segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O tédio da juventude

Outro dia li sobre uma pesquisa que fizeram sobre o consumo de drogas em diversas cidades brasileiras.

E descobriram que um dos motivadores do alto consumo de drogas entre os jovens é o tédio: não ter o que fazer.

A juventude sofre de tédio.

O nosso velho, delicioso e conhecido tédio!

Mas como é que pode no meio de tantas coisas pra se fazer - não é o que a televisão fala o dia inteiro? -, a juventude ter tédio?

Vivem no meio da parafernália dos celulares da hora, internet, Lan Houses, tvs enormes, games, DVDs, CDs, shopping centers, motos, carros e sexo à vontade.

Isto não é o que no mundo se transformou?

Então, fiquei pensando.

E pensei em milhões de brasileiros - e em mim - que há 40, 50 anos atrás, com 12, 13, 14, 15, 16, 17 anos não tinham acesso a nada disso.

Nosso entretenimento?

Nadar, pescar, caçar, jogar bola, jogar bete, jogar triângulo, brincar de pique, de esconde-esconde, de mocinho, de bolinha de gude, trocar gibis, bafo, subir em árvores, roubar frutas no quintal do vizinho, brincar de roda, jogos coletivos de rua, fazer carrinhos de rolimã, pular corda, jogar queimada, pular amarelinha, estilingue e, principalmente, ler... e bater punheta.

O que acontece, então, quando eu penso nos tempos de hoje e naqueles tempos?

Eu acho o seguinte:

Naqueles tempos jovens pobres ou ricos tinham praticamente as mesmas atividades de lazer.

Inclusive, na maioria das vezes, brincavam juntos.

A gente não precisava consumir pra ser feliz.

Presentes, naquela época, quando se ganhava, eram só no aniversário ou no natal.

Não se ganhava presentes quase todos os dias, como hoje.

Mas as nossas atividades lúdicas eram tão intensas que a gente não tinha tempo pra ter tédio.

Naqueles tempos dificilmente um jovem se matava (ou matava o outro), o que é muito comum hoje em dia.

Hoje a juventude está mergulhada no meio do inferno tecnológico, saturada de informações, convivendo até o pescoço com as futilidades da internet e da televisão.

A tv e a internet tomaram conta de tudo.

Pouco se lê, não mais se brinca de nada, e a toda hora alguém é infernizado por mais um troço eletrônico que acabou de ser lançado no mercado.

Hoje, quando jovens se juntam, é pra ir pra 'balada', festinha no ap do amigo, ao boteco da praia.

A bebida alcoólica, o cigarro e outras drogas estão sempre presentes neste tipo de ambiente, e o exagero...

É só o que eu acho.

E acho que ter tédio faz parte da vida... e é gostoso.

Agora, quando ele se torna tão frequente a ponto de interferir no comportamento das pessoas, não é mais tédio, é doença e precisa ser tratada.

Com urgência!

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