segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A bordo da TAM


Tudo se passa no interior do avião da TAM... aquele!

Antes da hora H:

Alegria, conversa, todo mundo se ajeitando nas cadeiras... barulhos, sons de turbina.

A hora H:

Senhores passageiros....

Procedimentos de segurança...

Pousar na água...

Levantar voo....

Silêncio geral.

As 2 mãos grudadas nas laterais do banco.

O coração batucando Foi um rio que passou em minha vida.

É dada a largada!

Sinal da cruz em tudo que é banco do avião.

Eta porra!

E lá vamos nós!

Quase arrancando o encosto do banco...

O coração...

Um barulho estranho

Brom, brom, brom...

É o coração do avião.

Caralho!

O avião no ar...

O furico travado, não passa uma agulha.

A famosa mudança de marcha da TAM na subida.

De 2ª pra 1ª:

Prumpt, trumpt, vrumpt...

Torcida:

Vai... vai... vai...

Vai féladaputa!

O furico...

E foi!

Escapei!

O coração, com o coração na mão!

Batucando Fascinação.

Devagar, já calmo, olho pelo interior do avião.

Percebo um monte de gente com o cu travado.

O suor desce pelo meu rosto... e pelo de muita gente.

O motorista aprumou o bichão no ar.

Respiro fundo.

Agora é aguardar o lanchinho e a cervejinha que a TAM oferece aos passageiros!

Observo os garçons/faxineiros/chefes de cabine/comissárias e comissários de bordo... os aeromoços e aeromoças.

Interessante!

Já não se fazem mais aeromoças como antigamente.

Antes, eram lindas... muito lindas!

Eram nossos objetos de desejo.

Agora são esmirradinhas, disfarçadas de moças bonitas... só bonitas!

Acho que as lindas custam mais caro.

As empresas economizam em tudo.

Está tudo mudado dentro dos aviões.

Mesmo os aeromoços não são mais os mesmos.

Um deles usando um troço daqueles de desentortar os dentes.

Isto não existia.

Antigamente todos os aeromoços e aeromoças tinham sorrisos impecáveis.

Aqueles sorrisos 'Colgate', estão lembrados?

Demorou, mas chegaram o lanchinho e a cervejinha.

Ô lanchinho mais sem-vergonha!

Um sanduichinho merreca de queijo com requeijão e espinafre.

A cervejinha...

Sol, quente... horrível!

Que merda!

A água, quente!

Mas não importa, aqui estou!

Feliz e vivo!

Até este momento, porque tem mais 1 e 1/2 até São Paulo.

E não consigo dormir porque tenho que vigiar o avião pra ele não cair.

Um abraço!

E torça por mim.

Ainda tem a aterrissagem.

É quando o furico vai voltar a travar.

E vamos rezar tudo de novo!

Pra dobrar a coragem até a descida, pedi mais uma latinha de cerveja.

A TAM não me deu!

Ô miséria!

TõeRoberto

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Ateu, graças a Deus!


Juro por Deus, sempre fui ateu!

Nunca achei possível um Ser que eu nunca vi ser proprietário deste troço monstruoso que é o universo.

E se é dono do universo por que não tem um canal de Tv, um jornal, uma revista ou uma emissora de rádio?

Não é o caso da Globo que é dona do Brasil?

Acho muito esquisito.

Muito mesmo!

Mas assim somos nós, os ateus.

Só acreditamos em coisas palpáveis.

Tanto é que eu, por exemplo, não acredito naquela atriz cubana gostosona, a Eva Mendes, já que eu jamais vou conseguir apalpá-la.

Nem numa cédula de 5.000 dólares.

E muito menos na honestidade de muitos políticos brasileiros.

Mas nós, os ateus, também somos bastante coerentes com a nossa educação cristã. 

Difícil negarmos nossa milenar cultura religiosa.

Sempre que eu subo em avião - minha mãe me ensinou -, a gente deve esquecer que é ateu.

Principalmente depois que descobri que atualmente Deus é a única 'Coisa' que segura avião no ar.

Outro dia, numa viagem pra São Paulo, tive que esquecer o meu ateísmo 10 vezes e pedir humildemente a ajuda do 'Moço'.

Não só eu, mas todos os ateus que estavam no voo.

Parece que deu certo.

Fui e voltei numa boa.

Mas ser ateu é assim mesmo.

É como quando a gente excede no limite da birita, passa mal pra caralho, e fica prometendo que nunca mais bota aquela porra na boca.

Conversa fiada!

À tarde, depois de um bom sono, a gente começa tudo de novo.

E assim vou levando a minha vida descrente.

Como um bom ateu, graças a Deus!

TõeRoberto

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Oração de morador de cortiço vertical


Valei-me Deus, Nosso Senhor do Bonfim, minha Nossa Senhora Aparecida, Virgem Maria, meu Padim Padi Ciço, Santo Agostinho, meu São Jerônimo, São Pedro, São Paulo, São José, meu Santo Antônio, São Sebastião, minha nossa Senhora dos Desenganados, Nossa Senhora dos Aflitos, todos os santos dos Desesperados, dos Agoniados, dos Arrependidos.

Socorrei-me todas os forças do planeta!

Iluminai-me toda a energia positiva do universo!

Dai-me coragem seres poderosos da luz!

Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!

Dai-me forças!

Eu não sei não andar, eu não sei flutuar, eu não sei não conversar, eu não sei não rir, eu não sei não peidar, eu não sei não cantar... eu não sei não viver.

Por favor, dai-me paciência até amanhã de manhã para que eu possa viver em paz no meio de um monte de loucos.

Dai-me sabedoria pra que eu não faça nenhuma bobagem.

Ouvi minhas preces, os meus pedidos de socorro.

Fazei com que amanhã de manhã eu arrume a minha mudancinha com todos os meus trapinhos, meus cachorrinhos, as minhas coisinhas, o meu povinho e fuja deste inferno em que vim morar:

Um cortiço vertical!

Um apartamento!

Ô coisa de corno!

Ô gente mais enxavida, mais cheia de regras.

Ô povo triste, meu Deus!

Ô coisa!

Amanhã rezo tudo de novo!

TõeRoberto

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A respeito das liberdades individuais


“Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem.” Bertolt Brecht

Ando reclamando muito em relação às restrições impostas ao cidadão pela sociedade/governo brasileiro/outros países.

Cada dia que passa vejo leis e regulamentos invadindo o meu dia a dia, me acuando, me empurrando para o exato local em que eles querem que eu esteja: em suas mãos.

Como me mudei para o 'infeliz' de um apartamento reclamo constantemente das dificuldades que tenho em me adequar - e olhe que sou bastante civilizado - às regras draconianas que, em 'nome da coletividade', os pobres moradores impõem às suas próprias vidas.

As regras, muito chatas, até que são passáveis; o problema está na intransigência e na intolerância de muitos idiotas que se escondem sobre as suas asas e se locupletam exercendo sobre o próximo o poder de repressão que elas lhes dão.

São pseudonazistas enrustidos.

E existem pessoas que concordam com isto, achando que viver enclausurado por motivos de segurança é o grande mal necessário dos tempos modernos; mas não existe isto, o que existe é uma grande propaganda - relacionada à segurança - voltada para a classe média que sempre se sentiu privilegiada e 'diferente' e acha que necessita proteger-se e proteger seus bens das mazelas das profundas diferenças sociais que levam a violência às ruas das cidades; muito mais, é certo, à periferia, bem longe das suas confortáveis casas e apartamentos.

São pessoas que concordam com tudo: com o inteiro teor da Lei Seca, com a absurda Lei Antifumo - não sou favorável a ninguém dirigir bêbado ou fumar no lugar que quiser - sou ex-fumante -, estou questionando a maneira como foram impostas ao cidadão -, com o controle das empresas sobre a utilização dos banheiros por seus empregados, com a obrigatoriedade de uma pessoa obesa pagar duas passagens nas empresas aéreas, com a proibição de empregadas domésticas usarem o elevador social dos prédios ou com qualquer outra coisa que seja feita em 'nome da coletividade'.

Coisa bem típica da classe média.

Enfastiada ela se esconde - em segurança - e se omite da sua responsabilidade pela merda da violência que ela ajudou a institucionalizar no país.

Por medo vão concordando cegamente com o domínio total da suas vidas,  pela sociedade e pelo estado, em todos os seus limites... da porta da rua até a sala da suas casas.

Como se isso fosse suficiente para aplacar a sede de controle dos donos da vida, mas não é.

Também seria bom, em nome da saúde pública e 'em nome da coletividade', fechar todos as chaminés das fábricas que poluem, e tirar todos os carros das ruas, só sendo permitido o uso de transporte coletivo.

A classe média ficaria sem carro?

Hipocrisia é o seu nome, duvido!

Também seria bom se o governo obrigasse as construtoras a melhorarem a qualidade das suas obras.

Muito bom se melhorassem em 100% o isolamento acústico dos apartamentos para evitar que cada peido que eu dou no andar de cima, o vizinho de baixo responda com outro; o chão é uma casquinha de ovo.

E entre uma regra e outra vou observando que os problemas, os fatos que levam à criação de leis restritivas pra cima do cidadão não são de minha responsabilidade.

Eu, o cidadão, não fabrico os problemas: o estado e as empresas os fabricam.

E não abrem mão de fabricá-los.

E pra encerrar este assunto chato vou dizer o seguinte:

O grande mal do Brasil não é o bandido que 'obriga' o cidadão a se enclausurar.

O grande mal do Brasil é a péssima distribuição de renda.

Da qual a classe média não costuma reclamar.

E ponto.

De resto eu quero me mudar para uma casinha.

Aquela pequenina de janelas e portas azuis.

Com um cachorrinho magro na porta.

Que apartamento não é lugar de gente morar.

Ou é?

TõeRoberto