terça-feira, 3 de julho de 2012

Tv, a falta de limites


Um programa denominado "Catástrofe" é anunciado exaustivamente pela tv.

A agônica chamada é assustadoramente infantil:

Tragédia mesmo é você deixar de ver.

Mas o que assusta não é o slogan.

O que assusta é a exposição das tristezas, das dores, dos sofrimentos das pessoas envolvidas em grandes ou pequenas tragédias, não importa em que lugar do mundo.

A tv escancara a morte individual, a morte coletiva.

E tudo não passa de um show, fatos reais que são transformados em notícias virtuais.

E vendem, e são aplaudidas, e ganham prêmios, e deixam pessoas famosas.

Só as vítimas ressentem.

O resto, nós, mergulhados em nosso tédio diário, aplaudimos e queremos mais.

Porque o mundo, através da mídia, perdeu a noção de realidade, a noção de ética.

E todos nós, para a mídia, não passamos de personagens coadjuvantes prontos para entrar em ação.

Nessa ou na próxima catástrofe... ou tragédia.

Que tal ficar famoso morto?

Ou desaparecido?

Ou acompanhar pela tv a exposição dos pedaços da sua família esquartejada por um doido qualquer?

O que você acha?

TõeRoberto

terça-feira, 19 de junho de 2012

Falta de novidades


Vou dizer uma coisa:

Tô de saco cheio com a completa falta de novidades.

Folheio a internet, reviro os jornais, passo pelas revistas, ouço as emissoras de rádio, leio blogs, vivo enraizado na frente da tv... e nada!

Nadinha da silva!

Tudo, mas tudo mesmo é feito de velhices revestidas com roupas novas.

É só prestar atenção.

Mudam-se os políticos, mas são os mesmos disfarçados com caras novas.

Criam-se novos programas de televisão, mas são os mesmos travestidos com uma roupagem nova.

Dinamizam-se os programas das emissoras de rádio... e o que temos de novidades?

Diagramam-se os jornais de maneira nova, prática, bonita, mas o fio da meada é sempre o mesmo.

As revistas, então, é um absurdo: a beleza embalada pela superficialidade dão um show de mesmice.

A internet, bem a internet...

E nós?

O que foi feito de nós?

O que aconteceu conosco?

Acabaram com a nossa capacidade de produzir novidades?

Só conseguimos reproduzir o que lemos e ouvimos no 'mundo maravilhoso e completamente sem novidades da informação?'.

É isso?

É só o que eu penso, o que não é novidade nenhuma.

E você, alguma novidade?

Ou na mais perfeita mesmice?

Como este blog!

TõeRoberto

terça-feira, 5 de junho de 2012

Paz

Jorge, sozinho em casa - a mulher viajando -, tomou o seu banhinho da tarde, comeu um negocinho - nunca jantava -, abriu uma Skol e sentou-se na cadeira da varanda do seu apartamento - 12º andar - e ficou, ali, afagando o cachorro, olhando a cidade, e bebericando vagarosamente aquela maravilhosa cervejinha gelada.

Esvaziou a cabeça, não pensava em nada.

Só olhava... não via nada!

A cabeça e a alma... ocas.

Ele, todo oco.

Encostou a cabeça na parede, bebericou a cervejinha, se acomodou na cadeira, passou mais uma vez o pé pelo dorso do cachorro, fechou os olhos e não sentiu nada... nem dor, nem tristeza.

Talvez um alívio.

E se foi!

Muito mais em paz do que quando nasceu.

O copo escorregou da mão...

O cachorro latiu...

Uma estrela cadente atravessou a noite de sul a norte.

Silêncio...

Paz!

TõeRoberto

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Faça guerra, não faça amor!


Em pleno século 21, numa capital com quase 1.000.000 de habitantes, caminho pelas ruas à procura de um buquê de flores para presentear o meu amor, que faz aniversário.

Ando pra cá, pra lá, o sol escaldante; nada!

Não existe nas ruas uma só flor para agradecer à pessoa amada pelo amor dedicado a mim por anos.

Nada!, é como se todos os jardins do mundo tivessem secados.

As flores não têm mais sentido num mundo de gente transformada em pedra.

Os românticos se foram, são motivos de execração pública, e quem oferece flores à pessoa amada, se for homem, pode até ser vítima de gente que não concorda com isso, porque macho que é macho mesmo não dá flores às mulheres, dá porrada.

E continuo procurando, nada!

Percebo que nas ruas de uma grande cidade é mais fácil comprar uma arma do que uma rosa.

Em todos os bairros, periféricos ou não, existem grandes jardins de fuzis, metralhadoras, revólveres, granadas, facas; todos os tipos de armas usadas, inclusive para assassinar mulheres.

E vou pensando nisto, quando deparo na vitrine de uma loja um grande buquê de flores artificiais.

Friamente lindas.

Fazer o quê?

Entro, compro, peço pra que se faça um arranjo com papéis coloridos para disfarçar a visão da natureza morta e volto feliz para casa pensando na perplexa felicidade do meu amor.

No cartão felicitando-a pelo aniversário?

Meu amor, nesta data tão importante para você, só posso dizer uma coisa:

A PARTIR DE 2012 FAÇA GUERRA, NÃO FAÇA AMOR!

Que o amor já vira crime!

TõeRoberto

quarta-feira, 28 de março de 2012

Conselho de quem tem experiência


Conselho de amigo:

Sua mulher não liga mais pra você?

Não ligue pra ela também!

Sua mulher só vive assistindo televisão?

Assista a todos os jogos de futebol da semana!

Sua mulher não gosta mais de sair com você?

Saia, deixe ela em casa!

Sua mulher não quer mais tomar banho com você?

Finja que você também não quer tomar banho com ela!

Sua mulher sempre finge que está dormindo?

Finja que está dormindo também!

Sua mulher nem te cumprimenta de manhã?

Não cumprimente ela também!

Sua mulher está agindo assim?

Você está agindo assim e ela não liga?

Fique esperto meu amigo!

Alguém está comendo a sua mulher e ela está gostando!

E está amando você não dar bola pra ela!

Afinal, quem nunca foi corno um dia?

Você?

Hum!!!

TõeRoberto

segunda-feira, 5 de março de 2012

Confinamento urbano


O que eu mais temia aconteceu.

Saí do chão e estou no topo do mundo.

No mais terrível dos pesadelos.

No 12º andar de um prédio cheio de regulamentos exagerados.

De não faça isso ou aquilo.

Do ter que pedir autorização para tudo.

Do ter de parar de viver às 22 horas.

Do alto da minha varanda enxergo a grandeza do mundo.

O mar nas suas distâncias mais longínquas.

Os navios que se vão não se sabe pra onde. 

Milhares de luzinhas que se acendem e apagam como num espetáculo natalino.

Janelas que se abrem e fecham.

Carne sobre carne.

Almas sobre almas.

E observo que o confinamento se alastra.

As pessoas se escondem cada vez mais do mundo.

No chão, pessoas pequeninas, carros velozes e pequeninos... a vida.

A engenharia caótica da cidade está nua aos meus olhos.

O trânsito, o ir e vir, o conversar, o comprar... o existir.

Eu, da minha torre fortificada, vigiada e solitária estou 'livre' das mazelas das ruas.

Estou preso e 'seguro' na pior das prisões.

O aglomerado humano.

Com suas loucuras, intolerâncias e exageros comportamentais.

Com o 'não viver dos chatos', com a falsa sensação de que sou feliz porque estou imune ao mundo.

Excluído da vida.

Porque em um edifício não se vive.

Apenas se passa os dias contando os dias de morar novamente no chão.

Que é onde a vida está.

Com todas suas nuances.

Sem truques, sem regras.

Com o bom e o ruim andando lado a lado.

A segurança e o perigo dormindo na mesma cama.

Mas com a bandeira da liberdade içada no topo do coração.

Balançando ao sabor do vento.

Ao sabor da minha vontade.

Ao sabor do meu pleno e saboroso existir.

Sem dar satisfação a ninguém.

Que é como a vida deve ser.

TõeRoberto

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A bordo da TAM


Tudo se passa no interior do avião da TAM... aquele!

Antes da hora H:

Alegria, conversa, todo mundo se ajeitando nas cadeiras... barulhos, sons de turbina.

A hora H:

Senhores passageiros....

Procedimentos de segurança...

Pousar na água...

Levantar voo....

Silêncio geral.

As 2 mãos grudadas nas laterais do banco.

O coração batucando Foi um rio que passou em minha vida.

É dada a largada!

Sinal da cruz em tudo que é banco do avião.

Eta porra!

E lá vamos nós!

Quase arrancando o encosto do banco...

O coração...

Um barulho estranho

Brom, brom, brom...

É o coração do avião.

Caralho!

O avião no ar...

O furico travado, não passa uma agulha.

A famosa mudança de marcha da TAM na subida.

De 2ª pra 1ª:

Prumpt, trumpt, vrumpt...

Torcida:

Vai... vai... vai...

Vai féladaputa!

O furico...

E foi!

Escapei!

O coração, com o coração na mão!

Batucando Fascinação.

Devagar, já calmo, olho pelo interior do avião.

Percebo um monte de gente com o cu travado.

O suor desce pelo meu rosto... e pelo de muita gente.

O motorista aprumou o bichão no ar.

Respiro fundo.

Agora é aguardar o lanchinho e a cervejinha que a TAM oferece aos passageiros!

Observo os garçons/faxineiros/chefes de cabine/comissárias e comissários de bordo... os aeromoços e aeromoças.

Interessante!

Já não se fazem mais aeromoças como antigamente.

Antes, eram lindas... muito lindas!

Eram nossos objetos de desejo.

Agora são esmirradinhas, disfarçadas de moças bonitas... só bonitas!

Acho que as lindas custam mais caro.

As empresas economizam em tudo.

Está tudo mudado dentro dos aviões.

Mesmo os aeromoços não são mais os mesmos.

Um deles usando um troço daqueles de desentortar os dentes.

Isto não existia.

Antigamente todos os aeromoços e aeromoças tinham sorrisos impecáveis.

Aqueles sorrisos 'Colgate', estão lembrados?

Demorou, mas chegaram o lanchinho e a cervejinha.

Ô lanchinho mais sem-vergonha!

Um sanduichinho merreca de queijo com requeijão e espinafre.

A cervejinha...

Sol, quente... horrível!

Que merda!

A água, quente!

Mas não importa, aqui estou!

Feliz e vivo!

Até este momento, porque tem mais 1 e 1/2 até São Paulo.

E não consigo dormir porque tenho que vigiar o avião pra ele não cair.

Um abraço!

E torça por mim.

Ainda tem a aterrissagem.

É quando o furico vai voltar a travar.

E vamos rezar tudo de novo!

Pra dobrar a coragem até a descida, pedi mais uma latinha de cerveja.

A TAM não me deu!

Ô miséria!

TõeRoberto