segunda-feira, 28 de março de 2011

Confissões incômodas

Vou confessar uma coisa:

Tenho vergonha de sair na rua.

De andar por aí, caminhar pela praia, pelas praças, pelo cento da cidade.

Uma multidão de pessoas excluídas 'vivem' esparramadas por todos os cantos.

Embaixo das marquises, nas varandas, nos bancos, nos cantos, sob as árvores, sob os viadutos, sob as pontes, na cobertura das barracas, ao relento... invisíveis.

Crianças, adultos, velhos, craqueiros, bêbados, doentes, cheiradores de cola, pequenos ladrões, pequenas prostitutas... gente desprovida de tudo, até da minha atenção; eu que sou metido a comunista, socialista, anarquista, e sei mais lá o quê.

É uma merda!

O peso da consciência bate pesado.

E me pergunto:

Será que bate pesado o suficiente, já que eu não faço porra nenhuma pra mudar isto?

Acho que não!

Acho que sou apenas mais um filho da puta que tem vergonha de andar nas ruas só da boca pra fora.

Como todos os outros filhos da puta que eu tanto critico...

E não gosto.

Por serem tão filhos da puta quanto eu.

Embora eu não o seja, pelo menos na minha cabeça de esquerdista de merda.

Que pensa que só pensar resolve os problemas do mundo.

E tira o peso da consciência.

E justifica tudo!

O cacete!

Nenhum comentário: