bigode. Pensei comigo mesmo: o bichinho já virou homem! O danadinho já é um homem!

- Não há mais nada que eu possa fazer!

- É inevitável: ele vai ser pai e eu, avô mais uma vez!

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- A promessa de vida deve ser sempre comemorada com paz, alegria e otimismo. Ergamos um brinde à vida e ao ser que vai nascer. O mundo não é tão ruim quanto dizem.

- Seja bem-vindo, Cauê, Nayanna ou Jaya, não importa a cor, a religião ou o sexo!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O PEDIDO I

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Para TõeRoberto, o homem.

De mim não esperem nada
sou volúvel, poeta
efêmero como a rosa...
suas pétalas
obscuro como o discurso do profeta
ousado como kamikase
na guerra.

Não tenho pátrias
nem quimeras
não sou desse presente
nem da terra
sou brilho
ponto
sujeira
num quarto de hotel
da Riviera.

Não pensem em mim
não me esperem
não passo de um acordo
não cumprido
com aqueles a quem mais amo
e considero.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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terça-feira, 25 de setembro de 2007

A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER - PARTE IV

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- E não pára por aí!

- Existem muitas outros formas de violência contra as mulheres. A criatividade dos homens não tem fim.

- Li um artigo outro dia e fiquei impressionado: a violência doméstica atinge também os animais.

- Os homens, para atingir suas companheiras, atacam os seus animais de estimação, levando-os, muitas vezes, à morte.

- As crianças também entram de maneira extremamente expressiva nas estatísticas da violência: eles apanham e morrem, porque agredir os filhos é a maneira mais eficaz de se atingir as mulheres no ponto em que elas são mais vulneráveis.

- As leis existem, mas não são suficientes para proteger as mulheres da agressividade dos homens.

- Denunciar marido não é coisa fácil, porque a maioria delas não têm para onde ir após a denúncia.

- Logo, os maridos estão novamente em casa e, muitas vezes, as "conversas" a respeito da denúncia são bastante convincentes.

- O assunto é vasto!

- No mundo inteiro são criados, diariamente, mecanismos para proteger as mulheres contra o ataque e a violência dos homens e das leis.

- Não tenho a estatística mundial da violência contra elas, mas não deve ser coisa agradável de se ver.

- O que dizer para um homem, muitas vezes nosso amigo, colega de trabalho, que proíbe, humilha, tortura, espanca e assassina a sua mulher, a sua companheira, a mãe dos seus filhos?

- Não sei! Acho que nem todos os adjetivos do mundo seriam suficientes para exprimir o nosso espanto, o nosso horror e a nossa indignação!

- Só sei de uma coisa: MULHERES DE TODO O MUNDO: UNI-VOS!

- Abaixo O MACHISMO!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O ACONTECIMENTO XVII

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Aos poucos nossos olhos fecharam:

relutantes pálpebras, pesados cílios
mesclado escuro de famintas luzes.

E cegos, terrivelmente cegos
vislumbrávamos, claros
na escuridão da alma
o vivo movimento de milhões de olhos
de milhões de olhos multicoloridos
supostamente as chamas semi-sufocadas
do nosso amor reconstruindo o grito.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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domingo, 23 de setembro de 2007

A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER - PARTE III

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- A violência contra a mulher tem muitas faces.

- São três as principais formas de violências contra a mulher: Física, Psicológica e Abuso Sexual; mais a Institucional que também é uma forma de violência.

- Agressões, espancamentos, assassinatos (a maioria por arma de fogo), estupros, torturas, abortos forçados, favores sexuais e cárcere privado são as mais violentas.

- Um número significativo de mulheres que tentam se separar ou que depois de separadas arrumam outros companheiros, têm uma grande possibilidade de serem assassinadas. O ciúme do homem que se julga traído é uma arma mortal!

- Apanham também por não terem feito o jantar, não terem limpado a casa, por terem conversado com a vizinha ou por não terem passado uma camisa.

- As ofensas morais: burra, feia, vagabunda, puta, cadela, vaca, gorda, suja, quenga, peniqueira e outras são palavras usadas para quebrar a sua resistência psicológica.

- Isso são ofensas que listei porque eu já presenciei o fato mais de uma vez, de norte a sul.

- As humilhações: dormir com você?: olha as tuas pelancas, a tua boca, a tua barriga! Olha esses peitos murchos e caídos! Que horror! Eu tenho nojo de você! Prefiro trepar com a puta mais suja da zona!

- O abandono material é muito usado: homens que abandonam suas mulheres com seus filhos, não reconhecendo a paternidade, obrigando, na maioria das vezes, exames de DNA para serem responsabilizados pela paternidade.

- Serviços públicos prestados em condições inadequadas, por exemplo: intimidação, ameaças, maltrato verbal, falta de medicamentos e longas esperas para receber tratamentos.

- A jornada dupla de trabalho.

- A proibição do uso de roupas, de adornos, pinturas, de cortes de cabelo, meias, sapatos são atitudes muito comuns.

- Proibir a mulher de trabalhar, estudar, de ter amigos, de assistir novelas e filmes na tv é mais comum do que se pensa.

- Ler!, você não acredita, mas muitos homens proíbem suas mulheres de ler.

- Muitos homens ainda vivem na idade da pedra!

CONTINUA...

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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sábado, 22 de setembro de 2007

O 13º CANTO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Qualquer dia descerei a tua profundidade

e procurarei no teu poço de ilusões
as armas para a nossa reviravolta.
Serei dentro do teu labirinto de escuridão
a lanterna mágica que iluminará teu caminho vazio
o guia universal da tua cegueira antiga
o teu ideal.

Caminharei devagar
e quando pela tua noite adentro pressentir
que te acomodaste na primeira bonita e inútil fonte interna
para descansares tua vontade de reação
eu te alertarei
e com meu punhal de perseverança furarei de leve
tuas paredes sensitivas
e gritarei tua noite adentro
com a plena força dos pulmões
que existe um erro.

Serei para sempre até o dia da tua
crônica decisão
a luz e o espinho do teu infinito interior
e só te deixarei em paz
quando tua íntima usina produzir
suficiente energia
e a claridade da tua plenitude de tomar
como toma o sol o dia
e quando através da tua própria vontade
gritares infinitamente
pelo interior redescoberto
a palavra mais amiga
mais bonita
mais iluminada
que tu um dia engoliste.

Só então subirei pelas rampas da tua
consciência adquirida
e virei à tona, para juntos
num espetáculo inesquecível
brilharmos a longa noite dos tempos
com milhões de fogos de artifício.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER - PARTE II

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- A violência contra a mulher é endêmica.

- Elas não são vítimas só da violência doméstica: são abordadas nas ruas, nos transportes urbanos, elevadores; sofrem assédio sexual no emprego; pagam pelos erros dos seus maridos, são mal-atendidas nos hospitais; recebem salários menores que os dos homens e são taxadas de incompetentes, por exemplo, quando estão dirigindo.

- Ao contrário do que se pensa, a violência contra as mulheres não é um privilégio dos pobres.

- Ela está enraizada em todos os níveis da sociedade, não importando a raça, a religião, a escolaridade e a posição social.

- A violência contra as mulheres da Classe A parece ser bem menor que as das Classes B e C, o que não é verdade.

- As estatísticas da violência entre as mulheres da Classe A talvez sejam menores porque, por motivo de dependência e estabilidade financeira, por medo, por vergonha ou para proteger o nome da família, elas não denunciam os seus companheiros às autoridades.

- Muitas vezes "as autoridades" são os seus maridos, os seus companheiros.

- A violência absoluta contra as mulheres tem um só motivo: o machismo.

- Para o promotor Westei Conde, coordenador do Centro de Apoio Às Promotorias de Defesa da Cidadania de Pernambuco, só mudanças culturais irão modificar o tratamento dado à mulher. "A violência é um aprendizado, os homens são socializados para ter a violência como uma forma de resolução de conflitos."

- O machismo é uma doença na sociedade brasileira, com um agravante: as próprias mulheres mantêm posições machistas contra elas mesmas. Por exemplo: é muito comum a gente ouvir da boca de uma mulher que a mulher de fulano mereceu levar umas "porradas" porque é muito "folgada!", muito "espaçosa!", "fala demais!"

- Homens que, no início de relacionamentos, são educados, divertidos, responsáveis, compreensivos, podem, após o casamento ou o morar juntos, se tornar pessoas extremamente violentas e possessivas.

- É um comportamento que não tem volta!

CONTINUA...

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O TEMPO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Para Eunete T.Nobre, companheira

Chegará um tempo, meu Deus!
que ao coração faltará
o sonho, a graça, o encanto
e tudo se acabará.

Será, então, esse o tempo
das nossas mãos sem afagos
dos nossos lábios sem beijos
do nosso corpo gelado.

Será o tempo dos lírios
nos nossos olhos plantados
perderem folha por folha
sem o úmido de uma lágrima
será o tempo dos sonhos
dos portões semicerrados
das bocas semi-abertas
das visões encarceradas.

Será o tempo das lutas
das nossas duras derrotas
serão os pés sem sapatos
os sentidos sem desejos
a garganta sem um grito
nossa alma sem lampejos.

Virão as línguas amargas
as memórias sem um selo
seremos todos silêncio
todos hirtos, de joelhos
seremos pó de carícias
violências, desesperos
um canto calado, amorfo
passeando, zombeteiro
por sobre as peles rasgadas
pela farpa dos anseios.

Seremos todos julgados
apontados, prisioneiros
das poucas, vagas lembranças
de um tempo que não veio
de um tempo bom, sonhado
que ficou no pesadelo.

Seremos todos frutos
do reflexo desse espelho
puras imagens sem vida
debatendo-se, alheios
a todo forma de sonho
esquecida por inteiro
no silêncio das esquinas
no escuro das cadeias.

Será, então, nesse tempo
que virão os cativeiros
dos nossos braços feridos
pernas, dentes, sobrancelhas
dos nossos gritos contidos
nas notícias dos correios
que trarão de alguma época
que não se foi e nem veio
um pouco do que pensávamos
que éramos, por desespero
nalguma cidade antiga
uma presença inteira
um riso que se casava
com os meninos arteiros
que éramos nós e os nossos
nos mirando no espelho
de um tempo que foi ausência
foi resíduo, foi um medo
de um tempo que já chegara
nas janelas, nos artelhos
e nós, meu Deus, não sentíamos
dentro da alma este gelo!


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER - PARTE I

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- As estatísticas da violência contra a mulher no Brasil são assustadoras.

- Em 2004 foram assassinadas, no Brasil, 3830 mulheres.

- Em 2006, no período de janeiro a junho, só em Pernambuco foram assassinadas 285 mulheres.

- 60 a 70% delas foram assassinadas por parceiros, ex-parceiros, namorados, ex-namorados. Outras 20% por parentes, vizinhos e conhecidos.

- Pernambuco é só o 3º entre os estados que mais matam mulheres. Foram 6,5 mortes por 100.000 mulheres em 2004, segundo dados da Ministério daSaúde.

- Pernambuco chama a atenção pela contradição com este cenário violento: o estado conta com uma das mais ativas e organizadas rede de organizações feministas do Brasil.

- Foi criado, em Pernambuco, em 1988, o Fórum das Mulheres de Pernambuco que reúne 67 entidades que vão de associações de agricultoras do sertão, prostitutas do Recife, domésticas e entidades universitárias.

- O dia 25 de novembro é o dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher. A data foi estabelecida em 1981, na cidade de Bogotá, durante o Primeiro Encontro Feminista Latino-Americano.

- O dia lembra o assassinato das irmãs Minerva, Patria e Maria Mirabal que, em 1960, militavam, na República Dominicana, contra a ditadura do General Rafael Trujillo. Assista ao filme "No Tempo das Borboletas", ele conta a história das 03 irmãs.

- Complementando as estatísticas, na América Latina e no Caribe a violência doméstica atinge de 25 a 50% das mulheres.

- Os dados aqui informados são os contabilizados pelos órgãos oficiais, não constando, obviamente, os dados das mulheres que sofrem, em silêncio, as suas humilhações.

- As estatísticas oficiais estão muito aquém da realidade...

CONTINUA...

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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terça-feira, 18 de setembro de 2007

O PLANO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Conto com você
para o meu plano:

eu aro a terra
você vai plantando

eu corto o mato
você vai limpando

eu busco água
você vai regando

eu colho a fruta
você vai transportando

eu abro o saco
você vai colocando

eu trago a carroça
você vai baldeando

eu ponho na balança
você vai retirando

eu faço as contas
você fica esperando

eu pego o dinheiro
você fica olhando

eu sento pra comer
você fica pensando

eu olho pra você
lhe dou uma banana.

Conto com você
para o meu plano:

enquanto eu vou vivendo
você vai macaqueando.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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segunda-feira, 17 de setembro de 2007

MACEDINHO

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Fui editor do jornal alternativo SOMOV, na cidade de Guaranésia-MG, em 1976.

- Por motivos ideológicos, o jornal só teve 03 edições publicadas.

- Outro dia, relendo a jornal, deparei com uma crônica minha:

- Assim:

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- O meninozinho de carinha suja e olhinhos vivos, filho de D. Madalena Cruz-Credo, chama-se Macedinho e mora lá no fim da periferia da urbanidade dos homens.

- "Um pouquinho de comida! Um pouquinho de!..."

- (Um homem de terno azul-cinzento ficou bravo na minha frente quando moleques tiraram o pão da boca do cachorro da Rua dos Cachorros).

- "Seus moleques!... Capetas!... A prefeitura deveria dar bolas era para vocês!..."

- Macedinho tem, nos bolsos furados, uma broa de fubá que aperta com amor. Na rua, os homens são imponentes; às vezes tomam os pães ou as broas de fubá das mãos e das bocas das crianças indefesas. Como os meninos ao cachorro.

- "Dinheiro prum meio quilo de arroz!..." Deus lhe pague!... Deus lhe..."

- As janelas são um amontoado de barras de ferro quadradas e negras dentro da noite fria.
- Passos corridinhos, em forma de medo, se movimentam no escuro da cidade e se escondem nas sarjetas da noite.

- O homem gordo ronca debaixo de colchas caras.

- Macedinho corre pela noite. Junto dele correm, em silêncio, milhares de olhinhos medrontados,
esfomeados e sufocados por nossa omissão consentida.

- Os homens dormem seus sonos tranqüilos e sonham, noite adentro, que roubam os pães e as broas de fubá da boca dos meninos adormecidos.

- E sorriem absolutos!

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- A crônica foi escrita em 1976 e não envelheceu.

- O Brasil tem um dom: os ricos se movimentam constantemente, enquanto os pobres, maquiados pelas esmolas do governo, não saem dos seus lugares escuros.

- Para ver é só andar pelas ruas e não fechar os olhos.

(Fonte - Texto - Autoria de TõeRoberto)
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domingo, 16 de setembro de 2007

A SOLIDÃO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Desfaz-se a noite em silêncio:

não sinto nada
estou submerso
no profundo deserto
deste verso.

(Flor noturna
amarela
no abismo dessa noite
respiro
lenta megera).

Não sinto nada
estou afogado
no silêncio do espaço
com três cadeiras vazias
ao meu lado.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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sábado, 15 de setembro de 2007

A EMPRESA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Andei pensando: cansei de ser pobre! Tô a fim de"enricá!"

- Pensei: fazer o quê? Eu não sei fazer nada que dê dinheiro, só sei gastar!

- Pensei! Pensei! Pensei! Bingo!!! Vou abrir uma empresa de realidade virtual.

- Produtos: gatos e gatas para praias, acompanhados de trilhas sonoras.

- Tipo assim:

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- Palco: praia deserta, segunda-feira - 07 horas da manhã.

- Cena I: Você, caminhando solitário, pensando, digamos... nas dívidas do seu cartão de crédito.

- Cena II: surge, no horizonte, em câmara lenta, uma figura linda, livre, perfeita, espontânea; um deus ou deusa da beleza e do sexo.

- Cena III: como no cinema - sem saber de onde - aquele ser e aquela música invadem a praia.

- Tipo:

- Para mulheres: o Leonardo de Capri, a música do Titanic.

- Para homens: a Kelly McGillis, a música do Top Gun.

- Cena IV: o ser iluminado se aproxima, os olhos da cor do mar te olham, a pele dourada reflete a luz do sol, a boca carnuda murmura o teu nome, os trajes são ínfimos e transparentes e você se torna o personagem principal de um filme ardente, romântico e lindo.

- Cena V: a música aumenta o volume... arrepia, fica frenética; você se enlaça àquele ser maravilhoso e... dança, dança, dança; rola na areia da praia e se acaba nos braços daquele pedaço de mau caminho.

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- Óbvio que a empresa oferecerá muitos planos: 01, 02, 05, 10... X minutos de desvarios.

- Pacotes cheios no final de semana: 01, 02, 04, 06... Y horas de desvarios.

- A empresa tem grande capacidade de expansão: podemos atuar em praças públicas, parques, no fundo do mar, conveses de navios, estradas desertas, ruas escuras, nos campos floridos, nas montanhas...etc.

- Tô precisando de um sócio, alguém se interessa?

- Vou "enricá", na certa!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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sexta-feira, 14 de setembro de 2007

O ACONTECIDO

POESIA - SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Pássaro na mão

estampido no espaço
corpo no chão
sangue no aço.

Nos olhos do pássaro
um mormaço
a caminho do infinito
o carrasco.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A ESMOLA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Um amigo meu, Pernambucano, dizia que, no Recife, o pedinte tem um comportamento único: quando ele lhe aborda, alguma coisa ele tem que tirar de você.

- É como se fosse uma ordem: "me dê!!!"

- Assim contava meu amigo, a pretexto de piada:

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- Você, na rua:
- Pedinte: me dê uma moeda!
- Você: tem não!
- Pedinte: uma bala!
- Você: tem não!
- Pedinte: então, me dê um cigarro!
- Você: num fumo não!
- Pedinte: que é isso no bolso da camisa?
- Você: colírio!
- Pedinte: - abrindo o olho com as duas mãos - me dê, pingue uma gotinha aqui pra mim!!!

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- Ou você em casa: tap! tap! tap! tap! (palmas).
- Você: o que foi?
- Pedinte: me dê um prato de comida!
- Você: tem não!
- Pedinte: um pedaço de pão!
- Você: tem não!
- Pedinte: uma banana!
- Você: tem não!
- Pedinte: uma laranja!
- Você: tem não!
- Pedinte: então, me dê um copo d'água!!!

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- Infelizmente, meu amigo estava errado. Não é só no Recife que isto acontece.

- A miséria, hoje, está cada vez mais exigente.

- Por trás dela, nas grandes cidades, existem organizações que a exploram de maneira extremamente profissional.

- Sua esmola pode não estar suprindo a necessidade imediata dos miseráveis; pode, sim, estar enriquecendo pessoas sem escrúpulos.

- Cuidado com a esmola! Ajude os necessitados de uma maneira diferente!

- Principalmente, se forem crianças!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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quarta-feira, 12 de setembro de 2007

EPIGRAMA

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

O que há de mais bonito

mais trágico
que um (só)riso
de mulher
e um poema
(in)acabado?


(Poema - Autoria de TõeRoberto)
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terça-feira, 11 de setembro de 2007

O ELEVADOR

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Nasci mineiro, mineiro me criei!

- Em Minas, quando a gente entrava na escola, a sentença nos era dada logo na primeira série:"cresce, meu fio, estude bastante pra, quando crescê, ir imbora trabaiá em São Paulo!"

- Mineiro crescia com esta sina.

- Assim foi!

- O primeiro contato de um caipira com São Paulo é assustador: buzinas, gente, estranhos, olhos ardendo, falta de educação, movimento, escada rolante, verticalidade, medo... elevadores.

- Não foi diferente comigo!

- A cidade me engoliu e me reeducou para ela.

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- Segunda-feira - 08 da manhã - hora do rush: carros, ônibus, passeios, lanchonetes, prédios, escadas, escadas rolantes, elevadores... tudo cheio de gente!

- Fulltime era o nome da empresa de empregos temporários.

- Endereço: Praça D. José Gaspar, nº Y - 11º andar - Centro - São Paulo.

- Entro no elevador abarrotado de gente e, ingenuamente, pergunto:

- Eu: passa no 11º andar?

- Ascensorista: - olhou para mim, olhou para as pessoas, olhou novamente para mim - "Não, não passa! O elevador vai até o 10º andar, depois sai pela janela do prédio, pula o 11º, volta novamente pela janela, entra no 12º e aí continua até o 15º que é o último andar!"

- Risos!

- Fiquei vermelho e, desde então, passei a respeitar o mau humor dos paulistanos, nas segundas-feiras.

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- É um fato: mineiro, em São Paulo, aprendia na porrada.

- Bons tempos aqueles!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O 7º CANTO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Que poema é este que cantam os antípodas?
que revoluciona os ares inconscientes e determina
uma estranha visão
que chegou pela manhã na cidade mal-iluminada
adentrou-se na inconstância
dos homens
e como fino punhal estraçalhou as atitudes
e sangrou violentamente as formalidades.

Que poema é este?
que corrompeu a filha antidialética
de germano macedo
envergonhou a beata marta por sua masturbação
diária
calou os cães
fez correr os gatos
e depenou os pássaros coloridos da
gaiola do prefeito.

Que poema é este?
que decapitou o padre
esquartejou o delegado
e fez soar as trombetas na noite de maior
gala da cidade.
Que poema é este?

que não demonstra atitudes
não faz prevalecer o seu direito de
ser eterno
e não se autocanta através dos distúrbios
emocionais
de uma comunidade sem honra.
Que poema é este?


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

domingo, 9 de setembro de 2007

O MEU AMIGO WALDIR

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Mais de 21 anos se foram desde a ida, ainda muito moço, do meu amigo Waldir.

- Galego, bonachão, grande gozador... grande amigo!

- Sempre com o seus sapatos pretos e as suas calças de tergal , não usava tênis, nem calças jeans, nem bermudas.

- "Você é maior por dentro do que por fora" - dizia ao tomarmos cerveja juntos, o que fazíamos com muita freqüência.

- Por incrível que pareça, não comia arroz.

- Alérgico à cebola, vivia sempre esperto com nossas brincadeiras: quando fazíamos nossas farras colocávamos, de vez um quando, um pedacinho dela na comida pra ver o que acontecia.

- "Vocês são fodas" - no outro dia de manhã, andando com as pernas abertas. A cebola assava suas virilhas.

- Foram muitas histórias, muitas brigas, muitas risadas e muita aprendizagem, juntos.

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- Seu maior desejo: quando morresse queria acompanhar o seu próprio enterro.

- Queria que, ao contrário do que sempre foi, as pessoas fossem na frente e ele fosse atrás, observando, segundo ele, quem o estava acompanhando.

- Quando morreu - eu não estava lá - seu desejo foi respeitado e realizado: para espanto geral dos seus amigos, ele acompanhou o seu próprio enterro.

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- Grandes figuras sempre saem de cena em grande estilo.

- Foi o caso do meu amigo Waldir.

(Fonte: Texto de TõeRoberto)
Post in João Pessoa

sábado, 8 de setembro de 2007

A FACA

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Na linha artéria

do corte
a morte.

No fino extremo
do pico
o infinito.

No brilho cego
do aço
o palhaço:

o palhaço!


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

POR QUE NÃO DURMO À NOITE

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Você dorme bem à noite? O sono dos inocentes, dos justos?

- Você trabalha, paga suas contas em dia? Educa bem seus filhos, respeita as leis de trânsito? Vai àigreja aos domingos, assiste às novelas da Globo? É um cidadão exemplar, respeitável? Entende o conceito de cidadania, democracia, direitos constitucionais?

- Dorme? Que bom para você!

- Eu tenho uma notícia para você: eu não durmo à noite!

- Sabe por quê? Porque sou culpado e quem tem culpa não dorme à noite.

- Culpado do quê?

- Ora, sou culpado de um monte de crimes e omissões contra a humanidade!

- Sou culpado pelo desmatamento da Amazônia, pelo buraco na camada de ozônio, dos peixes no , pela violência, pela poluição dos rios, pelas queimadas, pela miséria, pela proliferação das favelas, pelo analfabetismo, pela extinção generalizada de animais e plantas, pelo uso de agrotóxico, pela agiotagem dos cartões de crédito, pelo conservadorismo da igreja, pela corrupção, pela morte do Chico Mendes, pela existência do Maluf, do FHC, do Collor, do Bonhauser; pela existência do Bob's, do McDonald's, da coca-cola, da pepsi; pelos baixos salários, pela fome das crianças, pelas altas taxas de juros, pelo abuso sexual de menores, pelo volume enorme de políticos lobistas que não estão nem aí para as questões sociais do pais.

- Sou culpado pela guerra do Afeganistão, pela guerra do Iraque, pela miséria e a AIDS na África, pela exploração do trabalhador na Ásia; sou culpado por criar e alimentar pessoas como a família Bush, pelo fundamentalismo religioso e econômico que, cedo ou tarde, levarão o planeta ao caos absoluto.

- Sou culpado pelas tsunames, os terremotos, as secas, as enchentes; pelo crescimento das áreas desérticas, pelo derretimento das calotas polares, pelos incêndios florestais, por todos os desastres ambientais de pequenas e de grandes magnitudes.

- Sou culpado e responsável por você achar que não tem nada com isto e que estou ficando louco.

- Eu não estou louco. Sou extremamente omisso em relação a todos os eventos de relevância que movimentam o planeta e isto me incomoda, não me deixa dormir.

- Você não é omisso?

- Qual foi a última fez que você se perguntou: "fora da minha vidinha de caracol, ensimesmado no meu mundinho pequeno e egoísta, o que faço para melhorar a vida das pessoas, no planeta?"

- Bela pergunta, não é?

- Dorme tranqüilo esta noite: eu quero ver!...

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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quinta-feira, 6 de setembro de 2007

OS AMANTES I

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Contigo suspirei lentas suspeitas

defini o escuro tato dos anseios
construí o cata-vento dos sentidos
e ouvi Carlos Gardel com meus receios.

Murmurei um mel de sonhos nos meus dedos
deslizei correta forma nos teus seios
adormeci cantando sopros de desejos
bebendo gim no doce poço dos teus pêlos.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O PLANO CRUZADO

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- 27 de fevereiro de 1986, dia do meu aniversário.

- O Presidente da República: José Sarney. O Ministro da Fazenda: Dilson Funaro. Os Imbecis: Os Fiscais do Sarney.

- O governo, naquele ano, lançou, no sentido de combater a inflação e dar popularidade a ele próprio, o Plano Cruzado.

- O Plano Cruzado consistia em congelar todos os salários e tudo que se vendia no Brasil e também para dar uma cara de legitimidade ao Governo Sarney, primeiro governo civil depois do regime militar, eleito por via indireta.

- Os Fiscais do Sarney, pessoas da população: feirantes, comerciantes, pessoas comuns que, atendendo ao apelo de José Sarney, tornaram-se dedos-duros do governo, servindo de fiscais na tentativa fracassada de controlar a inflação.

- As pessoas dedavam-se entre si; as feiras livres tornaram-se palcos de verdadeiras batalhas entre feirantes e os fiscais do Sarney.

- Muitos desses fiscais, dedos-duros competentes, tornaram-se, depois, deputados muito bem votados.

- Prateleiras dos supermercados vazias, fila para o leite, para a carne, para o pão, para o arroz, para o feijão, fila para tudo o que se podia imaginar, existia.

- O Brasil tornou-se o país das filas; a população, nas filas, tornou-se hostil, voraz, individualista e desesperada.

- Foi um ano de terror, para as pessoas assalariadas e com filhos pequenos. Segundo diziam, o leite vendido no Recife e também em outras capitais do Nordeste, importado da Europa, fora exposto ao acidente nuclear de Chernobyl.

- Era o leite que existia para alimentar as crianças.

- As pessoas sofriam com o racionamento.
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- Nena, grávida, vestida com um macacão branco, bonita, foi ao supermercado: estava com vontade de comer uma "carninha".

- Comportada, entrou na fila, ao lado do freezer - aqueles horizontais grandões - e ficou aguardando a carne.

- O empregado chegou com e carne e... jogou dentro do freezer.

- Nena, animadinha, foi pegar o seu pedaço: a turba voraz, mal-educada, hostil partiu para cima da carne e sem respeitar a gravidez já avançada, a derrubou dentro do freezer.

- Ela chegou em casa toda suja de sangue, mas orgulhosa, com um pedacinho de carne na mão.

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- Naquela ano, o Brasil iniciou a série de Planos Econômicos que afundaram o país: Cruzado II, em 86. Bresser, em 87. Verão, em 89. Collor, em 90. Collor II, em 91. Real, em 94.

- O Plano Real foi o último da série: primou por entregar o país aos amigos do rei.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

terça-feira, 4 de setembro de 2007

LUGARZINHO ÀS 06 HORAS

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Ruazinha de paralelepípedos

igrejinha de sininho triste
casinhas de jeitinho arcaico
povinho de modinhos tristes
de olhinhos vagos
de olhinhos tristes
de modinhos vagos.

Cidadezinha minhazinha
cidadezinha
minhazinha cidadezinha
minhazinha
como é felizinho
meu coraçãozinho tristinho
abafado por tanta ingenuidade.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A GALINHA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- O Brasil é um país ímpar.

- No Brasil ainda existem coisas que não existem mais.

- Há algum tempo eu e Nena, depois de horas exaustivas de viagem, chegamos à cidade de Touros, no Rio Grande do Norte.

- Fica no norte do Rio Grande do Norte, exatamente naquele biquinho do mapa onde o Brasil faz a curva e vai embora para o Ceará.

- Cansados e com fome, procuramos um hotel e achamos um que tinha restaurante.

- Entramos, guardamos a mala, sentamos no restaurante pedimos uma cervejinha e o cardápio.

- Cardápio extenso: lagosta, camarão, peixe, marisco, rubacão, sovaco-de-cobra, carne-de-sol, arroz-de-leite, bode, paçoca, feijão-de-corda, fava, buchada de bode, sarapatel, caldinho, galinha cabidela, de capoeira e outras coisas mais.

- Optamos pela galinha cabidela e continuamos a a tomar a nossa cervejinha.

- Uma, duas, três... quatro cervejinhas depois e... nada da galinha!

- Chamei o proprietário e perguntei pela galinha.

- Ele sentou-se, bom de prosa, a galinha não ia demorar, começou a beber cerveja com a gente e a contar histórias.

- 40 minutos depois vejo uma senhora passar com uma galinha viva embaixo do braço.

- Passou pra lá, passou pra cá, passou prá lá e eu acompanhando o movimento da galinha.

- Pensei!... Será???

- Era!, era a nossa galinha: ainda iam matar o bicho pra fazer o nosso almoço.

- Fazer o quê? Pedimos mais uma cerveja, contamos mais umas histórias, demos umas boas risadas e aguardamos mais 01 hora para saborearmos uma galinha realmente maravilhosa.

- Descobrimos, depois, que o restaurante não mantinha comida congelada no freezer.

- Os ingredientes do cardápio, muitos deles, ainda estavam vivos pela cidade: você pedia o prato e, enquanto a cozinheira ia na rua buscar a comida, você aguardava.

- Pode parecer estranho, mas acho que são coisas desse tipo que me faz acreditar que a humanidade ainda tem solução.

- Acho que sou muito romântico para viver nos tempos de hoje: tudo é muito rápido e real demais para o meu gosto.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

domingo, 2 de setembro de 2007

O RETRATO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Aqui estou, gelo magoado

pedra ferida
lírio apanhado
pelo frio da vida.

Aqui estou, portas cerradas
língua aflita
sonho acordado
pela não da vida.

Aqui estou, nau à deriva
mar infinito
angústia talhada
pela mão da vida.

Aqui estou, vida perdida
noite eterna
bicho escondido
no escuro canto dos sentidos.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

sábado, 1 de setembro de 2007

O BRASILEIRO

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Confesso, estou um pouco envergonhado!

- Meu assunto é curto.

- Já ouvi falar de brasileiro que rouba galinha, vaca, porco.

- Merenda escolar. Remédio de hospital.

- Dinheiro de ambulância. Esmola de pobre.

- Brinquedo de criança. Dinheiro do INSS.

- Salário de assalariado. Terra.

- Dinheiro da educação. Asfalto da estrada.

- A perereca dos pobres. A bolsa família.

- Isso não é novidade.

- Mas, vocês perceberam que bastou um brasileiro ir para o espaço para desaparecer o planeta Plutão?

- Você não fica envergonhado?

- E ainda damos risadas de uma coisa dessas!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB