segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ensaio sobre o tédio


Me responda:

Por onde um cara entediado começa a falar sobre o tédio?

Estou tão entediado que estou fazendo isto por obrigação.

Pura obrigação de cronista que adora o tédio e de falar sobre ele.

E morre de tédio!

Uma merda, não é?

Merda, não; uma bosta!

Uma grande bosta!

Sempre digo:

Idiota não tem tédio!

Meu Deus, o que posso dizer?

Acho que vou deixar esta porcaria de texto pra lá e vou assistir ao Faustão.

Depois vou assistir ao Fantástico.

Ao filme da noite.

E vou dormir.

Amanhã, quando levantar, pego novamente no papel pra escrever a porra deste texto.

Cheio de tédio.

Morto de tédio.

Mas o texto vai ter que esperar.

Porque tenho que ir pra rua.

Ir ao trabalho e alimentar o meu tédio com o suor do meu rosto.

E voltar pra casa cheio de tédio.

E vou, novamente, tentar escrever este pequeno ensaio sobre o tédio.

Morrendo de tédio.

Porque é humanamente impossível viver sem tédio neste mundo cheio de gente entediante.

E cheia dos argumentadores antitédio.

Os idiotas!

TõeRoberto

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Essas mulheres!


Mulher é um bichinho gostoso, engraçado... e dissimulado.

É, mas não é; pode, mas não pode; vamos, mas não vamos; quero, mas não quero; sou, mas não sou; tô, mas não tô...

Cheias de sutilezas estão no nosso dia a dia; as nossas e as dos outros.

Sainhas curtas, decotes maravilhosos, vestidinhos colados, cabelos molhados, blusinhas transparentes, estão sempre prontas, sem 'querer estar', para o que der e vier.

Na praia, é um Deus nos acuda: biquinizinhos minúsculos, atrevidinhos... sensualíssimos!

Se vestem, por mais simples que sejam, de maneira sensual/sexual e tentam esconder o que é impossível esconder e disfarçar o que é impossível disfarçar.

E dissimulam!

Ficam incomodadas sem ficar; fingem que não é com elas, sendo; não gostam de ser o centro da atenção, gostando.

E tem um fato interessante:

As nossas, quando se arrumam e ficam lindas com certeza não é pra nós.

É para o mundo, para os olhos gananciosos do próximo.

E passamos batidos, não prestamos atenção na voracidade do próximo para com as nossas mulheres.

Porque, é óbvio, também estamos olhando, com voracidade, a mulher do próximo que se arrumou todinha pra nós.

É um jogo de sedução: seduzem sem 'querer seduzir'; se mostram sem 'querer se mostrar'; são gostosas 'sem querer ser'... maravilhosas, sendo.

E com um detalhe: se mostram todinha para o próximo e quando nos pegam olhando a do próximo é uma merda federal.

Mas mulher é assim mesmo, não tem jeito.

As nossas, simplesinhas, sãos as comuns; aquelas que não estão nas novelas, nos programas de tv, na música, nos jornais, no cinema ou no teatro; estão apenas no dia a dia das nossas casas, cuidando de nós e de nossos filhos.

E existem aquelas, com algumas exceções, que por um nome na capa da revista, uma foto no jornal, uma matéria na televisão, um comentário na internet, um papel na novela, uma pontinha num filme, a participação no BBB, uma fofoca nos bastidores estão sempre com os peitos, a bunda e tudo de fora.

Porque são essas coisas gostosas que fazem a diferença no mundo da mídia.

Fora isto são apenas mulheres comuns.

São apenas mulheres, com algumas exceções - como disse antes - que são péssimas atrizes, péssimas apresentadores de tv, péssimas cantoras; não são boas profissionais, são apenas lindas, gostosas, maravilhosas, desejadas; são feitas apenas de carne, que é o que interessa à mídia.

Não são como as nossas!

Que são lindas, maravilhosas, gostosas, desejadas, feitas de carne e de alma... e de graça!

E com uma graça!!!

Que transcende a mera exposição da imagem.

E quase joga por terra o mito da mulher-objeto.

TõeRoberto

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

SOPA Blackout Brasil


SOPA Blackout Brasil:falasdaboca.blogspot.com/

DIGA NÃO AO FIM DA INTERNET LIVRE.
Já pensou?

TõeRoberto

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Uma marca chamada Jesus


Sentado no ônibus urbano em João Pessoa, observo a paisagem.

Uma coisa me chama a atenção.

No meio das milhares de propagandas, pichações e faixas uma coisa sobressai.

O nome "Jesus" está espalhado por todos os lados.

Nos vidros dos carros - normalmente o carro é de Jesus ou dirigido por Ele.

Nas paredes das diversas igrejas - que nem sei o nome - existentes por todo o trajeto do ônibus.

Nos muros, nas paredes, nas camisetas das pessoas, nos bonés, nas capas dos cadernos escolares, nas fachadas das lojas, nos nomes de estabelecimentos comerciais, nos carrinhos dos vendedores ambulantes, na voz do homem que grita freneticamente na rua, na música do carro do vendedor de DVDs, nas palavras de quem pede a esmola, nas conversas do motorista com o cobrador, no sussurro dos passageiros, nas mãos da passageira que distribui os 'santinhos', na cabeça de quase todas as pessoas que estão dentro do ônibus.

Está também nas faixas estendidas sobre as ruas: as que anunciam a sua volta ou o final dos tempos se isto não acontecer.

Nos outdoors que propagam a sua divindade e a sua extrema necessidade na vida das pessoas.

E, segundo toda esta parafernália publicitária, só Jesus salva.

E pergunto:

Salva do quê?

Não sei do que vou ser salvo, mas uma coisa eu sei:

Percebi que Jesus hoje é uma marca... e um produto.

É como a Coca-Cola, a Pepsi, a Marlboro, a Votorantim, a Renault, a Volkswagen, a Petrobrás ou qualquer outra empresa; todas têm os seus produtos, o da marca "Jesus" é a fé.

E a marca é anunciada de uma maneira extremamente agressiva e competente pelos detentores do "direito" de explorá-la, divulgando como bem quiserem o seu produto.

A marca "Jesus" envolve milhares de empresas, milhares de igrejas, milhões de pessoas.

Valiosíssima - bilhões de dólares não a comprariam - é meio que tabu.

Não é muito inteligente colocar a figura de Jesus no antro da sujeira do sistema capitalista.

Qualquer pessoa pode sofrer represálias por estar "ferindo" a divindade personificada de Jesus, defendida com unhas e dentes pelos pseudodonos da marca.

Mas é a mais pura verdade.

Observe as ruas, os canais de televisão, as emissoras de rádio, os jornais, as revistas...

Quantas pessoas, segundo os seus próprios seguidores dizem, gritam o seu santo nome em vão.

E gritam normalmente por questões de poder, jamais por fé, porque dá pra perceber que a "fé" dessas pessoas é meramente ritualística e está ligada ao conceito da exploração política e econômica das pessoas incultas, cujas crenças religiosas são impostas por eles.

Eu particularmente entendo que a fé é um ato "puro, inteligente, sublime e iluminado" e jamais pode acontecer no meio das trevas da ignorância, propagada pelos proprietários da marca.

E Jesus está aí!

Pelo Brasil afora, vendendo que só!

Com certeza com uma senhora dor de cabeça!

Ele sabe que o seu nome está sendo usado indevidamente pelos usurpadores da sua santidade, pelos que há muito se apossaram da sua marca registrada nos anais da história do cristianismo.

E Ele sabe que não resta outra coisa a fazer.

E com urgência:

Ele precisa pegar o seu chicote e expulsar novamente os vendilhões dos templos... e são muitos!

Que exploram escandalosamente o seu sagrado produto.

E com ele fazem dinheiro.

Muito dinheiro!

Na maior cara de pau.

Sem medo de irem para o inferno.

(...)

De um ateu, muito seu amigo, 

TõeRoberto

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A cidadezinha da minha infância

Houve um tempo em minha conservadora cidadezinha, em Minas Gerais, que a vida era diferente.

Sexo, família, igreja?

Uma trilogia explosiva.

Sexo?

Muitas vezes só com um lençol furado na direção da perseguida ou com a luz apagada.

Se não fosse para concepção, o maior pecado.

Família?

Catecismo, comunhão, véu na igreja, vestido pra baixo do joelho, cristianismo à flor da pele... direita em formação.

Igreja?

A dança sóciocultural e religiosa da comunidade.

Um padre que casou a minha mãe, me batizou, me casou, batizou os meus filhos, manteve a cidade na idade da pedra, censurou todos os filmes do cinema da cidade... igualzinho ao padre do Cinema Paradiso.

Houve um tempo em que a minha cidadezinha respirava preconceito e racismo.

Filhos/filhas de "famílias tradicionais" não se casavam com filhos/filhas de operários e lavradores... ou negros.

Italianos, portugueses, espanhóis... não sei de onde vinha a ideia tão horrorosa.

Hoje?

Acho que os filhos estão tomando mais juízo e a cidade aparentemente floresce do seu atraso secular.

As famílias se misturam.

E prosperam socialmente e economicamente ... um pouco culturalmente.

Religiosamente e politicamente parece que ainda é cedo demais para exigir.

Que estas coisas no Brasil realmente ainda estão na idade da pedra.

E lá não é diferente.

TõeRoberto

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A respeito das rosas


Outro dia olhando um jardineiro, já velho, que cuidava de uma rosa vermelha com um cuidado excessivo em um pequeno jardim, me perguntei:

Como pode um ser humano, em pleno século XXI, o século da parafernália digital/eletrônica, perder tanto tempo com uma coisa tão efêmera como uma rosa?

E pensei:

Que pequenez de alma!

Que insignificância um homem se propõe a ter!

E pensei na minha casa.

4 computadores... 4!!!

Com eles vejo todas as flores do mundo num instante.

Cultivo o jardim que eu quiser... virtual, é certo.

Enquanto aquele jardineiro não sai da mesmice do nascimento daquela ou de outra rosa.

Um ser humano preso aos moldes dos tempos em que existiam almas.

Que existiam flores.

Essas coisas passadas.

Presas na memória dos sensíveis que já fomos.

Fico assustado.

Graças a Deus é apenas um insignificante jardineiro.

Que, com certeza, não ameaça a minha visão tacanha de modernidade.

Nem me obriga a revolver a terra.

À procura dos últimos resquícios da vida sobre ela.

À procura de uma rosa vermelha.

Aquela que ele cultivava com natural humanidade.

TõeRoberto