segunda-feira, 31 de março de 2008

O PLANETINHA AZUL

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Era uma vez um Planetinha Azul que era o maior barato.

- Tinha de tudo um muito: sol, chuva, frio, flores, plantas, pássaros, animais, rios, mares, lagoas, cachoeiras, peixes, camarões, lulas, polvos, lagostas, mariscos.

- Muito ar puro.

- Boa música, poesias, romances, contos, pinturas, esculturas, fotografias, filmes.

- Um pouco de ingenuidade, inocência, esperança.

- Alguns homens, pode-se dizer, Grandes.

- Era um encanto de Planetinha Azul.

- Aí algum doido inventou o capitalismo e logo em seguida o Bush que, apoiado por todos os seus amigos nazistas, começou o desmanche do Planetinha Azul.

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- Existe um filme, acho que a Profecia, em que menino que era o personagem principal: O Diabo, Capeta, Demônio, Satanás, Satã, Lúcifer, Anjo Rebelde, Belzebu, Bruxo do Inferno, Dragão, Espírito das Trevas, Espírito Maligno, Gênio das Trevas, Gênio do Mal, Pai da Mentira, Pai do Mal, Príncipe das Trevas, Príncipe do Ar, Príncipe dos Demônios, Serpente Infernal, Serpente Maldita, estava sendo preparado para ser o futuro presidente dos Estados Unidos.

- Os caras sabem das coisas: o menino era o Bush! Depois dele, lá pelos anos 2010 - século XXI - tudo no Planetinha Azul começou a ficar muito ruim - com a sua cara - ele tinha uma cara ruim - ele tinha uma cara cinza, uma expressão vazia, uns olhos de peixe morto - mórbidos - um jeito de Anticristo - o Anticristo da Profecia.
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- A natureza ficou feia, o ar irrespirável, acabaram as plantas, os pássaros, os animais, os rios e os seres do mar.

- A música, as artes em geral ficaram feias - tudo com a sua cara!

- Nunca mais apareceram Grandes Homens, porque o mundo ficou cheio dos seus seguidores - sempre pequenos homens com suas caras feias.

- A ingenuidade, a inocência e a esperança sumiram do Planetinha Azul.

- Hoje estamos aqui neste planeta cinza, vazio, nos matando por um pouco de ar e de água.

- E estamos cada dia mais feios!

- Era uma vez um Planetinha Azul que era uma belezinha; era a nossa casinha branca, de janelinhas e portinhas azuis, cerquinha branca, com um jardinzinho na frente e um cachorrinho serelepe a receber as visitas!

- Era uma vez um Planetinha Azul!...

- Era uma vez!....

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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domingo, 30 de março de 2008

PERGUNTA NO IRAQUE

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Mãe!

Por que criaram a bomba?

Bum!!!...


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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sábado, 29 de março de 2008

SE EU TIVESSE VERGONHA NA CARA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Se eu tivesse vergonha na cara eu teria nascido com mais vergonha na cara.

- Eu jamais me acostumaria com o tamanho do circo que montaram na capital do meu país.

- E eu jamais seria o palhaço que trabalha de graça no circo brasiliense.

- Eu educaria meus filhos sem medo de vê-los se transformar em pessoas oportunistas, pessoas safadas que acham que "já que todo mundo faz, eu também vou fazer".

- Eu escreveria duzentas matérias por dia pra não deixar ninguém esquecer o que a mídia - quando é do seu interesse - joga pra debaixo do tapete.

- Eu escreveria muito mais matérias deste teor, porque os assuntos estão no ar - todos os dias - em doses cavalares.

- Eu gritaria 24 horas por dia: é muita safadeza pra um Brasil só!

- Eu encabeçaria um movimento para dividir o Brasil em dois - ou três - para caber tanta gente safada, tanto trambiqueiro, tantos fatos desagradáveis que ocorrem no dia-a-dia da política e da economia nacional.

- Eu acho que... se eu tivesse vergonha na cara, diria: "mundo mundo vasto mundo/se eu me chamasse Raimundo/seria uma rima/não seria uma solução".


- Isto se eu tivesse vergonha na cara, o que não é o caso!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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sexta-feira, 28 de março de 2008

O POBRE

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

O pobre sentia frio

que fazia pena,
e quanto mais pena fazia,
mais frio o pobre sentia.

E na carne entrava o frio,
na alma entrava a pena,
e quanto mais pena entrava,
mais frio na alma fazia.

A carne o frio açoitava,
a alma a pena feria,
e o pobre do pobre, coitado;
calado, calado, sentia,
em todas as penas sentidas,
por todos os frios da vida,
a posição superaquecida
do cinismo social.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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quinta-feira, 27 de março de 2008

O PERITO

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- O assassinato de um perito do INSS - ano passado - por conta de perícia médica, é um absurdo.

- É o sinal, cada vez mais forte, que alguma coisa podre - muito podre - vem acontecendo no Brasil.

- A vida não tem mais valor. Isto na esfera dos miseráveis e também na esfera dos abastados. É só ler jornais, ver tv e passar os olhos pela internet para confirmarmos o óbvio: ou o Brasil acaba com a violência ou a violência acaba com o Brasil.

- Mas, em contrapartida, vou lhe fazer uma pergunta: nos últimos anos você já teve o infortúnio de ficar doente e de necessitar fazer perícias no INSS?

- Não? Sorte a sua!

- Dizem que melhoraram o atendimento, acabaram com os peritos terceirizados. Tomara!, porque fazer perícia no INSS era um verdadeiro horror.

- Médicos/peritos arrogantes, ignorantes, desrespeitosos, cínicos, sádicos, estúpidos, grossos, indiferentes, desumanos, desdenhosos, apáticos, preconceituosos, ameaçadores, intransigentes.

- Médicos/peritos que não olhavam nos seus olhos, não conversavam com você, não estavam nem aí para os seus exames, para os relatórios médicos... médicos/peritos que pouco se lixavam para a sua dor.

- Estou falando de periciados esclarecidos, que batiam de frente com a intransigência e a indiferença deles.

- Comum era ver periciados de baixa renda: idosos, aleijados, cancerosos, acidentados chorando pelos corredores do INSS por conta do mau atendimento.

- O atendimento era desumano, sem nenhum tipo de cordialidade, sem nenhum tipo de profissionalismo e humanidade. Parecia, mesmo, que o INSS fazia favores aos seus segurados que pagam religiosamente em dia as suas mensalidades.

- Os médicos/peritos pareciam donos da instituição e mesmo quando atendiam ao pleito do segurado o faziam com cinismo e desdém. Tipo: "vou lhe afastar, mas você tá bonzinho - não tem nada!" Isto o segurado com 200 exames na mão!

- Infelizmente, como uma coisa leva a outra - não sei se esse foi o caso - uma relação deste tipo pode sim acabar em tragédia, que foi exatamente o que aconteceu.

- Já que os peritos agora são empregados do INSS, vamos torcer para que se humanizem as perícias e que os segurados sejam tratados com o respeito que merecem.

- Afinal de contas, o INSS existe para proteger o trabalhador e não para tratá-lo como inimigo.

- O trabalhador só procura o INSS à procura dos seus direitos constitucionais - nada mais, nada menos que isto.

- Vamos conviver! Sem violência de nenhum dos lados! Afinal, todos temos direitos: o cidadão e o funcionário público.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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quarta-feira, 26 de março de 2008

A UNIÃO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Somos um

e gostaria que fôssemos dois.

Depois nem a vida,
só dois.

Somos dois
e gostaria que fôssemos três.

Depois nem a vida,
só três.

Somos três
e gostaria que fôssemos depois.

A união da vida:
três em um.

Somos depois
e gostaria que fôssemos acordados.

A união dos sonhos:
um só um.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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terça-feira, 25 de março de 2008

JOÃO

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Era uma vez João, que pediu a mão de Maria em casamento.

- Maria não aceitou e João ficou muito feliz.

- Saiu dali, arrumou um bom emprego, logo em seguida comprou um belo carro, engordou uma boa poupança e viajou pelo mundo todo.

- Namorava quem bem queria, bebia cerveja com os amigos, tinha um monte de amigas mulheres, chegava em casa às 04 da manhã, jogava a camisa no sofá, a calça na copa, o sapato no corredor, a meia no banheiro, a cueca no chão do quarto; dormia até ao meio-dia, almoçava quando lhe dava fome, limpava a casa quando lhe dava na telha e assistia seu futebol tranqüilamente no domingo.

- Era senhor absoluto do controle remoto.

- Foi morar no ABC, virou Presidente da CUT - depois Deputado Federal.

- Nunca ouviu de ninguém: "Precisamos discutir a nossa relação!" "Eu não agüento mais!" "Você não é mais o mesmo!" "Eu vou embora pra casa da minha mãe!"

- Arrumou uma boa empregada doméstica para fazer a sua comida, limpar a casa e lavar e passar a sua roupa.

- Só por isso ficou eternamente moço e viveu feliz para sempre.

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- Maria casou-se com José, teve 03 filhos, engordou, os peitos caíram, ficou cheia de estrias e celulite e vive dizendo pra José: "Precisamos discutir a nossa relação!" "Eu não agüento mais!"
"Você não é mais o mesmo!" "Eu vou embora pra casa da minha mãe!"

- José deu de beber e...

- Era uma vez...

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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segunda-feira, 24 de março de 2008

O ACONTECIMENTO XXXIII

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Entrar de tempos em tempos
no fundo dos teus olhos
e repintar o brilho
refazer os sonhos
consertar palavras
decepar anseios
e ver-te encabulada
encolhida e nua
feito uma criança com fome
de mão estendida
no meio da rua.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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domingo, 23 de março de 2008

O MULHERENGO

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Eu tenho um amigo que só tem 04 coisas na cabeça: mulher solteira, mulher casada, mulher separada e mulher viúva.

- E Deus, de sacanagem, só lhe deu um pau.

- Seus esportes favoritos: futebol, vôlei, basquete, tênis - tudo feminino.

- Música: de tudo quanto é mulher.

- Comida: todas que terminem com A.

- Bebida: cerveja - a marca depende da publicidade. Hoje é a BOA da Antarctica. Já foi a Kaiser.

- É o maior cara de pau que conheço. Onde tem mulher ele cisca. Parece um galo velho no galinheiro.

- É o rei da baranga. Todas mulheres do mundo, para ele, são lindas. O danado beija quenga na boca... um boquetezinho de vez em quando.

- Não tem preconceito de cor, idade, tamanho, peso. Não tem preconceito religioso, social, político, étnico.

- Circula bem entre as negras, brancas, amarelas, pelas de 18 a 80 anos; 1,30 ms a 2,20 ms; 40 a 150 kgs. Convive bem com a Igreja Católica e a Evangélica; com as pobres, as médias e as ricas; com o PT, o PSDB, o PMDB e o DEM; com brasileiras, japonesas, iraquianas e africanas.... é alucinado por um rabo-de-saia.

- Como diz ele: piriquita não tem cor, nem nacionalidade, nem ideologia.

- Seu projeto de vida: mudar-se para o Oriente Médio e montar um harém - no mínimo com uma Odalisca de cada país do mundo.

- Atualmente anda meio escanteado.

- A mão também é sua namorada. Atualmente está pensando em ficar noivo com ela. Possivelmente até se casar.

- O galo velho anda ciscando, mas parece que não tem mais galinhas no seu galinheiro.

- A continuar assim acaba virando viado.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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sábado, 22 de março de 2008

A 2ª PEQUENA HISTÓRIA DE UM ACONTECIMENTO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Guarde essa faca

seu moço!
Que a vida já é navalha
ferindo com força
o pescoço.

Não faça isso
seu moço!
A faca é afiada
não pensa
só cava o poço.

O poço é fundo
seu moço!
É carne
é sangue
é osso
é vida que se consome
por nada
só por desgosto.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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sexta-feira, 21 de março de 2008

NEGÓCIOS&OPORTUNIDADES

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Vende-se, com urgência, Máquina De Fazer Dinheiro.

- Especificações Técnicas:
- Estado: Seminova.
- Marca: Br/Df.
- Cor: Preta.
- Peso: 05 kgs.
- Dimensões: 10 x 20 x 20 cms.
- Alimentação: 127/220 V.
- Capacidade: R$ 200,00/dia.
- Motivo: Casal desesperado necessita de Máquina de fazer R$ 500,00/dia.
- Maiores detalhes contatar TõeRoberto/Nena - João Pessoa/PB - no horário comercial.

- PS: Tem que ser pessoalmente porque o telefone foi cortado por falta de pagamento.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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quinta-feira, 20 de março de 2008

O FANTASMA

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Eu não sou nada que valha tanto

como pensam os desencantados
eu não sou brilho
não sou nada
apenas estrela
ou, quem sabe, astro
pelo véu da noite acobertado.

Às vezes venho para este tempo
como um objeto já esperado
mas apareço, brilho e rebrilho
depois me vou feito um fantasma
e a negra noite de quem me espera
como um desejo já planejado
desce seu manto feito um castigo
sobre seus olhos amortalhados.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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quarta-feira, 19 de março de 2008

NEGÓCIOS&OPORTUNIDADES

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Troca-se marido de 75 anos por 03 de 25.

- Especificações técnicas:

- Estado: Lamentável.
- Tempo de uso: Pra cima de 1/2 século.
- Saúde: Dobrando o cabo da Boa Esperança.
- Cor dos cabelos: Cabelos???
- Cor dos olhos: Esbranquiçados.
- Cor da pele: Fubenta.
- Dentição: 1/2 original, 1/2 perereca.
- Uso do vaso sanitário: Razoável.
- Alimentação: Com Babador.
- Aparelho reprodutor: ???????
- Vantagens: muita história pra contar - quando fala!
- Motivos: Mulher jovem de 25 anos, morena, 1,75, olhos verdes, corpo escultural, peitos... coxas... bunda... boca... o céu é o limite.

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PS: Conta bancária do septuagenário: R$ 32.453.982,50.
OBS: o marido vai, mas a conta fica.


(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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terça-feira, 18 de março de 2008

A SENTENÇA V

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Confusa alma incerta

do poeta
aberta aos sonhos cegos
do profeta.

Palavras, a sentença
do arquiteto.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)

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segunda-feira, 17 de março de 2008

SE EU FOSSE CASADO

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Se eu fosse casado e gostasse de novela:

- Eu teria a dignidade de botar uma televisão no quarto da empregada e, junto com meus filhos, os cachorros e as visitas, eu ficaria em paz, idiotizado, de 02 às 22 horas, sem encher o saco da coitada da minha mulher que não gosta de novelas (difícil!!!) - gosta de conversar.

- Em ambiente de novela é proibido conversar.

- Novela só é boa quando marido/mulher estão brigados: um não precisa olhar na cara do outro.

- Às vezes brigam por causa do controle remoto/novela e ficam sem olhar um na cara do outro.

- Legal/normal!

- A Globo é uma das responsáveis pela merda do monólogo familiar.

- Durante a novela: "Cala a boca, caralho!"
- Durante o Chateza e Cacete: "Cê não ri de nada?"
- Durante a Ana Maria Brega (Eca!!!): "ouça o que a mulher tá falando, machista!"

- Verdade seja dita: brasileiro, se for mulher- na sua maioria - ou assiste ao Jornal Nacional, à novela das 08 ou está na pia, no tanque, cuidando de menino, ou dormindo.
.
- Se for homem - na sua maioria - ou assiste ao Jornal Nacional, à novela das 08 ou está dormindo no sofá - bêbado - ou no boteco da esquina, no beréu do bairro, ou jogando bilhar.

- Um conselho: você que tem família, não coloque a Globo dentro da sua casa: ela tem o poder de imbecilizar/idiotizar/fuder com a sua vida (se você achar que eu tô falando merda, ela já conseguiu).

- É ela mesma quem diz: "A gente te fode por aí!"

- E você acha o maior barato!

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- Ih!, esqueci do falar do "Gavião Fudeno."

- Afinal, ele é um dos carros-chefes da "Blobo", não pode ser esquecido!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

domingo, 16 de março de 2008

O POVO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Dê um herói ao povo e ele

se levanta,
com a fúria das idéias,
com o sangue das veias,
o vermelho das mãos.

Dê uma diversão ao povo e ele
se acomoda,
esquecendo as idéias,
o sangue de veias,
a tragédia de um herói.

Dê um pensamento ao povo e ele
só aspira,
sem querer incomodar.

Fale de futebol,
de cinema,
de televisão,
de teatro,
das novas invenções;
fale ao povo de aumento salarial
e ele sorri,
ele espera,
esquecendo tragédias e heróis.

O povo é uma criança adormecida.
O povo não sabe o que quer.
O povo é marginalizado em suas reais
aspirações.

Dê um herói ao povo e ele
se levanta,
dê duas diversões ao povo e ele
se assenta.

O povo é uma criança que vive

subjugada pelos pais.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

sábado, 15 de março de 2008

A DOADA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÒS&OS OUTROS
.
- Só pra registrar!

- Ano: 1930 e alguma coisa.
- Palco: Uma fazenda, em Minas Gerais.
- Cena I: Uma mulher, em agonia, parindo.
- Resultado: Morrem mãe e filho.

- Homem, desde que o mundo é mundo, sempre pensa com a cabeça errada. O marido não foi exceção.

- Colocou dentro de casa uma mulher jovem, bonita e....

- Conseqüências: a irmã mais velha, queimada; a do meio, pernas fraturadas; a mais nova, marcas das belas unhas da madrasta pelo corpo inteiro.

- Numa época x, de comportamento y, as três irmãs foram tipo doadas - na acepção da palavra - para as irmãs do fazendeiro.

- Duas tiveram um pouco mais de sorte; a mais velha, não.

- Com 06 anos sentiu a dor do trabalho pesado. Enfiada no trabalho da casa: ama-seca de meninos maiores que ela, faxineira, lavadeira, passadeira, cozinheira e tudo o mais. E algumas coisas bem mais humilhantes que lavar latrinas: tipo escovar os cabelos da sua "patroa".

- Analfabeta entrou/analfabeta saiu; com a roupa do corpo entrou/com a roupa do corpo saiu quando deixou de trabalhar para a sua "patroa" depois de 40 ou 50 anos de trabalho duro.

- Cruel, egoísta, dissimulada, desprovida de piedade, amor, carinho, solidariedade: assim era sua "patroa".

- Uma mulher que escondia comida dos próprios filhos.

- Escondia tanto que a comida se perdia: enfiava maçãs, pêras, uvas, pêssegos dentro dos guarda-roupas e gavetas e esquecia. Lá ficavam: na limpeza, achavam montes e montes de frutas podres.

- A avareza era tanto que não permitia coisas boas nem para ela.

- A única pessoa que conheci que não gostava de música.

- O assunto é longo. Dez romances no mínimo.

- Mas ela se foi - me lembro quando se foi.

- Disse, no leito de morte, que ninguém gostava dela. A única vez que foi sábia na vida.

- Pessoas desse tipo precisam de muito amor e carinho. São pessoas mal-amadas. Crianças que tiveram uma infância muito infeliz. Disciplina rígida e educação voltada para o egoísmo absoluto.

- Este tipo de gente ainda existe.

- Um conselho: se elas forem adultas, fique longe delas; não são boas companhias.

- Como eu disse: só pra registrar!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

sexta-feira, 14 de março de 2008

DURO DURA

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Duro levantar cedo

duro feijão no caldeirão
dura produção
dura aceitação
duro sol a sol
duro final de mês
dura peregrinação
dura vida dura
mole morte dura
vem!

Os homens que verdejam os campos
esperam a encomenda
que nós
no caminhão vermelho
da história
levaremos em doses fortes,
na dura decisão de vencer.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

quinta-feira, 13 de março de 2008

TOB

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Gostaria de compor uma Ode, um Poema Épico, uma Cantata, uma Canção, um Lamento.

- Gostaria de ter palavras para expressar a minha dor, a minha perplexidade diante da crueza da vida.

- Gostaria de escrever com lágrimas a tristeza desta ausência.

- Gostaria de conseguir... mas, só dói.

- E como dói!!!

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- TõeRoberto/Nena/Amana/Nayê/Clareanna/Megg/Kya, comunicam a todos que conosco conviveram nos últimos 12 anos a morte de uma das Pessoas mais queridas da família: o nosso queridíssimo Poodle Tob.

- A nossa casa ficou mais triste, a sua chegada não será mais tão festiva como sempre foi.

- No portão você sentirá a falta daquele que sempre o acolheu aos saltos, aos latidos e carinhos dando-lhe as melhores boas-vindas do mundo.

- Estamos muito tristes!!!

- E já no primeiro dia da sua ausência a saudade nos tortura e dói intensamente no fundo do coração de todos nós que o amávamos profundamente.

- Deixamos aqui o nosso adeus a Tob.

- Adeus!!!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

quarta-feira, 12 de março de 2008

TENTATIVA EM JOÃO TEODORO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

João Teodoro

vai capengando
comendo banana
com a filha mais nova
Ana.

No céu prateado
há um arado
desfigurado
emperrado
que é de João.

Não ara há muito
há muito não ara
há muito tempo
um pensamento
dominou João:

A minha terra
que não é minha
atrás da serra
há muito tempo
de quem será?

João Teodoro
desenha um navio
dá um assovio
baixa a cabeça
vai capengando.

A filha Ana
come banana
como uma boba
samaritana.

No céu prateado
um foguete alado
destrói o arado
desfigurado.

Há muita tristeza
nos olhos de João
de olhos cismados
sabe que o mundo
não é mais um mundo
só submundo
(i)mundo.

João Teodoro
escava a terra
atrás da serra
vai penetrando.

São sete palmos
as mãos sangrando
vai-se acabando
ao choro dos olhos
lambuzados de banana
da filha Ana.

No céu prateado
há um arado
um foguete alado
um choro cansado
por mais um João.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

terça-feira, 11 de março de 2008

ERA UMA VEZ... MARIA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Era uma vez, Maria...

- Que pediu a mão de João em casamento.

- João não aceitou e Maria ficou muito feliz.

- Saiu dali, arrumou um bom emprego, logo em seguida comprou um belo carro, engordou uma boa poupança e viajou pelo mundo todo.

- Namorava quem bem queria, ia ao shopping center com as amigas, comprava o que gostava, tinha um monte de amigos homens, chegava em casa cedo/tarde, tirava a blusa e a calça - dobrava, colocava em cima da cômoda; tirava o sapato, colocava no armário; a meia no cesto de roupa suja; a calcinha lavava em baixo do chuveiro; levantava cedo/tarde, almoçava ao meio-dia, limpava a casa todos os dias, principalmente os banheiros, e assistia sua novela tranqüilamente à noite.

- Era senhora absoluta do controle remoto.

- Foi morar no ABC, virou Presidente da CUT - depois Deputada Federal.

- Nunca ouviu de ninguém: "Você enche muito o saco!" "Você está me sufocando!" "Você não é mais a mesma!" "Você gasta demais!"

- Arrumou um moço bonito pra ser pai do seu filho, teve o filho e hoje é mulher mais feliz do mundo.

- Só por isso ficou eternamente moça e viveu feliz para sempre.

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- João casou-se com Sofia, teve 03 filhos, ficou barrigudo, o pinto caiu, ficou cheio de dívidas e vive dizendo pra Sofia: : "Você enche muito o saco!" "Você está me sufocando!" "Você não é mais a mesma!" "Você gasta demais!"

- Sofia deu de lhe botar cornos e...

- Era uma vez...

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

segunda-feira, 10 de março de 2008

OS MOMENTOS

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Abra os olhos, acorde,
sinta nos lábios o roçar dos meus,
escute, lá fora, no passar da noite,
o apito do guarda,
o miado do gato,
a mostrarem o instante do reviver.

Ajuste o compasso,
calcule a trajetória
e trace nesse beijo a parábola da vida,
depois levante-se, assim,
que não é hora
de demonstrar nos olhos a dor infinda.

Abrace-me! Beije-me!
Faça-me seu!
Olhe agora para minha face,
murmure comigo a palavra mágica;
agora deite-se, feche os olhos,
durma!
e aguarde o encanto dessa cena.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

domingo, 9 de março de 2008

NEGÓCIOS&OPORTUNIDADES

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Vende-se Perereca.

- Especificações técnicas:
- Estado : Seminova - falta o canino esquerdo e o molar direito necessita de reparo.
- Tamanho da boca: 07 cms x 07 cms.
- Histórico de escovação: religiosamente de 3 em 3 dias.
- Hábitos alimentares do proprietário: muito queijo de coalho e amendoim.
- Fabricada em: Fortaleza/CE.
- Valor. R$ 13,50 (treze reais e cinqüenta centavos).
- Motivo: Falecimento do proprietário.
- Maiores detalhes: contatar a família do falecido, João-Bafo-de-Bode, em JP/PB.
- Aceitamos contrapropostas.

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PS: Brinde: acompanha a escova de dente do falecido.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

sábado, 8 de março de 2008

O RELÓGIO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

No quarto

na parede fria
ronca o relógio
máquina sádica
levando com ele
a cada ronco triste
um pedacinho
da minha alma alada.

E eu calado
imerso na vida
ouvindo o ronco
nem sei mais do quê
me confundo todo
neste desatino
mergulhando fundo
nesta solidão
não sabendo ao certo
se é o relógio louco
ou se são as cordas
do meu coração.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

sexta-feira, 7 de março de 2008

SE EU FOSSE MULHER CASADA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Se eu fosse mulher casada ia botar este monte de macho safado na linha.

- Discutiria imediatamente prioridades: acesso ao dinheiro, amizades, liberdades; cuidado com as crianças; café da manhã, almoço, café da tarde, jantar, lanche da noite; roupa lavada, passada; limpeza da casa, banheiro todo os sábados; e, principalmente, aquela saidinha na sexta, para tomar todas com as amigas e chegar a hora que quiser em casa.

- Dormir até tarde, não fazer nada...

- Macho ativo na cama, no chuveiro, na cozinha, na sala, na garagem, no carro, no elevador, nas escadas, na... Na ausência, direito de substituir - como você costuma fazer - sem remorsos!

- Direito de freqüentar o salão de bilhar, o boteco da esquina, o campo de futebol, e, aos domingos- na hora do jogo - ser dona da televisão para ver o programa que quiser.

- Acesso irrestrito ao controle remoto da televisão - sempre.

- Na falta das obrigações conjugais e domésticas, direito de fechar as pernas, de não fazer boquetes, não cuidar de ressaca, não fazer carinhos, não fazer comida; direito de fechar a empresa casa e sair de férias com muito dinheiro na conta - sem destino e sem data de retorno.

- Circular por aí sem dar satisfações, chegar em casa com cheiro de perfume barato, bafo de cachaça, falando demais... e chata pra cacete.

- Coçar o saco na frente dos amigos, arrotar e soltar aquelas ventosidades traiçoeiras e covardes embaixo do lençol.

- Viver como mulher, agir como macho no sentido das liberdades e dos afazeres domésticos.

- Deixar de ser burro de carga.

-------

- E falando a verdade: se eu fosse mulher casada teria deixado você há muito tempo.

- Porque, sinceramente, você é um inútil na mesa, no tanque e na cama!

- E aposto como ia correndo pra casa da mamãe!!!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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quinta-feira, 6 de março de 2008

A 1ª PEQUENA HISTÓRIA DE UM DIA

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Olho pra rua e assisto

ao show que o sol prometeu:
não estou alegre
nem triste
estou pleno feito Deus.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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quarta-feira, 5 de março de 2008

O MEU AMIGO MARCO PIETRAGALLA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Há tempos atrás escrevi um poema dedicado ao meu amigo Marco Antônio Pietragalla:

A BUSCA
Busquei em vão
a explicação do ato.
Julguei-me vivo
por questão de medo.
Amei a morte
por mero disfarce.
Pulsei as veias
pra matar suspeitas.
Brilhei os olhos
pra fingir-me claro.
Movi os lábios
pra fazer-me lindo.
Amei o intacto
pra fugir da briga.
Forjei o enredo
do malabarista.
Subi na corda
fui um mau artista.

- Como se fosse ontem.

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- Semana passada, o poema veio-me na memória e bateu aquela angústia destinada às perdas que acumulamos pela vida afora.

- 14 anos sem Marquito! É muito tempo, pensei!

- Mexi daqui, mexi dali e o encontrei. Encontrei, me comuniquei e começamos a colocar as lembranças em dia.

- Amigos há 27 anos, sobrevoamos por noites intermináveis a noite de São Paulo.

- Intelectuais - ele, de verdade - eu, de aparecido - debatíamos nas mesas dos bares nossas visões de mundo - intelectualmente diferentes, humanamente iguais.

- E vivíamos, numa época ainda romântica de São Paulo, a nossa boêmia etilicamente poética, filosoficamente ébria.

- A noite cantava:
"E por falar em saudade
onde onda você
onde..."

- E Marco saía com o seu "bolsão" de couro, sua eterna calça jeans - como a minha - à procura do caminho de casa, muitas vezes batendo o dedo indicador contra o dedão, depois de uma conversa que o empolgara.

- E lá ia Marco fazendo os seus zig-zags pela noite longínqua da cidade adormecida na minha memória.

- Marco Antônio Pietragalla foi, na acepção da palavra, um "Marco" em minha vida.
- Foi de vital importância para mim, numa época difícil.
- Foi a mão que o destino empresta.

- E atravessamos décadas.
- E estamos vivos! Distantes, mais vivos!
- Isto emociona e grita no fundo da alma: Estamos vivos! Mais vivos do que nunca!

- Parem tudo!
- Pra mim hoje é dia de festa!
- Uma salva de fogos.
- Reencontrar um amigo é um fato extraordinário: num mundo de solitários, rei é quem tem um amigo.

- Um grande abraço para o meu amigo Marco Antônio Pietragalla.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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terça-feira, 4 de março de 2008

O OLHO

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Um olho não é brincadeira

é uma atitude que vai se formar
é um argumento que nos deixa rubros
com as mãos sem jeito
e o peito a saltar.

Um olho não é brincadeira
é um filme sério
estilo Fellini
que vai começar.

Um olho não é um olhar
é um vôo fundo
que a ave voa
para saciar-se.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
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segunda-feira, 3 de março de 2008

O FRANGO DO CHÃO

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- À Agropecuária Serrinha Quadrada Ltda
- Pb 230 - Km 3
- Molhados de Mangabeira - Pb

- Prezados senhores:

- Sou consumidor, há algum tempo, do seu produto o Frango do Chão.

- Lamentavelmente devo informá-los que, a partir desta data, não mais consumirei o seu produto pelos motivos que se seguem:

1º) - Descobri que o seu Frango do Chão é uma criatura sem coração, uma ave desalmada e como sou supersticioso, acho que ter uma relação tão próxima com um ser sem alma pode me trazer algum mal.

2º) - Alguma coisa me leva a crer que a ração com a qual os Srs. alimentam suas aves tem alguma coisa errada, porque:
.
A) - No manual do frango, que está impresso na embalagem está escrito: "Com fígado, moela, pescoço e pés".
B) - Mas quase sempre quando abro a embalagem percebo que o seu Frango do Chão é uma ave portadora de deficiência física, pois raro não é a coitada da criatura vir ora com um só pé, ora sem nenhum, outra vez sem a moela, sem o pescoço ou, muitas vezes, com 02 fígados ou sem nenhum.

- Acredito que, ou é a ração- como já disse - ou é algum problema congênito que atinge todas as suas galinhas.

- Certo que os senhores, empresários politicamente corretos que são, tudo farão para sanar a deficiência física das coitadas das suas aves, desde já agradeço a atenção.

- Atenciosamente,

- O Fã incondicional do Frango do Chão - TõeRoberto

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

domingo, 2 de março de 2008

AMAR AMAR AMAR

POESIA: SOBRE HOMENS&PÁSSAROS

Qualquer dia desses anoiteceu:

tudo era preto
preto
e eu nem percebi que era noite.

O divino e o diabólico pernoitaram

num só santuário
o ser embrenhou-se na sua inquietude
tingindo de sangue os umbrais de ódio
e fez do mistério existente na profanação
da lei
um simples palpitar de coração.

Pouco me importa a noite chegada
e os santuários profanados
se minha angústia é simples exposição
de fatos
para o dia que ainda vai chegar.

Amar Amar Amar
que mais resta das blasfêmias ditas
se o sangue que eu desejaria derramar
para manchar a aurora que nem veio
já nem corre dentro de mim?

O anoitecer é contínuo

o desespero mútuo.
Chegaria uma só palavra dita ao pé do
ouvido
e o mundo viraria pó.
Bastaria nessa hora vivida
que do teu corpo, elegia adormecida
saltasse um gemido cristalino
de bicho acuado, escondido
na profunda harmonia dos sentidos
para que meus olhos
meus olhos
espelhos camuflados do instinto
implorassem, dementes, tua presença
e fizessem dessa noite avermelhada
a redenção do ser.

Se a mão que com fúria escreve este
poema
ao menos brandisse, num gesto, a arma
da absolvição
seria tão notável
que com os olhos sádicos e vermelhos
eu a beijaria uma
duas
três
quatro vezes
em prol da doce e total liberdade.

Mas que esperar da desgraça
se ela nem ao menos existe?
A noite desceu e as portas se abriram
fazendo de cada objeto a minha desilusão
de cada objeto o meu cadafalso
onde a guilhotina me ensangüenta e
purifica
levando-me ao caos da sensações.

A noite apenas começou
mas meu sangue, num ritmo frenético
jorra em silêncio pelos poros da alma
fazendo da longa ausência sentida
o assassínio da moral.

Amar Amar Amar
O divino e o diabólico pernoitaram num
só santuário
o ser embrenhou-se na sua inquietude
tingindo de sangue os umbrais do ódio
e fez do mistério existente na profanação
da lei
um simples palpitar de coração.

Qualquer dia desses amanheceu
apagando do mundo a noite vista:
o ser gritou
o ser amou
o ser odiou
tingindo de vermelho a aurora.


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

sábado, 1 de março de 2008

ERA UMA VEZ...

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Era uma vez um Presidente da República que nasceu, virou menino, pescou, nadou, jogou bola e bebeu cachaça com os meninos que, como ele, não tinham futuro na vida.

- Comeu o pão que o diabo amassou com o rabo: passou fome, doença, sede, frio e não aprendeu o beabá.

- Foi empregado, desempregado e entrou em tudo quanto é estatística ruim publicada nos jornais.

- Virou operário, engordou, deixou crescer a barba, perdeu o dedo, criou cabeça, subiu palanque, organizou greves fantásticas, protestos, passeatas e sempre botou o seu na reta para ajudar aos pobres.

- Fez tanto sucesso que foi ficando importante... importante... importante e sua importância viajou para o exterior.

- A importância ficou tão importante que ele passou a sonhar em ser dono do Planalto Central.

- Aí foi deixando de lado a sua humildade, os amigos de antigamente e começou a andar com más companhias.... muitas más companhias mesmo.

- Aí para conseguir o que queria foi percebendo que quanto maior a má companhia mais chance ele teria de ser dono do Planalto Central.

- Então... vendeu sua alma ao diabo!

- E assim foi. Se tornou dono do Planalto Central - por duas vezes.

- E hoje está lá. Usa ternos que não sabe dizer o nome, ele que sempre andou de camiseta e boné. Bebe sua cachacinha escondido. Bota botox de vez em quando. Viaja pelo mundo inteiro. A esposa ficou muito mais jovem, mais bonita com os tratamentos que recebeu no Planalto Central. Os filhos estão bem. O cachorro também.

- Aprendeu a falar muita merda com as más companhias. Tudo que ele criticava nas más companhias hoje ele fala, faz e assina embaixo.

- Demagogia é o seu prato preferido: come no café da manhã, no almoço e no jantar... e oferece aos amigos.

- Quando se olha no espelho já não enxerga mais o operário, o homem do povo: enxerga o dono do Planalto Central, um sujeito fodão que não aprendeu o beabá e chegou lá.

- Se vê como um exemplo vivo de que a gente não precisa estudar pra ter sucesso na vida.

- Era uma vez um Presidente da República grevista, operário, pobre que não quer mais saber de greve, operário... pobre!

- Era uma vez...

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB