domingo, 28 de junho de 2009

ZEUDILENE CAROLINA

Ah, Zeudilene Carolina, não coloque palavras amargas na minha boca!

Na minha boca coloque apenas os seus lábios doces!

E sinta, na ponta da língua, a verdade absoluta do meu coração.

Eu sou durão é só da boca pra fora!!!
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quinta-feira, 25 de junho de 2009

O PUTEIRO

Morra de inveja!

Sou um cara privilegiado.

Sou vizinho de uma casa de mulheres de 'difícil vida fácil', ou de 'fácil vida difícil'.

Politicamente correto falando: sou vizinho de um puteiro!

Um puteiro moderno.

Entrega em domicílio, massagens, hora marcada, aula de danças... internet.

Discretos como todo bom vizinho deve ser, jamais aborrecem e, como acontece em toda casa, uma briguinha de vez em quando onde a palavra 'puta', não sei o porquê, é sempre mencionada.

Às vezes, no silêncio da noite, ouço leves ruídos, como um roçar de asas, algo como um gemido, talvez uma repressão à dor, ao prazer, ao amor, ao ódio que não se pode manifestar livremente no meio da vizinhança alerta.

E sinto, com os meus botões, que vão cumprindo o seu desígnio de psicólogas natas: curam momentaneamente a solidão, o rompante, a timidez, a voracidade... as almas carentes de uma mão na cabeça, de uma conversa fiada, de um sorriso forçado.

São minhas vizinhas!

Me parecem livres, embora tenham dono, e cantam, e criam os seus poodles e vivem aparentemente aguardando a terrível idade que chega.

Me parecem livres, mas vivem na corda bamba da sua falsa beleza, do seu falar ensaiado, do seu querer não querendo.

Me parecem livres, mas às vezes choram de mansinho acalentadas pela esperança de que esta noite será melhor que a noite de ontem.

E são pessoas como todas as outras: gente simples que vai ao supermercado, ao médico, ao cinema, à escola... à igreja.

Misturadas no meio do burburinho da cidade são pessoas como a nossa tia, a nossa irmã... a nossa mãe.

Anônimas são respeitadas, chamadas de senhoras, senhoritas, estes nomes que a sociedade hipócrita usa para disfarçar a mascarada instituição familiar, onde a prostituição doméstica é muito mais comum do que se pensa.

São minhas vizinhas!

Melhores, bem melhores que muitos vizinhos que tive pela vida afora!
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segunda-feira, 22 de junho de 2009

AMANTES NOTURNAS

Poemas Adolescentes 1
Momentos

Existem amantes milhares
supostamente noturnas
deitadas seminuas pelas ruas
e alamedas da vida.

Elas se contorcem
gemem, pedem
esperam há longas noites
que a paz aconteça
que um lar aconteça
em substituição aos sonhos
que nunca tiveram
nunca terão.

Elas são as amantes desajustadas
embriagadas, esmigalhadas
encaminhadas para as noites
pela própria família.

Elas são as filhas
que os pais marginalizaram
e chicotearam com seus preconceitos
e irresponsabilidades milhares.

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sexta-feira, 19 de junho de 2009

VELHICES

A velhice é deprimente... mas engraçada.

As pessoas de idade frequentam os lugares mais insólitos.

Lugares pra melhorar a memória, o sexo, o apetite, a vista, os cabelos, o ouvido, a fala, o sono, o andar, o pegar, o sentar, o deitar, o humor... e por aí vai.

Mas não tem lugar mais engraçado que uma clínica de fisioterapia.

Sou um grande frequentador delas há anos.

Tem velho pra tudo quanto é gosto:

Ruim dos pés, dos tornozelos, das pernas, dos joelhos, dos quadris, das costelas, dos dedos, das mãos, dos cotovelos, dos braços, dos ombros, do pescoço, da coluna... de tudo que é junta que existe no corpo.

E uma clínica de fisioterapia é algo atípico.

Pensa numa daquelas câmaras de tortura, aquelas dos filmes da idade média... as famosas torturas medievais.

Ferros, bolas, pesos, camas esquisitas, cabrestos, choques elétricos, troços gelados, coisas pontudas, água quente, gelo, cordas, escadas, camas, apertos, dedadas...

Só não vi, ainda, correntes, mas elas devem existir escondidas nalgum canto para 'tratamentos especiais'.

De manhã é um verdadeiro tendepá pelos corredores e salas da clínica.

São verdadeiras sessões de torturas.

Tem velho sendo torturado de tudo quanto é jeito.

É velho pendurado pelas bolas, pescoço, orelha, tornozelo.

É velha de perna arreganhada... com o terço na mão.

Velho de 4, velha plantando bananeira, velho agachado, velha encostada na parede.

Velha com as pernas de lado, com as mãos pra cima, deitada em cima de bolas.

Velho levando choque, levando apertos, sendo obrigado a mexer com as pernas... mesmo gritando, berrando.

Velha gemendo, reclamando, blasfemando.

E mexe daqui, mexe dali, rola pra cá, rola pra lá, levanta braço, levanta perna, dobra o joelho, dobra o cotovelo, dobra a coluna, gira o ombro, gira o pescoço, pula, agacha, deita, levanta, pega peso, mexe, mexe, mexe... e grita, geme, reclama, mas não tem jeito, ou faz direito ou começa de novo.

E no meio daquela sessão de horror, as mocinhas: as fisioterapeutas.

"E aí, seu TõeRoberto, tudo bem?" "Como vai, seu Remígio?" "Tá doendo, dona Ophélia?" " E o gelo, seu Afrânio?" "E o choque, dona Maria?" "E o cabresto, seu João?" "E o peso, dona Severina?"

E só se ouve, mesmo que não se escute: Ai! ai! ai!, ui! ui! ui! Jesus! Que merda! Que bosta! Ai!, ui!, ai!, ui! Puta que pariu! Cacete! Caralho! É foda!

É divertido!

E não fica ansioso: o seu lugar está garantido nas sessões futuras de tortura.

Você também vai curtir este assunto de 'velhices'.

E vai sentir na pele o que é adrenalina de verdade.

Sem o aplauso da mídia.

E sem ninguém pra passar a mão na sua cabeça.
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terça-feira, 16 de junho de 2009

MARYLURDES CRESCÊNCIA

Um amigo, Marylurdes Crescência, me disse: sua coleira é muito curta!

Argumentei, retruquei, ponderei - não adiantou!

O amigo disse: você não vai ali, a coleira não alcança!

Argumentei, retruquei, ponderei...

Dei dois passos à frente: um troço me apertou o pescoço.

Caralho, que diabo de coleira é esta que eu não enxergava?

A do amor inocente e incondicional das pessoas que se anulam para dar felicidade ao outro?

Ou a coleira amarga do ciúme sem hora, do ciúme que reprime, do ciúme que mata?
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sábado, 13 de junho de 2009

EXAME DE PRÓSTATA

De: TõeRoberto - Jampa/PB
Para: Zinho - Vinhedo/SP

Assunto: Exame de Próstata

Prezado Zinho:

Conforme combinado, venho, através deste, informá-lo a respeito do meu exame de próstata.

Assim que você saiu de Jampa, embalado por 'aquele seu primo tarado por exame de próstata' - 4 exames antes dos 48 anos? - eu tomei as minhas providências.

Pra acabar logo com a agonia, sabe?

Fazer o quê?

Relutante, 1/2 que ressabiado, 1/2 que escondido criei coragem.

Orientado pelo seu 'primo esquisito', cortei o cabelo, aparei a barba, fiz as unhas, comprei um perfume legal e uma cueca nova.

E fui à luta.

Mas, óbvio, como não sou tão moderninho como 'aquele seu primo volúvel' eu não procurei qualquer profissional.

Marquei logo com 10!

E a primeira coisa que eu fazia quando chegava à consulta era cumprimentar o sujeito.

Descartei 9!

É assustador, meu caro Zinho, a grossura e o tamanho daqueles dedões.

Eu chegava a suar frio.

Ficava sem dormir à noite.

Perdi o apetite.

Estava quase desistindo quando, no 10º, caí de 4.

'Aquele seu primo alegrinho' não disse que é de 4 que se faz o danado do exame?

Pois é, caí de 4!

Uma fêmea, meu caro Zinho, uma fêmea com um dedinho lindo!

Uma fêmea não, uma deusa com um dedinho lindo!

Não perdi tempo: fui logo virando a bunda e foi uma farra!

Foi maravilhoso!

Só não fumei um cigarro depois porque deixei o vício.

E ouve esta: comentei com 'aquele seu primo experto no assunto' e sabe o que ele me disse?

Que não confia em mulher urologista, que o exame tem que ser feito por macho.

Pode?

É isso aí, meu amigo Zinho!

Se você quiser eu marco uma consulta pra você.

Você vai mudar todos os seus conceitos.

Vai se tornar um novo homem.

Exame de próstata, como 'aquele seu primo assanhado' nos disse, pode ser uma coisa maravilhosa.

Desde que você escolha o parceiro certo.

E, neste caso, não precisa nem de vaselina.

Um abraço!

ET: o nome da médica é Ministra O'Dedo.

E é uma gata!
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quarta-feira, 10 de junho de 2009

ACORDA, SONHADOR

Poemas Adolescentes 1
Momentos

Acorda, sonhador!

A manhã passou
o meio-dia acabou
a tarde chegou.

Acorda, sonhador!
Guarda num canto os brinquedos
segura com força os segredos
que este teu dia ensinou.

Acorda, sonhador!
Pega a gravata, o terno
mesa, papel, telefone
(teus brinquedos agora)
um cartão branco e bonito
nome, endereço, horário
senta na cadeira e espera
que a noite venha
com todo o seu horror.

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domingo, 7 de junho de 2009

AMBROSINA ELEUTÉRIA

Ah, Ambrosina Eleutéria, verdade seja dita!

Você é fodona!

Quando bate o pau na mesa, sai de baixo!

Você deveria ser mais paciente, querida!

Cuidado com o AVC, meu amor!

Deite a cabeça no meu colo, feche os olhos e faça um minuto de silêncio, por favor!

Ai, meu xodozinho, pra calar esta tua boca enorme, me faça uma gulosa e aprenda, de uma vez por todas, que, nesta casa, quem tem pau sou eu!
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quinta-feira, 4 de junho de 2009

ARROZ-DE-DOCE

Menino, zona rural, Minas Gerais.

Uma colônia de lombrigas na barriga, uma solitária não tão solitária, barrigudo, magricelo, amarelo, 'zóiudo', a vontade maior que o estômago.

Adoro Arroz-Doce - pra mim Arroz-de-Doce - desde que nasci.

Fazer Arroz-de-Doce é uma arte!

Não se faz Arroz-de-Doce de 'pobre': arroz, água, açúcar... depois leite!

Faz-se Arroz-de-Doce com leite - muito leite - arroz, açúcar, uma pitadinha de sal, canela em pau e canela em pó para finalizar.

Nada de leite condensado nem gema de ovo!

Só leite!

Delícia pura!

Enfim, amo Arroz-de-Doce!

E tenho pressa quando está no fogo!

07 anos mais ou menos e minha mãe com o meu amor na panela... o leite nem tinha fervido.

Maaanhê, quero Arroz-de-Doce!

Tá cru!

Maaanhê, quero Arroz-de-Doce!

Tá cru, minino!

Tá não, eu quero Arroz-de-Doce!

50 vezes depois do maaanhê, eu quero Arroz-de-Doce a paciência da 'maaanhê!' se esgotou. Cê qué Arroiz-de-Doce? Pois vai cumê!

Um prato cheio na mão esquerda, uma colher na direita... o chinelo em cima da mesa.

Uma colherada, uma chinelada, uma colherada, uma chinelada...

A língua em fogo, o arroz cru estalando nos dentes, os olhos cheios de água... engoli na marra!

E nunca mais passei nem perto do fogão quando alguém está fazendo Arroz-de-Doce.

E por falar nisto a Nena acabou de fazer um delicioso.

Tá servido?
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segunda-feira, 1 de junho de 2009

POETILMA I

Poemas Adolescentes 1
Momentos

O tempo, Ilma
é a seiva elaborada
na luz reascendida
da nossa meta remarcada.

Onde temporizaremos, Ilma?
Tu sabes?
Em nossas mãos?
Em nossas almas?
Em nossos passos?
Ou no amor cegamente amado?

O tempo, Ilma
desgasta a vida negada
enquanto desenquadra o ser.

O ser, Ilma
o que é o ser?
Se pra nós tudo determina
aquilo que o amor ilumina?

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TõeRoberto-guaranésia/mg-16abril1975-post in jampa/pb