sexta-feira, 19 de junho de 2009

VELHICES

A velhice é deprimente... mas engraçada.

As pessoas de idade frequentam os lugares mais insólitos.

Lugares pra melhorar a memória, o sexo, o apetite, a vista, os cabelos, o ouvido, a fala, o sono, o andar, o pegar, o sentar, o deitar, o humor... e por aí vai.

Mas não tem lugar mais engraçado que uma clínica de fisioterapia.

Sou um grande frequentador delas há anos.

Tem velho pra tudo quanto é gosto:

Ruim dos pés, dos tornozelos, das pernas, dos joelhos, dos quadris, das costelas, dos dedos, das mãos, dos cotovelos, dos braços, dos ombros, do pescoço, da coluna... de tudo que é junta que existe no corpo.

E uma clínica de fisioterapia é algo atípico.

Pensa numa daquelas câmaras de tortura, aquelas dos filmes da idade média... as famosas torturas medievais.

Ferros, bolas, pesos, camas esquisitas, cabrestos, choques elétricos, troços gelados, coisas pontudas, água quente, gelo, cordas, escadas, camas, apertos, dedadas...

Só não vi, ainda, correntes, mas elas devem existir escondidas nalgum canto para 'tratamentos especiais'.

De manhã é um verdadeiro tendepá pelos corredores e salas da clínica.

São verdadeiras sessões de torturas.

Tem velho sendo torturado de tudo quanto é jeito.

É velho pendurado pelas bolas, pescoço, orelha, tornozelo.

É velha de perna arreganhada... com o terço na mão.

Velho de 4, velha plantando bananeira, velho agachado, velha encostada na parede.

Velha com as pernas de lado, com as mãos pra cima, deitada em cima de bolas.

Velho levando choque, levando apertos, sendo obrigado a mexer com as pernas... mesmo gritando, berrando.

Velha gemendo, reclamando, blasfemando.

E mexe daqui, mexe dali, rola pra cá, rola pra lá, levanta braço, levanta perna, dobra o joelho, dobra o cotovelo, dobra a coluna, gira o ombro, gira o pescoço, pula, agacha, deita, levanta, pega peso, mexe, mexe, mexe... e grita, geme, reclama, mas não tem jeito, ou faz direito ou começa de novo.

E no meio daquela sessão de horror, as mocinhas: as fisioterapeutas.

"E aí, seu TõeRoberto, tudo bem?" "Como vai, seu Remígio?" "Tá doendo, dona Ophélia?" " E o gelo, seu Afrânio?" "E o choque, dona Maria?" "E o cabresto, seu João?" "E o peso, dona Severina?"

E só se ouve, mesmo que não se escute: Ai! ai! ai!, ui! ui! ui! Jesus! Que merda! Que bosta! Ai!, ui!, ai!, ui! Puta que pariu! Cacete! Caralho! É foda!

É divertido!

E não fica ansioso: o seu lugar está garantido nas sessões futuras de tortura.

Você também vai curtir este assunto de 'velhices'.

E vai sentir na pele o que é adrenalina de verdade.

Sem o aplauso da mídia.

E sem ninguém pra passar a mão na sua cabeça.
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TõeRoberto-08:198-post in jampa/pb

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