sexta-feira, 30 de novembro de 2007

OS TAIS

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Corporativismo é uma palavra forte no Brasil: grupos organizados que não querem perder privilégios.

- Os empregados das Estatais foram duramente combatidos no governo FHC, com o apoio da imprensa, e perderam muitos dos seus privilégios.

- O Corporativismo é uma coisa normal no Brasil: só que muitas entidades, instituições, grupos não se autonomeiam corporativistas, por motivos óbvios.

- Embora muitos grupos ou categorias não contarem com privilégios, ou poucos, mesmo assim são corporativistas, pelo simples fato de estarem unidos em torno de uma profissão, meio de vida ou sobrevivência.

- O Senado, Câmara dos Deputados, OAB, Igreja, Banqueiros, Bancários, Empresários, Comerciantes, Pecuaristas, Agricultores, Pescadores, Jogadores de Futebol, Empregados de Prefeituras, do Governo Federal, do Estado, Taxistas, Químicos, Médicos, Engenheiros, Arquitetos, Professores e muitos outros grupos ou categorias, unidos em torno de um sindicato, associação ou outra forma de organização são todos corporativistas.

- A imprensa também é.

- Jornalistas, colunistas, comentaristas empregados da grande mídia brasileira: TVs, rádios, Jornais, Revistas, Provedores formam uma casta e dali não saem de maneira nenhuma.

- Muitas dessas pessoas são de alto nível, mas, como qualquer corporativista, não querem perder seus privilégios e acabam ficando nas suas... muitas vezes em silêncio.

- Pessoas que se arvoram a ser grandes formadores de opinião, que trabalham em grandes empresas, muitas vezes, para não perderem seus privilégios, fecham os olhos para as mazelas do mau jornalismo.

- É o caso, por exemplo, da revista Veja que nas eleições de 2006 não se comportou adequadamente como uma empresa séria e andou, em muitas oportunidades, enfiando os pés pelas mãos praticando um péssimo exemplo de jornalismo.

- E ficou por isso mesmo. Os seus colunistas calaram a boca e, por motivos óbvios, não bateram de frente com o patrão.

- Poderia aqui citar os nomes de alguns expoentes da grande mídia que se beneficiam do seu cargo sempre eterno de formadores de opinião, mas que não costumam opinar contra o patrão quando este não se comporta de maneira ética perante a sociedade.

- São os Tais!

- Eles são os avalistas dos acontecimentos nacionais. O assunto passou por eles, a coisa é séria. Pode confiar... e dormir tranqüilo ou não!

- Que privilégio pode ser maior do que este?

- Nem um salário de R$50.000,00!!!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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quinta-feira, 29 de novembro de 2007

OS AMANTES III

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Séria feita uma missa

você me olha nos olhos.

E dos seus olhos
saem salmos
sermões
e perdões
para os meus
e os seus pecados.

Depois você pisca
e sorri
e dos seus olhos
o beija-flor voa
e vem pousar
no meu nariz.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)

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quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O BLOG MIB

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Outro dia alguém me interpelou: "vocês, blogueiros, têm um trabalho danado para atualizar o blog todos os dias e, ao nível de leitores, nada de retorno."

- Respondi: escrevo um blog para ocupar um espaço que eu tenho. O espaço é meu e quero ocupá-lo. É um espaço para mim, até agora, democrático e quero exercer o meu potencial de escritor virtual que me tornei.

- "Mas... e os leitores?"

- Leitores? Nunca vou ter grande número de leitores, mas tenho uma meia dúzia de teimosos que se alternam e estão sempre dando as caras.

- "Mas... só isso?"

- Só isso? Eu tenho muitos livros de poesias e de contos e estou aproveitando para publicá-los. O importante é colocar as idéias no mundo.

- Aproveito também para fazer as minhas crônicas e meus comentários diários, minhas piadinhas, meus pratos favoritos e para me projetar como pessoa intelectualmente ativa nos meios de comunicação.

- "Um escritor que não se importa se é lido ou não?"

- Eu me importo! Eu sou lido! Como já disse, eu tenho a minha meia dúzia de leitores cativos e só por isso acho que já vale a pena.

- O interpelante não ficou muito convencido, mas deixou pra lá e me disse que vai começar a ler o blog.

- Já valeu a pena! Mais um leitor, agora são 07!

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- Aos meus leitores, um grande abraço e os meus agradecimentos por estarem sempre por perto.

- Vocês me dão motivação para continuar.

- E vou... até onde agüentar!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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terça-feira, 27 de novembro de 2007

O COTIDIANO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Uma caverna patética
de susto e mistério.

Uma avenida infinita
de trânsito finito.

Uma casa habitada
por demônios e fadas.

Um cometa cadente
fatal e ardente.

Um espaço ocupado
pelo universo enjaulado.

Por isso, só isso
que é a fera feitiço
o verme ajoelhou-se
e apertou o gatilho.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)

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segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O BAILE

KONSIDERAÇÕES SOBRE... SEU NEGUINHO

- A memória é algo formidável.

- Esconde tesouros, crimes, vergonhas, coragens... todo nosso passado.

- Na rua, hoje, a música:

"Abre a janela, querida
venha ver o luar cor de prata
venha ouvir o som desse meu pinho
na canção de uma serenata..."

- Antiga, Pedro Bento e Zé da Estrada.

- Meu pai - "Seu Neguinho" - a amava.

- Junto à lembrança de Seu Neguinho veio os bailes da Gonçalvina - "Gonçarvina" para os mineiros.

- A Casa do "João da Gonçarvina", aos sábados, era o point dos boêmios, músicos, mulherengos, farristas e dançarinos.

- Uma casa humilde, uma família humilde, um baile. Não era prostíbulo, era só um baile!

- Eu, criança, me lembro!

- Na madrugada silenciosa do interior a música viajava serena.

- 03 da manhã acordava: o som do cavaquinho e a voz de Seu Neguinho flutuavam no vento da noite.

- A música:

- "Abre a janela, querida
venha ver..."

- A minha mãe, irrequieta.

- Somente aos sábados: um único momento de paz e alegria para pessoas que carregam o mundo nas costas.

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- Seu Neguinho se foi: não era mulherengo. Apenas um homem solitário e sensível.

- Analfabeto nas letras e letrado na sensibilidade.

- Um poeta da noite!

- Tomava suas cachaças, tocava seu cavaquinho e cantava suas canções para suportar o mundo e o seu trabalho duro.

- Fui entendê-lo há pouco tempo. Fiquei com vergonha da minha demorada ignorância.

- Era um homem e seu universo limitado e voraz. Um homem de peles!...

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- "Sei que dormes sonhando com outro
desprezando quem é o teu amor
quem tu amas de ti nem se lembra
quem te quer você não dá valor..."

- Uma lágrima!...

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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domingo, 25 de novembro de 2007

O PESADELO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Fada e duende

na alma do dente
habitam a gruta
covardemente.

A varinha mágica
é uma serpente
que pica
injeta o veneno.

O delírio do dente
invade a carne
rapidamente.

Enquanto o grito

viaja
o duende e a fada
dão risadas
e preparam a serpente
pra mais uma picada.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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sábado, 24 de novembro de 2007

O FLAUTISTA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS
.
- Por que não me sinto à vontade no Shopping Center?

- Por que olho toda aquela massa colorida e barulhenta se movimentando e me sinto estranho?

- Por que me sinto agoniado num espaço cheio de facilidades, climatizado, limpo e seguro?

- Sou um bicho-do-mato?

- Tô fora do conceito de modernidade?

- Sou um idiota?

- Tô velho?

- Sou um sujeito chato que não concorda com nada, critica tudo?

- Não sei!...

- Mas de uma coisa eu sei: quando me sento, peço uma cervejinha e olho aquela massa colorida e barulhenta se movimentando rápida e voraz, me vem à cabeça um só personagem: O Flautista de Hamelin, tocando sua Flauta Mágica e levando dezenas de ratos a se afogar no Rio Weser.

- O Shopping Center é a Cidade de Hamelin.

- O Consumismo é O Flautista de Hamelin.

- O desejo desesperado de possuir, o som da sua Flauta Mágica.

- O Rio Weser, salvo algum milagre, o desfecho da história contemporânea.

- Salvem os ratos!

- E as crianças também!!!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O OFÍCIO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Esse é o ofício do mar:
dar vidas tirar vidas
não dormir
não acordar
cobrar do intruso moreno
o preço dos que se
distraem.

Avançar
recuar
esbranquiçar
esverdear
agitar
acalmar
sonhar na praia o peixe
para a criança brincar.

Esse é o ofício do mar:
dar
e tirar
não dormir
não acordar
não odiar
e não amar.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O APRENDIZ

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Aguardando atendimento na farmácia, passei os olhos pelas prateleiras, caixas, atendentes e me lembrei do tempo em que eu era aprendiz... aprendiz de farmácia!

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- Seu João Biela era o nome do farmacêutico. A Farmácia: Sant'Anna. Minas Gerais.

- Ô tempo difícil! 10, 12 anos, pequeno, frágil, miúdo.

- Os pedidos de remédios chegavam pela saudosa Mogiana. Lá no outro topo da cidade.

- Explico: tô aqui no topo da cidade; ele é alto. A estação de trem é no outro topo; isso é, tenho que sair daqui empurrando um velho carrinho de madeira, descer uma senhora ladeira, subir uma longa subida, chegar à estação, pegar uma caixa de remédio, pesada pra burro, colocar no carrinho e fazer o caminho inverso.

- Ô fraqueza!, embaixo daquele sol escaldante.

- E o catálogo?... Meus Deus!!!

- O catálogo era um livro do "arco-da-velha", com todos os nomes de remédios do mundo.

- O nome do remédio e, na frente, os preços escritos a lápis.

- Abria a caixa grande, abria as caixas menores, conferia o pedido e começava um trampo que é muito comum no inferno: apagar aqueles valores escritos a lápis por mais de 10 anos, num papel todo puído, e anotar os novos valores dos remédios. E eram centenas!

- Arghhhh!!!

- Os vidros roxos eram mais interessantes. Com eles me transformei em Merlim e fiz muitas bruxarias: pomada de óleo de fígado de bacalhau, xaropes para tosse, ungüentos para feridas, poções para manchas na pele, alívio para infecções, unheiros, ferimentos e inchaços.

- A química nas mãos das pessoas comuns, dos leigos.

- O melhor do aprendizado: aprender a aplicar injeções nos braços de Maria, a senhora mulata, a empregada da família.

- Era a cobaia dos aprendizes. E dava risadas!

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- Não me tornei um farmacêutico, mas aprendi coisas e valores que trago comigo até hoje.

- Por exemplo: farmácias, hoje, são um perigo para a saúde pública.

- Tome muito cuidado com elas!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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quarta-feira, 21 de novembro de 2007

A REDE

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Malhas

cordas
balanço
corpo nu
noite funda
dia branco
mar azul.

Calor
brisa
sal
diamante
instante.

Rede:
uma mulher sonha
no balanço.

Lá fora
o sol moreno
é um estranho.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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terça-feira, 20 de novembro de 2007

A EREÇÃO

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Um sujeito nos EUA recebeu uma indenização de US$400.000 de uma empresa.

- Motivo: fez um implante no pênis para ter uma ereção duradoura e teve: ficou 10 anos de pau duro!

- Dizia o sujeito: "não posso usar short, nadar, abraçar meus amigos, dormir de bruços... ir à igreja."

- Vira esse trem pra lá, meu fio!

- Mas que sujeito estressado!

- Eu ficaria contente com 01 ereção de 10 minutos, imagine 01 de 10 anos.

- Já pensou o sucesso com as amigas... e com os amigos?

- Você sempre lembrado:

- Maridão falhou: os 02 pensam em você.

- Namorado não compareceu: ela pensa em você.

- O sujeito ficou só na primeira: os 02 pensam em você.

- O rei das fantasias secretas das amigas... conforto secreto dos amigos.

- Cobiçado por mulheres e gays, invejado pelos homens.

- Que beleza! Já pensou dar uma de 24 horas... sem sair de cima! Uau!!!

- Não anotei o nome da empresa milagrosa, semana que vem viajo para os EUA.

- Eu quero uma ereção duradoura... a coitada da patroa também!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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segunda-feira, 19 de novembro de 2007

OS AMANTES II

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Os amantes definham-se na cama.


Engolem-se, assim, feito ostras assustadas.

Dão-se com os dentes
palavras
unhas.

Arranham-se com vísceras enciumadas.

Fantasmas rondam

a agonia dos seus gestos
dão gargalhadas
do seu inútil sacrilégio.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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domingo, 18 de novembro de 2007

A DOENÇA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Esta é curta... mas boa!

- Palco: ano 1978; consultório Dr. Jades - psicólogo - 09:30 da manhã; Belo Horizonte.
- Personagens: Eu; Dr. Jades, o psicólogo.

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- A história:

- Estava fazendo exames médicos para admissão em emprego. Último exame: psicólogo.

- Sentado - 09:30 da manhã - na recepção do consultório do psicólogo.

- Secretária: Sr. TõeRoberto pode entrar.

- Entrei:

- Bom-dia!
- Bom-dia! Sr. TõeRoberto?
- Sim.
- Hum!... Vamos ver! Fumante?
- Sim.
- Bebida?
- Cerveja.
- Diabetes?
- Não.
- Hepatite?
- Sim.
- Pai e mãe vivos?
- A mãe.
- Pai morreu do quê?
- Congestão Vascocapilar.
- Hum!!!...
- Eu - vermelho, corrigindo: Congestão Cardiovascular.

- O filho-da-mãe riu: eu vi pelos seus olhos. E pensou também:

- "Congestão Vascocapilar? Que diabos é isto? O pai era vascaíno, o Vasco perdeu para o Flamengo, e ele, desesperado, arrancou os cabelos e morreu? (Ih! Ih!, Ih!)"

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- Aconteceu, e eu sei que o tal de Dr. Jades, se vivo, ainda hoje conta a história... e ri!

- E era pra não rir?

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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sábado, 17 de novembro de 2007

A AUSÊNCIA

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Agora é como um não acordar
um cair sem fundo
doce pesadelo
de estar aqui
mas um não estar.

É como se o corpo
elemento claro
fosse o segundo
do relampejar
onde a luz se acende
viva e vermelha
depois se vai
sem poder voltar.


(Poema - Autoria de TõeRoberto)
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sexta-feira, 16 de novembro de 2007

OS CORAÇÕES

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Quando Ariovaldo morreu, o médico ficou perplexo: ele não tinha 01 coração, tinha 02 corações vermelhos... enormes.

- Não tinha cérebro: no lugar, o 2º coração.

- O médico, na autópsia, descobriu coisas intrigantes a respeito de Ariovaldo.

-------
- Por exemplo:

- Viu que com o coração nº 01, o normal, Ariovaldo sobrevivia: com ele o sangue circulava, ele respirava... mantinha-se vivo.

- Com o 2º coração, o que nasceu no lugar do cérebro, Ariovaldo torcia para o Flamengo - era Flamenguista, o coração rubro-negro - suspirava, curtia os filhos, amava a mulher, os amigos; ajudava os velhinhos a atravessar as ruas, dava esmolas, alimentava e cuidava de 50 gatos e cães vira-latas.

- Com ele agradecia a Deus por tudo que tinha, deixava transparecer sua pureza, seu despojamento, a honestidade da sua alma imaculada e virgem.

- Protegia baratas, aranhas, moscas, escorpiões, dava o finalzinho do sorvete de casquinha para uma criança, na rua; aguava as flores do vizinho, dava migalhas aos pássaros, oferecia o último cigarro a quem quer que fosse... vivia no banco de sangue oferecendo o seu para salvar o próximo.

- Na autópsia, o médico descobriu também que Ariovaldo não morrera de enfarte, conforme estavam dizendo.

- Estava tudo lá. Os corações de Ariovaldo eram 02 livros abertos... 02 diários com uma página cada 01, para cada 01 dos dias dos últimos 30 anos.

- Lá estavam: 21.900 páginas com uma única palavra em cada uma delas - Edileuza.

- Ariovaldo morrera com os corações partidos.

- Partidos pela indiferença da Prima Edileuza a quem amou, em segredo, por 30 anos e que, hoje, no dia da sua morte, casara-se, sem convites, com o Primo Percivaldo Siqueira.

- Casara-se cheinha de amor e sutilezas... com aquele vestidinho vermelho decotado, motivo dos ais e dos suspiros secretos de Ariovaldo.

- O médico descobriu 30 pequenas fraturas em cada um dos corações de Ariovaldo.

- E 02 grandes fraturas causadas por um grande terremoto - 10 graus na escala Richter - que aconteceu no peito de Ariovaldo: Os 02 corações, num estalo, partiram-se em 04.

- Ariovaldo se foi.

- No velório, a Prima Edileuza esboçou uma lágrima... e ficou nisso.

- Ariovaldo suspirou fundo... e 01 lágrima silenciosa escorreu do seu olho esquerdo.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A RUA DIREITA

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Um ai

um ei
um oi
um ui
um quê
um ser
vem silencioso
no estouro
da boiada.

Não passamos
de um ir e vir
sem coração
e sem cara.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

JOÃO-SEM-BRAÇOS

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Era uma vez um cara muito bonitinho, muito queridinho que, por ter dois braços, duas pernas, dois olhos, duas orelhas, um nariz, uma boca sorridente, etc; digo, ter todo o corpo em perfeito funcionamento, era chamado de João-Sem-Braços.

- Ele, como todo bom vivant do interior, era muito conhecido e muito vivo em questões financeiras, porém não vivia contente com tudo que tinha e fazia, porque o que queria mesmo era se tornar político.

- Então procurou um amigo:
- Ô, compadre!, queria uma informaçãozinha!
- Pois não! - disse o compadre.
- Que faço pra sê político?
- Ora, compadre, é muito fácil! - respondeu o outro. Basta que você comece a falar de política nos bares e que, nas eleições que se aproximam, apóie um dos partidos, que o dinheiro e a sua cara amiga garantem o resto.

- Assim fez João-Sem-Braços. Depois de dois anos era um grande politicozinho. Fazia comícios com dois S. Prometia asfalto com U. Pedia apoio com H. Criava comissão com Ç.

- Assim foi. O tempo passou e João-Sem-Braços tornou-se um líder imbatível na política da cidadezinha, isto, apoiado por todos os outros grandes politicozinhos.

- João-Sem-Braços, como os outros, além de fazer política, fazia também intrigas, que era a arma secreta dos partidos. "E a administração?" - perguntavam de fora. Que nada! João-Sem-Braços, como os outros, erguia o peito na rua como a dizer: "Sou o dono desta m... e não aceito opinião!"

- João-Sem-Braços, como os outros, era muito corajoso, isto era. Em época de eleição municipal metia a máscara número cinqüenta e nove e adquiria a ousadia de bater na porta da casa da gente para pedir votos.

- E dizia:
- Bom-dia, gente boa! Sô do partido tar, coisa e tar, e quero mostrá proceis a vantage de votá na gente.

- E mostrava mesmo, como se fosse vendedor de produtos Avon. Não respeitava nem mesmo a capacidade de pensar de quem votava. Às vezes, enfiava a mão no bolso (isso quando percebia que a casa era de chão batido ou pau-a-pique) e oferecia o l'argent ao pobre coitado que, ao ver a verminose dos filhos, mais que depressa pegava e jurava devoção completa ao partido.
- E era assim por diante: de casa em casa, de bolso em bolso, de sorriso em sorriso.

- Como sempre acontecia, João-Sem-Braços, como os outros, vencia a eleição, porém, como era de praxe, não fazia, ou melhor, não tinha condições de fazer nada de proveitoso, a não ser intrigas e mais intrigas.

- No meio do povo aqueles que não estavam envolvidos na política e que deveriam estar porque entendiam um pouco mais das coisas, estavam descontentes com a imensa séria de João-Sem-Braços que vinha tomando conta das coisas e já não acreditavam tanto no seu dinheiro e na sua carinha amiga.

- Um dia, um amigo mais atrevido procurou-o e disse:
- Ô compadre!, queria lhe pedir uma coisa.
- Pois peça, compadre!
- Por que você não volta a ser o que era antes?, coisa e tal, tal e coisa, digo, por que não deixa de ser político?

- Não aceitou. Ficou ofendido com o amigo atrevido e na reunião da Câmara comentou com os outros politicozinhos:
- O povo num tá contente!
- O povo não entende nada! - respondeu um deles. Toque o barco, compadre, senão ele vira e a gente se afoga.

- João-Sem-Braços que por esta passagem chata de sua vida, quase abandonou a política, ainda hoje está dentro dela fazendo promessas com Ç, administrando com I, projetando com G, tudo dentro de sua grande ingenuidade com J.

-Esta é a história de um politicozinho de interior que, com raríssimas exceções, é um verdadeiro "Político Colonial", na acepção de minha modesta palavra, pois outro dia na rua, ouvi um comentário de um dos Joãos-Sem-Braços que muito me comoveu:
- Ô compadre!, a política tá me embruiano o estamo!
- Por que compadre?
- Magina o compadre que arguém tá quereno botá posição!
- Oposição, compadre!... Oposição!
- É... é isso mesmo! Mas num tem nada não! Já tenho meu gorpe preparado pra esse ano!

- Fiquei a rir e saí de perto com medo de que toda aquela doença com dois S me pegasse com Ç, pois fiquem os leitores sabendo com C que João-Sem-Braços com S é a coisa com Z mais contagiosa com J que existe com Z dentro das Câmaras.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
(Post in João Pessoa/PB)

terça-feira, 13 de novembro de 2007

A CONFISSÃO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Confesso: sou malabarista

pacifista
me equilibro sobre
o pão.
Sou anjo, demônio
cometa
e faço das tripas coração.

Confesso: sou chantagista
esquerdista
e trabalho com a escuridão.
Sou aço, vidro
corte
e rasgo a imensidão.

Confesso: sou altruísta
humorista
e corrompo a multidão.
Sou riso, choro
delírio
e distribuo emoção.

Confesso: sou artista
um muro em construção.
Um rato de igreja, um verme
um cão.
Um resto de voz no silêncio
que habita o coração.


(Fonte: Poema - Autoria de TôeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O CIGARRO

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- 02 datas importantes tive na minha vida:

- 01 em 1959 quando comecei a fumar e outra em 25 janeiro de 2003, quando deixei.

- + de 03 carteiras ao dia, durante 44 anos.

- Fez as contas? Vamos lá:

-------
- 44 anos x 365 dias x 03 carteiras/dia= 48.180 carteiras, no total.- 48.180 carteiras x 20 cigarros/carteira= 963.600 cigarros, no total.- 963.600 cigarros x 06 cms (que é o que eu fumava de 01 cigarro)= 5.781.600 cms, no total.- 5.781.600 cms : 100 (01 m tem 100 cms)= 57.816 ms, no total.

- Resultado: em 44 anos, fumei 48.180 carteiras de cigarros, 963.600 cigarros, 57.816 ms de cigarros ou 57,81 kms, no total.

- A Souza Cruz levou:

- 48.180 carteiras de cigarros x R$ 2,90 (é o preço do cigarro que eu fumava)= R$ 139.722,00 - cento e trinta e nove mil, setecentos e vinte e dois reais - no total. Não podemos esquecer que Nena também é fumante, nos mesmos parâmetros.

- Cálculos assustadores, não? Acho que o Guiness seria algo justo para mim.

-------

- Fumei de tudo:

- Luiz XV, Pullman, Macedônia, Sir, Lincoln, Free, Camel, St James, Bacana, Haiti, Olé, Dallas, L&M, Parlamient, Belmont, Kalrton, Charm, Kent, Lucky Strike, Plaza, Pall Mall, Fullgor, Mistura Fina, Negritos, Finesse, Capri, Noturno, Havaí, Derby, Hollywood, Cônsul, Minister, Continental, Galaxy, Marlboro e mais umas 50 marcas, no mínimo, das quais não me lembro o nome, mais os talos de mamoeiros, de chuchuzeiros, fumo de rolo e cachimbos de barro.

- Fui o rei da contravenção: fumei em ônibus, táxi, avião, navio, na casa e no carro dos amigos, na empresa, quarto de hospital, recepção de clínica, escola, museu, restaurante, cinema, teatro, quarto de hotel... meu quarto, no quarto dos meus filhos; em qualquer lutar onde fosse proibido fumar, eu fumei.

- Absurdo, não? Você deve estar pensando: este sujeito é um babaca!

- ... Assumido, mas sem remorsos! Afinal de contas, eu gostava muito de fumar!

-------

- E você? É viciado em alguma coisa?

- Sexo, trabalho, consumismo, novela, futebol, Deus, cerveja, guaraná, basquete, chocolate, internet, carro, café, chá, maconha, coca-cola, cigarro, perfume, sonífero, calmante, analgésico, mesa de jogo, livro, música, política, dinheiro?

- Qual é o seu vício?

- Me desculpe, você é viciado em alguma coisa. Só que ainda não sabe que é.

- Mas não se preocupe, você tem 44 anos para se libertar do seu/sua amante muito gostosa. É difícil: afinal ele/ela é muito convincente e muito boa de cama.

- Tem até 01 ditado sobre vício que diz o seguinte: "o álcool é o pior inimigo do homem, mas covarde é o homem que foge do seu inimigo."

- Respire fundo: o vício é inerente ao ser humano.

- Gostando ou não, o cigarro foi muito importante na minha vida: me ensinou onde colocar as mãos nos momentos de timidez e constrangimento. Esteve presente em todas as poesias, contos e músicas que eu criei. Companheiro inseparável nos momentos de solidão.

- O seu vício também é... até a data da separação!

- Litígio na certa!!!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

domingo, 11 de novembro de 2007

A 1ª PEQUENA HISTÓRIA DE AMOR

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Após teu amor, Juliana
eu não amei mais ninguém
meu amor foi contigo
naquela noite no trem.

Aí fiquei tão vazio
tão sozinho
tão só sem
que a cada apito que ouvia
eu pensava que era o trem.

Aí ficava esperando
tão aflito por teu bem
que meu coração não batia
soltava fumaça também
fazia barulho de ferros
e pulava feito o trem.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

sábado, 10 de novembro de 2007

O GATO

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Descobri uma coisa interessante: gato faz bem para a pele, os cabelos e os dentes.

- Produtos para a pele e os cabelos custam os olhos da cara.

- E as mulheres, e hoje também os homens, sempre querem bons produtos para este fim.

- A turma que passou férias na minha casa, em João Pessoa, sem saber ganhou um tratamento chiquérrimo de graça.

- Como bons anfitriões que somos, eu e Nena sempre oferecemos do bom e do melhor para os nossos amigos.

- E assim foi com a Selma, a Audrey, a Nendy, a Fátima, a Bel, a Tânia, a Aline, a Fernanda e o Rildo.

- Se divertiram e saíram daqui com a pele e os cabelos da hora. Os dentes brancos... brancos!

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- Nossa receita para um produto de sucesso:

- Coloque um gatinho de + ou - um ano de idade dentro da caixa-d'água e feche a tampa.

- Deixe lá por uns 05 dias e comece a usar a água.

- Pronto! Pele, cabelos e dentes ficam ma... ra... vi... lho... sos!!!

- O inconveniente:

- Depois que o pessoal foi embora, Eu, Nena, Amana, Clareanna, Nayê, Hannah e a nossa funcionária Cida descobrimos que o banho não estava mais tão perfumado e hidratante... nem medicinal!

- E o encanador cortou o nosso barato. Limpou a caixa-d'água e acabou com a nossa fórmula secreta.

- Chato! Nossa pele, nossos cabelos e nossos dentes voltaram a sua opaca normalidade.

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- Não se preocupem. Já providenciei um gatinho para as próximas férias.

- O tratamento é secreto... e é de graça!

- Até!

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PS:

- Atenção: esta história é fictícia.

- Os personagens são reais, mas a história é só mais um texto de ficção.

- Tive a idéia de fazer o texto quando comecei a achar que tinha um "GATO" na minha água, já que há mais de 03 meses eu venho pagando, à CAGEPA, contas com valores entre R$ 220,00 e R$ 280,00.

- Eu não tenho lavador de carros.

- Podem parar de escovar os dentes!!!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O PASSO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

A cada passo do passo

o espaço do passo
é o contrapasso no compasso
do cansaço do palhaço.

Cada passo do palhaço
no espaço do passo
não passa de um passo
fadado ao fracasso.

Se é fadado ao fracasso
cada passo do palhaço
no espaço do passo
então cada espaço
do palhaço no passo
não passa de um espaço
fadado ao fracasso
de ficar sem compasso.


(Fonte: - Poema - Autoria de TõeRoberto)
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quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A BUCHADA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- A mídia é uma faca de dois gumes.

- Às vezes quer azarar - ajuda; outras vezes quer ajudar - azara.

- Caso típico das eleições de 2006.

- Caso típico do dono do Bar da Buchada, em Pernambuco, "Oclinho".

- Relembrando:

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- Palco: Bar da Buchada, Olinda. Ano de 1986.- Personagens: Oclinho, o dono; a mãe de Oclinho.

- A história:

- Para mim e os meus amigos - o Negão Almir e Romildo - o Bar da Buchada, em Maranguape, era o nosso point de cerveja e violão.

- Apenas um casebre com uma puxadinha na frente, uma buchada de bode de fazer inveja a qualquer restaurante de nome.

- Oclinho, o dono, magrinho, cara chupada, uns óculos minúsculos, azuis, pendurados no meio do nariz.

- A "Mõe", era como chamava a mãe, sempre dormindo.

- Uma noite Oclinho estava animado com uma cadela que pariu um monte de filhotes de pastor alemão, no fundo do casebre. Falava com muito entusiasmo do tamanho e da gordura dos cachorros.

- Bebemos, cantamos, comemos a buchada maravilhosa, esquecemos os cachorros e ficamos o resto da semana sem aparecer no bar.

- No final de semana, à noite, o Negão Almir chega em casa: branco, apressado, esbaforido.

- Corre para o banheiro e uááá!!!... bota tudo para fora.

- Gago que era: "A bu...bu...bu...cha...chadinha do... do...Oclinho!"

- Eu: estava estragada?

- Negão Almir: nã-nã-não! Sa-sa-saiu na... na... te...te...tele...vi...vi...são! E...e...eu...eu... eu vi...eu vi! Eu...eu...co...co...mi...comi lá ho...ho...hoje!

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- A buchada saiu na televisão, saiu nos jornais e saiu nos rádios.

- Descobriram que Oclinho, durante a semana toda, tinha servido buchada de pastor alemão. O safado fez buchada da ninhada de filhotes!

- Resultado: o Negão Almir ficou uns seis meses sem passar perto de uma buchada e Romildo, que já se foi, não o deixava esquecer de maneira nenhuma da dita iguaria. O Negão Almir vivia com ânsias.

- Para o Bar da Buchada o resultado da denúncia foi imediato: cresceu de tal forma que chegava a ter duas bandas tocando no domingo. O sucesso da propaganda foi absoluto!

- Oclinho continuou magrinho, com sua carinha chupada, seus óculos minúsculos, azuis, pendurados no nariz e vendendo buchada como jamais imaginou na sua vida.

- A "Mõe" acho que nem dormia mais!

- A mídia fez o seu trabalho ao contrário: era pra azarar - ajudou.

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- Eu estava lá e aprendi uma coisa: antes de comer uma buchada em qualquer lugar, ponha um gato perto da panela. Se ele sair correndo, não coma!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O SUSTO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Conto
as estrelas do céu
e arrepio.

Sinto que uma
está sem brilho.
Sem brilho!
Está sem brilho
no trilho
no seu trilho
que é meu brilho.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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terça-feira, 6 de novembro de 2007

A MÚSICA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Sabe quando você está absorto, vazio... ausente?

- Quando você está com aquela sensação de saudade de algo longínquo, esquecido e, do nada, uma determinada música chega aos seus ouvidos.

- E ela vai lhe penetrando como uma onda morna e começa a se esparramar pelas suas vísceras, pelos seus ossos, pelo coração e a pele.

- E você respira fundo...fundo!!!

- E uma sensação de dor e gozo toma conta de todo o seu corpo.

- E você não sabe se está sofrendo ou tendo orgasmos.

- E você não sabe se está angustiado ou extasiado.

- Aflito ou sereno.

- Dormindo ou acordado.

- Sabe quando você sente a vida e a morte cantando dentro de você, circulando rápidas, quentes, aos turbilhões por dentro das suas veias.

- E você não sabe se emerge ou afunda.

- Se grita ou se cala.

- Se bebe ou se fuma.

- Se chora ou se ri.

- E aquela saudade de algo profundo, perdido em você, de longe lhe acena e as imagens se embaralham e clareiam... se embaralham e clareiam, e algo dói gostoso, dolorido dentro do seu âmago sublimado.

- E a música avança; é um projétil pontiagudo machucando e afagando o peito e você, de olhos fechados, sente um arrepio subir pelas pernas, pela coluna, pela barriga, pelo esôfago.

- E aquele arrepio de frio, mormaço; aquele arrepio de ferida, ungüento percorre a sua alma e seus elementos mais profundos.

- Aquele arrepio único!

- A música se vai, você abre os olhos, respira fundo e está de volta ao mundo.

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- Esse é um momento mágico. Entregue-se a ele com o corpo e alma.

- Não acontece todos os dias!

- E entenda uma coisa: é um grande privilégio ser capaz de vivenciar esse momento. Um grande número de pessoas nunca vão senti-lo.

- É preciso ser especial para viajar na eloqüente sensibilidade da música.

(Fonte: Texto Autoria de TõeRoberto)
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segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A 100 ª PEQUENA HISTÓRIA DE UM DIA

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Era linda a operária linda.

Às 05 da manhã descia alegre a cidade triste
a trautear canções pro se amor distante
pras manhãs distantes
àquilo que faz um homem e uma mulher iguais.

Era linda a operária linda
a esperar o ônibus
a fazer planos
de comprar, talvez, um vestido de chita
com o salário mínimo
de sua fábrica triste.

Era linda a operária linda
espancada até a morte
pra confessar sem saber
cadê o rádio de pilhas.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

domingo, 4 de novembro de 2007

O EMPACOTADOR

CRÔNICAS&CONTOS; SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Estava, ontem, no Supermercado PãodeAçúcar, embalando as minhas compras, quando: toinc! poinc! zoinc! - rimrimrimrimrim!... uó! uó! uó! uó! uó!... A orelha do burro cresceu!

- Olhei em volta, um monte de gente de orelha grande!

- Naquele momento, descobri que pago os salários dos empregados do Abílio Diniz e que também sou seu empregado.

- Filho-da-mãe!

- O esperto substituiu os empacotadores pelos clientes. Eu sou empacotador do Abílio Diniz.

- E sempre fiz isso... sorrindo!

- Aí eu pensei: se eu paro de empacotar, o caixa, coitado!, é quem vai fazer o serviço. Mas isso é problema do caixa e do PãodeAçúcar. Eu não tenho nada com isso!

- Se o caixa empacota, a fila não anda. Se a fila não anda, alguém vai reclamar. Se alguém reclama, outro vai reclamar. Aí, um dia, eu abandono as compras, caio fora e não compro mais no PãodeAçúcar. Outros, com certeza, podem fazer o mesmo!

- Aí, num instantinho, o esperto do Abílio Diniz devolve o emprego para os empacotadores.

- Aí a fila anda! Vaias para o Abílio Diniz e aplausos para os empacotadores!

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- No shopping, na praça de alimentação, é a mesma coisa!

- A gente come, paga o serviço e joga os restos na lixeira estrategicamente colocada para isso.

- Não faça! Você está trabalhando para os restaurantes e tirando o emprego das pessoas.

- Isso é coisa de esperto!

- A partir de hoje, estou pedindo demissão dos meus empregos sem remuneração.

- Não faço mais!

- O Abílio Diniz não precisa ficar mais rico do que já é.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

sábado, 3 de novembro de 2007

O MORTO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

O morto estava pequeno

feito uma concha
deitado na praia.

Trazia nos olhos um medo
de menino assustado.

O mar lambia-lhe os pés
com sua língua azulada.

Todos nós víamos o mar
e sua tentativa de agrado.

Só o morto não via:
permanecia encolhido
e eternizado
feito um feto abortado.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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sexta-feira, 2 de novembro de 2007

A PIADA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Outro dia me perguntaram: "Quais são as 03 melhores coisas da vida?"

- Respondi na lata: Muié, dinheiro e o bicho de pé!

- Bicho-de-pé?

- É! Que adianta ter muié e dinheiro se o "bicho" não ficar de pé!

- O brasileiro perde o amigo, mas não perde a piada.

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- Nós somos um povo piadista.

- Fazemos piada de tudo. Rimos de nós mesmos. Somos autofágicos na questão da exposição da nossa própria imagem.

- Rimos do marido traído, o popular corno. Rimos do governo. Tiramos sarro do padre, dos negros, dos branquelos, dos índios, do delegado, dos loucos, dos miseráveis, dos patrões.

- Gozamos os homossexuais, os turcos, as mulheres, as putas, os anões, os gigantes, os feios.

- Morremos de rir dos gordos, dos magros, das louras, dos aleijados... dos portugueses.

- Fazemos piadas racistas e preconceituosas.

- E rimos!

- Somos hienas: trepamos uma vez por ano, comemos merda e... daaamos risadas!!!

- Pergunto: a gente ri do quê?

- Eu não tenho a menor idéia!

- Por favor! Pesquise, chegue a uma conclusão e me informe.

- Eu quero entender porque eu vivo rindo.

- Os mineiros dizem que rir "desopila" o fígado.

- Alguém pode me informar o que é "desopila?"

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- Ah! Ah! Ah! Acabei de me lembrar daquela do português!

- O português...

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

A 3ª PEQUENA HISTÓRIA DE UM ACONTECIMENTO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Vi meu rosto sair por aí:
mãos no bolso
cigarro na boca
tênis branco
calça lee.

Estava lindo
vestido assim.
Mas foi lá minha mão

torceu-lhe as orelhas
e o trouxe aqui.

Foi o que vi
depois não sei
eu daí daqui
com meu rosto preso
a mim
como um fim.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB