quarta-feira, 30 de abril de 2008

O VIVER

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Viver é o barato supremo.

- Apesar de todas as mazelas da vida: das suas idas e vindas, das suas dores, a vida é algo extraordinário.

- Sempre digo: só por você ter visto:
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- O pôr-do-sol na Praia do Jacaré, na Paraíba;
- O luar que eu vi em São José da Coroa Grande, em Pernambuco;
- A Praia do Amor, na Pipa, no Rio Grande do Norte;
- O casario colonial, em Minas;
- A Lagoa Azul, em Jericoacoara;
- A Praia de Trancoso, na Bahia;
- O Rio São Francisco, em Alagoas/Sergipe;
- A beleza da Ilha Grande, no Rio de Janeiro;
- A Praia de Santiago, em São Paulo;
- O Rio Araguaia, em Goiás;
- O Vale do Itajaí, em Santa Catarina;
- O Pantanal, em Mato Grosso;
- As Esculturas de Vila Velha, no Paraná;
- As dunas de Itaúnas, no Espírito Santo;
- A arquitetura de Niemeyer, em Brasília, já valeu a pena viver.

- Isto é só uma amostra: poderia listar milhares de lugares que estão por aí e, por si só, são um espetáculo à parte.

- Poderia justificar, ainda, o barato de viver com outras centenas de argumentos, por exemplo:
.
- O nascimento do primeiro filho;
- Assistir a um FlaFlu no Maracanã;
- Ler o Made in Brazil;
- Comer uma feijoada, com um bela caipirinha;
- Ler um poema do Drummond;
- Ouvir uma boa música do Chico;
- Assistir Cinema Paradiso;
- Pescar sozinho;
- Encontrar 'aquele' amigo desaparecido;
- Dar de cara com o Grande Amor;
- Ver o Bush se foder;
- Cultivar um Jardim;
- Lutar contra a miséria e o preconceito;
- Escrever um poema e plantar uma árvore;
- Ver o primeiro filho dar o primeiro passo.

- Não importa o andamento da vida. Ela, nem que tenha sido por apenas um segundo, encanta e deixa a gente com aquela sensação de que qualquer maneira de viver vale a pena.

- Seja na normalidade, na riqueza ou na miséria a vida sempre tem alguma coisa a mais a nos oferecer, nem que seja apenas o sorriso de uma criança, o desabrochar de uma flor ou uma daquelas tardes ensolaradas acompanhada daquela chuva fria, fina e clara que, em Minas - quando acontecia - dizíamos:

- "Sol e chuva/casamento da viúva/chuva e sol/casamento de espanhol".

- Um brinde à vida!
.
- Cuidado com ela: só existe uma!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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terça-feira, 29 de abril de 2008

A ELEGIA DO AMOR PROFANO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Para Milena, Amanita, Inã, Amana e Nayê, filhos


De quem serão as crianças

que fazemos sem pensar?
E as que foram feitas
com nossa atenção dobrada
a leve mão na barriga
a doce voz pelos poros
aquela espera sentida...
o aflito contar das horas?

De quem serão as crianças
as pensadas, não pensadas?
Da rosa, cores, perfumes
bicos, pólen, vento...asas
espuma rondando a praia
azul lambendo o mormaço
gritinhos, olhos, desenhos
vida, arrepio...graça
campos de lantejoulas
matas, riachos, praças
cantiga de beija-flores
nuvens, chuva... fumaça?

De quem serão as crianças
as sonhadas, não sonhadas?
Das muitas, pobres partilhas
invasões, saques, ardis
eterna, vil armadilha
de sermos tão pueris
sozinhos, mudos, perdidos
consumido, mergulhados
no negro mangue dos dias
no frágil tic das horas
no seco som das palavras
no fundo poço dos olhos
na lenda viva, obscura...
nosso vulto na aurora?

De quem serão as crianças
as amadas, não amadas?
Das migalhas de um sono
não dormido, amamentado
no reles desejo de ira
violências, desagravos
no fino mel do veneno
faca...honra aviltada
no verde grão da inocência
humo...fome plantada
nas rudes, cegas verdades
dos levianos retratos
dos velhos, vagos anseios
pobres sonhos calados
na fria, tola permuta
a mesma face pintada
o mesmo sono invencível
vida, morte acuadas
desenhos, sons, aparências...
nosso próprio cansaço?

De quem serão as crianças
as cansadas, não cansadas?
Do gosto amargo da língua
das palavras malfaladas
do olhar fero, terrível
dos amores degolados
no eterno, doído medo
punhal... sentença talhada
na vida estéril, inerte
dos casais mal-acabados?

Serão de circo as crianças
plumas, vedetes, palhaços?
Mansos leões afagando mãos
chicote... o mágico
estranha platéia, cantigas
serenas formas aladas
aplausos, grito...delírio
o bis fluindo dos lábios
alma, corpo, destino
escadas do cadafalso
punhos, força, instinto
silêncio, reza... carrasco
rito, cenas, algemas
vaias, forca... sarcasmos
débeis flores nascendo
quietude, corte... mais nada?

De quem serão as crianças?
Do fato ou do nosso ato
de sermos todas as horas
um equilíbrio em farrapos
um pequenino retrato vazio
sem fundo... face
imagem nua... disforme
do amor carente de ordem
amor passível de morte
que veio, pousou nos olhos
teceu lampejos de posse
roeu cantigas serenas
comeu a linfa da vida
roubou a fé tão pequena
plantou sementes de ódio
tingiu o mel com veneno
torceu a linha dos sonhos
traçou o fio da sentença
forçando garganta abaixo
a sina dos mil dilemas?

De quem serão as crianças

as cantadas, não cantadas?
Do nosso parvo delírio
restos de dores guardadas
no rosto sério, ferido
nos olhos fitos, sem água?

Serão do crime as crianças
milhões de crimes da raça?
Dos vinte crimes de frases
de um só crime, a palavra
do crime acalentado
por nossa voz afiada
o frouxo corpo encolhido
as frágeis mãos calejadas
o cego gosto da posse
o couro cru da chibata
a vaga calma perdida
nessa triste, vil trapaça
de sermos feitos de alma
de vergonhas, de migalhas
de rotas pedras caídas
nas ruínas de uma praça
de honra, status, pompas
que não servem para nada?

De quem serão as crianças
as honradas, não honradas?
Do sujo, medonho espólio
herança sempre macabra
de quem nessa vida mata
com beijos, o objeto amado?

Serão nossas as crianças
pernas, pâncreas, cada abraço
choros, birras, artes, manhas
risos, sonhos, pés, trapaças?
O vôo de cada dia
a vida presa no laço
a plena vida escondida
vingança, neuro, disfarce
selada com sete chaves
ciúmes, medo, maldade
eleita, em coro, no escuro
pra servir de cambalacho?

Serão nossas as crianças
produzidas pras idades
ou serão como nós próprios
prisioneiras desse nada?

De quem serão as crianças
as que ficam, não ficaram?
Da fosca prata da lua
do seco pó das estradas
dos andaimes de concreto
das obras não terminadas
da fina imagem do vidro
dos olhos semicerrados
dos fundos sulcos, das rugas
pintura...rosto marcado
por esse suicídio lento
resíduo... vida calada
o nada - fuga impossível
essa agonia pirata
que ronda com suas espadas
o nosso peito de lata?

Serão do tempo as crianças

lábios, seios inchados
na cólica negra da noite
o canto desesperado
da fome - ave do vento
leite, no ego, estragado
por tanto sim escondido
por tantos beijos negados?

De quem serão as crianças

as beijadas, não beijadas?
Do nosso gostoso abraço
daquela velha amizade
do leve toque de pele
o livre canto sem hora
de tudo que prometemos
bonecas, parques e palmas
por tudo que lhes passamos
angústias, gritos e tapas?

De quem serão as crianças

com seus olhinhos sensatos
suas mãozinhas serenas
seus rostinhos alados?

Do curso longo, violento
das vidas atormentadas
dos vagos, duros rancores
de algum amor enfadado
desse olhar indescritível
dos adultos retalhados?

Serão de fato e direito
divisíveis, partilháveis
serão ungüentos possíveis
pros nossos cortes baratos
pros nossos pequenos traumas
pra eterna falta de tato?

Serão nossas as crianças
as com marcas, não marcadas?
Ou desse medonho poço
vida, sonhos aprisionados
na rasa, pura mentira
essa sentença calada
de sermos filhos que somos
aflitos pais não lembrados
antiga fome contida
no peito - órgão gelado
por nosso fel escondido
no estranho mundo da alma?

Serão nossas as crianças
as faladas, não faladas?
Ou serão do mesmo barro:
filhos, pais, velhos, casais
gritos, medo, desatino
o silêncio... nada mais!


(Fonte: Poesia - Autoria de TõeRoberto)

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segunda-feira, 28 de abril de 2008

A CRISE DOS MERCADOS

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Gostaria de falar de economia, mas sou ignorante... analfabeto mesmo no assunto.

- Mas algo sempre me chama a atenção: a fragilidade da minha vida em relação à economia global.

- Cacete!

- Os americanos fazem merda, reflete na minha vida!
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- O ingleses cagam e sentam em cima, sobra para mim!
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- Os alemães peidam...

- Isto é correto?

- Algum imbecil vai sofismar: é a lei de mercado!

- Mas que lei de mercado é essa?
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- Eu sempre me fodo se os americanos se fodem?
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- Se o Brasil se fuder e eu me fuder, os americanos vão se fuder?
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- Vão nada!!!
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- Lei de mercado é isto?
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- A merda só é cagada de lá pra cá?
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- Só eu me fodo?

- Se os americanos se fodem, fodem o mundo inteiro?
.
- Que merda é esta?
.
- Quem foi o imbecil que organizou esta porra?

- A economia de qualquer país, organizada desta maneira, demonstra uma burrice histórica!

- Me dirão:Ô cara burro! O merdinha é mal-informado! O infeliz não entende nada, novamente!!!..., das leis de mercado!

- Têm razão: sou uma anta!

- Mas isto não tira o meu direito - mesmo sendo uma anta - de achar que as economias dos países poderiam ser organizadas de uma maneira diferente.

- Há mais de uma maneira de se fazer a mesma coisa no mundo!

- O que acontece é que, desde crianças, convivemos com esta merda de lei de mercado!
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- Isto passou a ser a verdade absoluta em nossas vidas!
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- Isto é que o imperialismo internacional quer!
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- Isto é que os testas-de-ferro de países subdesenvolvidos aceitam!

- A crise americana coloca a economia global na corda bamba.
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- Com certeza muita gente grossa está ganhando dinheiro com isto!
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- E eu e você aqui - de mãos amarradas - com o cu na mão - só esperando pela tragédia.

- E os economistas têm orgasmos múltiplos... ficam parecendo os cronistas esportistas brasileiros em época de copa do mundo - até babam por estarem na crista da onda.
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- Na verdade, não passam de um monte de borra-botas a serviço do sistema capitalista - vivem de falar e assumir besteiras em nome do seu patrão todo poderoso.

- Irmão, vamos rezar pela economia americana - embora o melhor mesmo seria aquela porra toda se fuder para se criar uma nova ordem mundial.
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- Vamos rezar, caso contrário estamos fudidos!

- E sem vaselina!!!

- Sou uma anta... mas uma anta romântica!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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domingo, 27 de abril de 2008

O REMÉDIO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Um poema há de ser remédio
pra alma
pro desatino
senão de que adianta
sentir
viver
existirmos?


(Fonte: Poesia - Autoria de TõeRoberto)
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sábado, 26 de abril de 2008

OS MEUS FILHOS

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Confesso... sou um pai de coração angustiado!

- Não existe uma só madrugada que eu não acorde e não pense nos meus filhos.

- Nos mais velhos, nos mais novos, nos solteiros, nos casados, nos distantes, nos pertos.

- Uma angústia nada fácil de sentir... uma agonia secreta!

- Empregos, esposas, maridos, escola, saúde, vícios... futuro!

- Futuro num momento difícil da humanidade: incerteza, violência, doenças, carestia, isolamento, solidão... individualismo.

- Projeto-os no futuro distante e fico temeroso, pesaroso... agoniado com suas vidas naquele tempo futuro.

- São tão jovens!
- Tão ingênuos!
- Tão alimentados por esta farsa que é a promessa de que um dia vão conseguir o castelo!
- O alazão de asas douradas!
- Os seus filhos nos enormes jardins da esperança!
- A eterna felicidade!
- Eu envelheço!
- Mas meus filhos serão sempre crianças!
- Expostos à dureza da vida!
- À maldade humana!
- Às suas próprias fantasias!
- Às suas próprias armadilhas!
- O mundo escraviza os fortes e engole os fracos... é a lei da selva!

- Quando, à noite, viajo pelos tempos futuros e os vejo, ora sorridentes, ora tristes, ora na opulência, ora na falta, lutando desesperadamente para serem felizes, por um momento de paz... o meu coração sangra.

- Porque não há nada que eu possa fazer!

- Primeiro, porque realmente eu não sei o que fazer para protegê-los do mundo - muita gente acha que sabe - se souberem, por favor me ensinem!
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- Segundo, porque eles próprios têm sua própria visão das coisas.
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- Eu mesmo contribuí para isto, e não há nada no mundo que os faça mudar de idéia!
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- E eles, sinceramente, na maioria das vezes, nem sabem que idéia é esta!

- Mas, não se preocupem, é só a angústia de um pai!
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- Às vezes pareço distante, ausente, omisso em relação aos meus filhos.
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- Mas é só porque, talvez, nunca prestaram muita atenção no meu coração.
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- É só o coração de um velho pai que sangra angustiado, em silêncio, na solidão da noite.
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- Chorando pelos seus filhos, junto com eles, as suas perdas e dores... coisas que ainda vão acontecer.

- O amor e a paixão... por medo, às vezes são secretos.

- E coração de pai, tanto quanto o de mãe, também dói!

- Vou descobrindo isto aos poucos!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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sexta-feira, 25 de abril de 2008

A 10ª PEQUENA HISTÓRIA DE UMA ACONTECIMENTO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Esquece!
Foi tudo que eu disse.

O mundo veio ao meu rosto

como um dedo em riste.

Então não fiz outra coisa:
subi na janela e sorri
botei minhas asas de sonhos
e me fiz colibri.



(Fonte: Poesia - Autoria de TõeRoberto)
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quinta-feira, 24 de abril de 2008

NÃO ENTENDI!

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Acho que não entendi a proposta de um blog que li outro dia - não me lembro o nome.

- Primeiro, quero dizer que não sou petista, nem lulista.

- Já fui petista, hoje não sou porra nenhuma!

- O blogueiro clamava: "Fora Lula! Fora PT! Queremos o nosso Brasil de volta!"

- Francamente não entendi a proposta do blogueiro quanto a este negócio de "Queremos o nosso Brasil de volta".

- Para me posicionar a favor ou contra eu precisaria entender a proposta: sinceramente, não entendi.

- Que Brasil o blogueiro tá querendo de volta?

- O Brasil do regime militar? Torturas, endividamento, censura... aquela merda toda!

- O Brasil do Sarney? Aquela porra-louquice de congelamento, fiscal do Sarney, descongelamento... inflação estratosférica!

- O Brasil do Collor? Aquela porcariada toda de confisco, de República das Alagoas, corrupção, antipatia, cara pintada... impetchman!

- O Brasil do FHC? Neoliberalismo, privatização, impunidade, desemprego, perseguição ao funcionário público e aos aposentados... juros de 25% ao ano.

- Sinceramente, não entendi a proposta do blogueiro!

- Nasci há muito tempo e nunca existiu um Brasil, politicamente falando, do qual eu tenha saudades e queira de volta!

- O Brasil sempre foi isto! Todos os Brasis que eu conheci sempre funcionaram da mesma maneira: a elite, não importa quem seja o governo, sempre dá as cartas.

- Apesar do monte de merda que este governo já fez e ainda vai fazer, eu acho melhor conviver com ele do que com aquele monte de gente chata que é o pessoal do FHC.

- Hoje, pelo menos, a Polícia Federal aparentemente está dando nome aos canalhas - coisa que a gente nunca tinha visto em nenhum dos Brasis.

- O Blogueiro que tanta clama "Queremos o nosso Brasil de volta" precisa inventar outro Brasil para pedir de volta, porque este que a gente vive tem dono e, com certeza, não é nem do PT, nem do Lula... nem nosso!

- O buraco é mais embaixo!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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quarta-feira, 23 de abril de 2008

O DEPOIS

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Depois é feito um grito:

depois de amanhecermos tristes
depois de decidirmos a vida
depois de nos situarmos findos
nos braços do amor impossível
do amor múltiplo - dividido
do amor que não soma - tira
do amor venerado - aflito
do amor indefinido - triste
do amor homicida - frio
do amor sem limites - rinha
do nosso vazio - místico
do nosso querer sem risco
de amanhecermos tristes
de decidirmos a vida
de nos situarmos findos
nos braços do amor impossível
feito um grito múltiplo - dividido
aflito - indefinido
imprevisível - antítese...
grito!!!


(Fonte: Poesia - Autoria de TõeRoberto)

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terça-feira, 22 de abril de 2008

O MAR

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Ontem à tarde, sentado diante do mar de João Pessoa - aquela cervejinha gelada - me veio à cabeça o poema "Privilégio do Mar", de Drummond.

"Neste terraço mediocremente confortável
bebemos cerveja e olhamos o mar.
Sabemos que nada nos acontecerá.

O edifício é sólido e o mundo também.

Sabemos que cada edifício abriga mil corpos
labutando em mil compartimentos iguais.
Às vezes, alguns se inserem fatigados no elevador
e vêm cá em cima respirar a brisa do oceano,
o que é privilégio dos edifícios.

O mundo é mesmo de cimento armado.

Certamente, se houvesse um cruzador louco,
fundeado na baía em frente da cidade,
a vida seria incerta... improvável...
Mas nas águas tranqüilas só há marinheiros fiéis
.Como a esquadra é cordial!

Podemos beber honradamente nossa cerveja."

- Declamando o poema mentalmente, aconcheguei-me na cadeira, sorvi vagarosamente, aos goles, aquela maravilhosa cerveja e bati o pé no chão.

- Realmente, o edifício era sólido e pessoas, com ar de cansadas, respiravam a brisa fresca do mar.

- E na baía, diante de mim, no horizonte azul do mar de João Pessoa, apenas 01 ou 02 velas brancas - longe - e 01 ou 02 gaivotas - em vôo calmo - ameaçavam a paz da humanidade.

- Em Brasília, nada disso sabem.

- Sabem apenas que o Brasil é deles e navega em águas mansas - marinheiros fidelíssimos - e esquadras cordiais.

- A cerveja, não sei se Skol, desceu redonda e eu senti no peito o privilégio de estar diante do mar e de - afinal de contas - ser brasileiro, mesmo que honradamente...

- O garçom, sem nada saber, me trouxe outra cerveja.

- No horizonte, velas e gaivotas se fundiram e o cavalo negro da noite sobrevoou o verde mar de João Pessoa com suas asas enluaradas.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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segunda-feira, 21 de abril de 2008

A CONFISSÃO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Eu
silêncio
duas almas juntas
de dia choram
de noite sonham
possuir universalmente
o cogumelo gigante
da ogiva.

Bum!!!...(?)


(Fonte: Poesia - Autoria de TõeRoberto)
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domingo, 20 de abril de 2008

O MENINO

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Era uma vez um menino que nasceu em Minas Gerais.

- Adorava cinema, livros e circo.

- Grande sonhador!

- Assistia aos espetáculos circenses por baixo da lona.

- Amava o palhaço, o ilusionista, a bailarina e o equilibrista... amava o circo inteiro!

- Mas gostava mesmo era de ler as placas dos caminhões que transportavam o circo: Aracaju, São Paulo, Adamantina, Sumaré, Santos, Belo Horizonte, Cabobró, Sobradinho, Remanso, Juazeiro, Sobral, Recife, Caicó, Linhares, Campos, Cuiabá, Guaranésia, Eunápolis, Ilhéus, Tibau do Sul, Cássia, Olinda, João Pessoa...

- Lugares!... Imaginava os longes, as distâncias... os lugares nos mapas.

- Sonhava fugir com o circo, pegar uma estrada comprida, uma estrada sem fim... uma estrada para o infinito... um enredo para a sua vida.

- Cresceu, não fugiu com o circo, mas caiu na estrada.

- Hoje, 55 anos, caminha pela estrada sem fim... a caminho do infinito - o enredo da sua vida ainda sendo escrito.

- Acredita que o sonho sonhado está em pleno sonhar e tudo se encaixa perfeitamente nos limites do encantamento da sua vida.

- Vez em quando se lembra do circo e, hoje, tem certeza que os personagens mais importantes do circo da sua infância eram o palhaço e o equilibrista.

- Afinal de contas, as profissões da sua vida!

- De resto, a estrada continua sem fim, o seu enredo ainda está longe de terminar e o circo dorme, em silêncio, no profundo da sua memória de criança.

- Era uma vez um menino que sonhava fugir com o circo e caminhar por uma estrada infinita.

- Era uma vez um menino que cresceu, fez da sua vida um circo e nunca mais saiu da estrada sem fim.

- Era uma vez...

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

sábado, 19 de abril de 2008

O PESADELO II

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Olho olhos nus

olhando nus meu nu
e eu sem ter olhos
olhos nus
olho nu meu nu
sem tu.


(Fonte: Poesia - Autoria de TõeRoberto)

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sexta-feira, 18 de abril de 2008

NEGÓCIOS&OPORTUNIDADES

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Troca-se um avião da Tam por um Beija-Flor distraído.
- Uma cidade em alerta por uma vila pacata.
- Um céu vestido de negro por um azul impecável.
- Um ar ardido no rosto por um doce de abóbora.
- Uma tarde morta de vida por um pôr-do-sol metafórico.
- Um rio poluído e triste por um riacho fresco e arisco.
- Uma flor de plástico puído por uma rosa amarela.
- Um carro de mil cavalos por uma bicicleta encantada.
- Uma cobertura de 10.000 ms por uma choupana sem portas.
- Uma avenida asfaltada por um um caminho de terra.
- Um cartão de crédito Visa por uma "pindura" antiga.
- Um celular incrementado por um recado escrito.
- Um computador de 10.000 gigas por uma Remington portátil.
- Um emprego de 14 horas por um de 04, sem regras.
- Um salário de R$ 15.000,00 por um de R$ 1.000,00, sem patrão.
- Um sapato importado por um pé no chão sem os calos.
- Uma comida enlatada por um canteiro de alface.
- Um vizinho sisudo e triste por um solidário e alegre.
- Um elevador moderno por um degrau de pedra.
- Uma porrada no filho por um abraço gostoso.
- Um governo corrupto por um homem sensato.
- Umas 20.000 tristezas por uma única alegria.
- Um desespero de anos por uma paz de segundos.
- Um enfarte do miocárdio por um coração menos rude.
- Uma hipertensão por uma picanha na brasa.
- Um peso na consciência por uma leveza de asas.
- Um idiota convicto por um bobo sem malícias.
- Uma sobriedade cega por um porre filosófico.
- Uma crença burra por uma fé inteligente.
- Uma omissão assumida por uma vergonha na cara.
- Um sonho de consumo por uma tarde na praia.
- Um grande amor perdido por uma paixão na segunda.
- Uma Skin superquente por uma Brahma gelada.
- Uma vitória do Palmeiras por uma derrota do Corinthians.
- Uma segunda-feira por um feriadão de 04 dias.
- Um segredo de morte por um sorriso inocente.
- Uma palavra do Bush por uma coisa mundana.
- Um blogueiro muito chato pelo Carlos Drummond de Andrade.
- Uma vida de loucos por uma brisa no rosto.

- Troca-se um tolo por uma manhã sem ressalvas.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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quinta-feira, 17 de abril de 2008

O ARTESÃO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Impossível sorrir quem não sonhar

a casa
a oficina
o artesão
ofícios de leveza
versos finos
verdes linhas de pureza
e paixão.

À oficina doe asas azuladas
mãos de veludo
pés de anjo ao artesão
e atente-se ao mergulho
interminável
na profunda e vasta rosa
da ilusão.

A casa doe a fantasia
já composta
na alada oficina do artesão
e voe leve pelo espaço
do instinto
extrapolando o negro fel
do coração.

Ajuste-se a casa
o fino pólen dos suspiros
e os excitantes elementos
do artesão
e ao silêncio da oficina
do menino
prenda-se um canto
de certeza
pequenino
com o carinho que restar
em casa mão.

Cortem-se os medos
as feridas
os desatinos
com a faca sem perfil
do frio não
e sobrevoe lentamente
os abismos
que se interpõem
entre a oficina e o artesão.

As patéticas noções de vandalismo
incrustadas nas ruínas
do artesão
junte-se um pouco do silêncio da oficina
semi-encantada pela fada
da emoção.

Renda-se um pouco
da dureza dessa vida
a um instante dessa casa
em construção
solte-se a alma
não os lábios
nem os dentes
e sorria sem mover
o ressecado
e indolente hirto corpo
do artesão.


(Fonte: Poesia - Autoria de TõeRoberto)
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quarta-feira, 16 de abril de 2008

PROFISSÕES

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Eu acho que, hoje, é muito difícil um jovem escolher a sua profissão - tantas são as escolhas.

- Observo pelos meus filhos mais novos: escolheram as suas carreiras, estão na universidade, mas não sinto firmeza nas suas convicções.

- Extremamente difícil é definir o que se vai fazer pela vida afora, para sobreviver.

- Escolher uma profissão que se gosta, mas o mercado de trabalho é ruim?

- Ou escolher uma profissão que não se gosta, mas o mercado de trabalho é bom?

- Ficam entre a cruz e a espada!

- O ser humano é inseguro, volúvel e diante de fatos/acontecimentos muda constantemente de posição.

- Convivo com muitos adolescentes e observo que a insegurança é geral.

- Não é fácil você descobrir o que realmente lhe fará feliz e o proverá financeiramente na vida.

- E, ainda por cima - salários mesmo das profissões antigamente mais rentáveis - tipo engenharia, medicina, hoje em dia estão em baixa.

- Poucos são profissionais que se dão "muito bem" no que se refere a dinheiro.

- Pouquíssimos os que se dão "muitíssimo bem".

- O mercado vem criando um exército de pessoas com nível superior que acabam trabalhando, por falta de opção, naqueles empregos que antes eram reservados aos profissionais com baixo nível de escolaridade.

- Salários risíveis, vantagens profissionais em queda, estabilidade zero, carreiras inexistentes - é o que o mercado oferece.

- Dizem, de maneira muito convincente, que isto se chama liberalismo, flexibilização, competitividade, globalização - mas acho que se trata apenas de esperteza; mais um dos truques do sistema capitalista, para apertar o cerco e aumentar os seus lucros, de margem já estratosférica, em escala mundial.

- A universidade, hoje, não é mais uma certeza de emprego e de bons salários.

- Num país de desempregados, o diploma, às vezes, não passa de um rótulo sem importância nenhuma para o profissional na fila do seguro desemprego.

- Por isto, eu acho que seria bom o jovem, além da universidade, pensar numa profissão prática - tipo, por exemplo, marcenaria, eletricista, lutier, azulejista, pintor, etc.

- Com qualquer profissão prática, garante-se a sobrevivência em tempos de crise... e desemprego.

- E se mantém o princípio de dignidade e cidadania.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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terça-feira, 15 de abril de 2008

O MAR

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Cantatas

prelúdios
serestas
hinos.

Orquestra sinfônica

do instinto.

O mar:
verde música
do menino.


(Fonte: Poesia - Autoria de TõeRoberto)
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segunda-feira, 14 de abril de 2008

O CAPETA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Ficar velho, ao contrário do que se pensa, é um barato!

- Adrenalina pura!, como dizem os jovens.

- O que é um salto de Bungee Jump perto da possibilidade de um derrame?
- A corredeira de um rio caudaloso, um enfarte?
- Um racha na madrugada, um aneurisma?
- Um armagedon, um reumatismo infeccioso?
- Uma maconhazinha, um prozac?
- Duas pernas quebradas, um Alzheimer?
- Uma apendicite, um câncer de próstata?
- Um rapel, uma hipertensão fatalizada?
- 05 trepadas, uma broxada?
- O que pode ser mais emocionante - adrenalina pura mesmo! - do que abrir o resultado de um exame?
- Do que ficar com os olhos fechados, de manhã, com medo de abri-los e estar morto.?

- Ficar velho, muito mais que os jovens, é viver no fio da navalha, é equilibrar-se no fio invisível que separa a vida e a morte... é descobrir, além de tudo, que não se é eterno.

- E isso quando não fazemos papel de palhaço e rimos de nós mesmos.

- Concorde!

- Fui ao dermatologista ontem:

- Um trem branco na cabeça, um vermelhão na barba, um descascado nos pés.

- Um trem vermelho pra passar na cabeça, um troço branco pra passar na barba, um negócio amarelo para passar nos pés.

- E um sabonete pra usar sempre.

- Cheguei em casa, tomei um banho, me enxuguei, passei no corpo tudo que era de direito, vesti a roupa e comecei a sentir um cheirinho estranho.

-Comecei a me cheirar e... cruz-credo!
Eu estava com cheiro de capeta!

- Corri para o banheiro e comecei a ler as bulas: o danado do sabonete é feito de enxofre e enxofre desde que eu sou pequeno é o cheiro do capeta.

- Agora imagine: um sujeito na meia-idade, na rua, num país absolutamente crente em Deus, com catinga de capeta.

- Vai ser véia fazendo o sinal-da-cruz pra tudo quanto é lado e gritando: te desconjuro, satanás!

- Por isto digo: nascemos cagando e morremos cagados!

- Cagados, mas com a adrenalina ó!!!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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domingo, 13 de abril de 2008

A PLANTAÇÃO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

O avião (zããããoo...)

semente caindo
semente caindo
chegando ao chão.

Consumada a plantação.

Num segundo

o cogumelo nasce
bem grandão!


(Fonte: Poesia - Autoria de TõeRoberto)
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sábado, 12 de abril de 2008

A HISTÓRIA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Era uma vez uma história que se recusava a ser escrita.

- O escritor ia pra esquerda - ela, direita; queria sol - ela, chuva; ele, quente - ela, frio; ele, alegria - ela, tristeza.

- O escritor iniciava um épico - ela, tragédia; um romance - ela, drama; uma poesia - ela, conto; uma crônica - ela, carta; um elogio - ela, crítica.

- Era uma história camaleão.

- O escritor, Palmeiras; ela, Corinthians.
- O governo é; ela, não é.
- O Brasil, uma beleza; ela, uma merda.
- Os políticos estão; ela, não estão.
- O forró; o samba.
- O Nordeste; o Sudeste.
- A morena; a loira.

- Era uma história geniosa que queria escrever a sua própria história.

- Tento convencê-la que no Brasil ninguém consegue escrever a sua própria história, sempre acontece algo que nos desvia da nossa história.

- Mas ela não quer saber: ecologia, nem pensar!; miséria, nunca!; corrupção, não!; amor, eca!, esporte, argh!; isto, cansada!; aquilo, cansada! cansada!; aqueloutro, cansada! cansada! cansada!

- Escorrega pra lá, pra cá e vai esvaziando todas as minhas possibilidades.

- Começo de novo: Era uma vez...

- Nada, silêncio absoluto!

- A história se esconde atrás da sua ausência definitiva.

- Desisto!

- Nada de história, nada de nada!

- Tudo vazio!

- Só posso dizer....

- Era uma vez...

- Uma história que se recusou a ser escrita.

- Era uma vez!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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sexta-feira, 11 de abril de 2008

INTERROGAÇÃO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Pros lado da Indochina

que não conheço
estranha sina
os homens têm.

Ouvem-se barulhos
no mar(mar)ulhos(?)
e entulhos
de carne de homens
que não conheço.

A cor (do homem?)
é sangue
o ar é acre
o coração é duro
a dor (ma)dura
e Deus?


(Fonte: Poesia - Autoria de TõeRoberto)

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quinta-feira, 10 de abril de 2008

NEGÓCIOS&OPORTUNIDADES

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Troca-se esposa de 75 anos por 03 de 25.

- Especificações técnicas:
- Estado: Lamentável.
- Saúde: Dobrando o Cabo da Boa Esperança.
- Atividade/Produtividade: 05 maridos e 09 filhos homens.
- Cor dos cabelos: Pintados.
- Cor dos olhos: Esbranquiçados.
- Cor da pele: Fubenta.
- Dentição: Perereca.
- Uso do vaso sanitário: Razoável.
- Alimentação: Com babador - tira a perereca para se alimentar.
- Aparelho reprodutor: ?????, mas lavou tá nova!
- Vantagem 1: Já saiu da menopausa.
- Vantagem 2: muita história pra contar - quando fala!
- Motivos: TõeRoberto, jovem, 55 anos, moreno, 1,80, olhos verdes, corpo escultural, tudo em cima, 25 cms, 05 sem sair de cima, 07 vezes por semana, 31 dias por mês.... o Céu, o Paraíso, o Éden - todos - é o limite.

PS: Conta bancária da septuagenária: R$ 64.907.965,00.
Obs: A esposa vai, a conta vai junto.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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quarta-feira, 9 de abril de 2008

OBJETO SIM IDENTIFICADO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Um objeto

passeia no ar:

Um foguete?
Um asteróide?
Uma alma?

Não!
Uma (b)pomba!


(Fonte: Poesia - Autoria de TõeRoberto)
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terça-feira, 8 de abril de 2008

EU POSSO DIZER

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Eu posso dizer:
- Que sou um cidadão sensato.
- Não cuspo no chão.
- Não jogo lixo na rua.
- Não enfio o dedo no nariz na frente de qualquer um.
- Não peido em público... desconhecido.
- Não voto na direita.
- Já fui petista, hoje não sou nada.
- O Lula se deu bem como político, se fudeu como pessoa.
- Amo falar besteira.
- Acho o papa um babaca.
- Não ouço pagode.
- Não leio o Paulo Coelho.
- Adoro o Viola de Bolso.
- O político brasileiro é um infeliz.
- A globo idiotizou o Brasil.
- Não gosto do Galvão Bueno.
- Não suporto o Faustão.
- Tenho horror ao Gugu.
- Não confio na Veja.
- Não gosto do Maluf, do Sarney, etc... e do Psdb de São Paulo.
- Sou Palmeirense.
- Flamenguista no Rio.
- Não acredito em Deus.
- Nem no diabo.
- Não convivo com nazistas/fascistas.
- Adoro animais.
- Quero que o Bush se foda!.
- E com ele todos os filhos-da-puta do mundo!
- Amo cinema.
- Poesia.
- Conto.
- Romance.
- Tenho trocentos amigos.
- Detesto violência.
- Não gosto de frescura.
- Sou um duro.
- Apaixonado por pores-do-sol.
- E nasceres da lua.
- Eu amo o mar.
- O Nordeste.
- Tenho companheira.
- Filhos.
- Netos.
- Animais.
- Sou de peixes.
- Sou contra todas as guerras.
- A favor de todos os diálogos.
- Não desejo o mal.
- Nem sou o dono do bem.
- Trepar é algo maravilhoso.
- Cozinhar um bom prato também.
- Tomar aquela cervejinha idem.
-O cigarro já foi meu Deus.
- Hoje é uma lembrança.
- Saúde é tudo.
- Curtir a vida é o máximo.
- Ter saudades dos amigos, sempre.
- E...
- E poder dizer sem medo de errar:

- Caralho, sou um sujeito feliz!!!
- E... obviamente, só por isto sou sensato!
- E... não gosto de incrédulos!!!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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segunda-feira, 7 de abril de 2008

A 8ª PEQUENA HISTÓRIA DE UM ACONTECIMENTO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Também não precisava tanto!

Esta desordem no quarto
na sala
na estante.

A vida é uma moda de viola
um palmo de terra
uma voz que consola
um canto.

Pra que esta garrafa
este copo
este sangue?

Pra que esta faca
este rosto lívido
estes olhos brancos?

A vida é uma moda de viola
um palmo de terra
uma voz que consola
um canto.

Pra que este corte fundo

este suor que escorre
este sangue?

Pra quê?
Se tudo que eu fiz
foi lhe dizer:
se manque!...


(Fonte: Poesia - Autoria de TõeRoberto)
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domingo, 6 de abril de 2008

CARU

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Minha amiga Ana Carolina/Caru é uma figurinha.

- A conheci na barriga, vi-a crescer, se tornar menina, adolescente, mulher - posso dizer... uma gatinha... gatona.

- Mas continua menina!

- Sua história se confunde com a história dos meus filhos.

- Minha companheira de cozinha - adora um frutinho do mar.

- Minha escrava, quando a comida lhe interessa.

- Lava, relava, corta, recorta, corre, recorre, enxuga, reenxuga... e participa sempre com sua presença alegre, satírica e solidária.

- Não é poeta, mas adora rimas:

- Roberto do...
- Norival pega...
- Nena cara de...
- Amana cara de...
- Nayê cara de...
- Guto cara de...
- Solange cara de...
- Vlad cara de...
- Caru cara de... Ana Carolina, a menina com olhos cor-de-piscina.

- É uma figurinha!

- Não tem nacionalidade: Paulista, Pernambucana, Paulista, Potiguar, Carioca, Paulista, Potiguar, Carioca, com uma enorme tendência de se tornar mineira.

- É a minha amiga Ana Carolina... Caru!

- Fazemos parte de um grupo de gente que misturou as histórias das suas vidas: crianças, adolescentes, adultos, segunda idade, terceira idade... animais.

- Misturamos nossos filhos, nossos animais, nossos problemas, nossos desejos, nossos anseios, nossas alegrias, nossas tristezas, nossos amores, nossas perdas e juntos estamos acompanhando o passar das nossas vidas repletas de coisas difíceis... mas também de coisas maravilhosas.

- Para falar mais de Ana Carolina/Caru teria que escrever uma enciclopédia, tantas foram as histórias, os desígnios de todos nós - partes do grupo.

- Ana Carolina é um dos nossos capítulos mais felizes!

- A simpatia em pessoa!

- Um abraço... não um abraço - mas aquele abraço!!!

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- Tô te esperando pra fazermos aquela sinfonia marítima... e aquela moqueca!

- Com urgência!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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sábado, 5 de abril de 2008

O CASTIGO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS


muito só
neste quarto
nesta cama
nesta noite
nesta cidade
nesta vida
neste suicídio.


muito só
comigo
sentado triste
olhos sem brilho
feito um menino
de castigo.


(Fonte: Poesia - Autoria de TõeRoberto)
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sexta-feira, 4 de abril de 2008

TOB

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Era uma vez um cachorrinho chamado Tob.

- Baixinho, arreliento, chato, estridente, pegajoso, ciumento, companheiro, bonitinho, malabarista, vigilante, amigo, dono da casa... o amor da minha vida.

- Conheceu terras e pessoas a quem encantava e, às vezes, irritava da boca pra fora.

- Santos, Eunápolis, Pipa, Ilhéus, João Pessoa...

- 60 filhos, 300 netos, 1500 bisnetos, 4500...

- Esse era o Tob.

- Meu companheirinho de caminhar e conversar na Praia.

- Meu companheirinho que brigava comigo pelo travesseiro da cama
.
- Muita gente não entende a minha dor, e daí?; não tenho vergonha, eu sinto.

- A minha dor transcende ao entendimento de pessoas insensíveis.

- Estou sofrendo muito por este cachorrinho.

- Que um dia dormiu... dormiu profundamente.

- E eu senti... senti profundamente.

- E a dor...

- Era uma vez um cachorrinho chamado Tob.

- Era uma vez o meu amiguinho Tob.

- Era uma vez...

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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quinta-feira, 3 de abril de 2008

A COMPOSIÇÃO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

De fugas e viagens fomos feitos:

para isso nascemos profundos e leves
mergulho inalterado e infinito
pássaros de plumagens coloridas
poços de águas cristalinas
a refletir imagens comovidas.

De fugas e viagens fomos feitos:
para isso nascemos marítimos.
De água, sal, peixes, corais, horizontes
fomos feitos
e o líquido nos conduz à clara essência
daquilo que nos olhos desliza.

De fugas e viagens fomos feitos:
para isso nascemos retilíneos
lisos, cortantes, contundentes
viagens de faca carne adentro
ruídos de metal por entre os dentes.

De fugas e viagens fomos feitos:
para isso nascemos ausentes.
Ausentes de nós mesmos e do poente.

Ausentes de nós mesmos e do poente!


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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quarta-feira, 2 de abril de 2008

NEGÓCIOS&OPORTUNIDADES

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Doa-se um Coração Partido.

- Especificações técnicas:
- Estado: De dar pena.
- Cor: Roxo de amor.
- Atividade: Bate uma a outra falha.
- Tempo de uso: 20 anos.
- Proprietários: Única dona.
- Idade: 1/2 idade.
- Perfil: Um Coração aberto... mas partido.
- Interessados: De preferência mulher.
- História: Amou, não foi amado... mais nada.
- Motivos: a dona o trocou pelo coração do porteiro.
- A quem possa interessar procurar José Leal, na cidade de JP/PB.

- PS: Foi corno, mas leal... por 20 anos!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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terça-feira, 1 de abril de 2008

HOMENS RELÓGIOS

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

A freqüência do tempo invade a vida

e há relógios que batem, batem e batem
e que não se contentando em bater
anunciam as horas, os minutos
os segundos, as frações do tempo.

A necessidade do homem invade a vida
e há homens que trabalham, trabalham
e trabalham
e que não se contentando em trabalhar
para ganhar o pão de cada dia
ganham também o pão do próximo dia
do próximo mês, do próximo ano
do próximo século.

E trabalham como se fossem relógios
de precisão digital
sem tempo, sem descanso, sem paz
enchendo seus celeiros de reais
de dólares, de euros, de marcos
enchendo suas vidas com o vazio
que caracteriza os idiotas.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB