segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Clarezas

Com quantos olhos eu nasci?

Enxergo tanto que a vida me assusta.

Enxergo de frente, por trás, de lado, pra cima, pra baixo.

Enxergo por dentro, por fora, raso, profundo.

Enxergo o claro, o escuro, a névoa, a penumbra.

Enxergo o silêncio, a mordaça, a omissão, a traição.

Enxergo a alegria, a tristeza, a dor, o prazer.

Enxergo as faltas, os excessos, o horror, o poder.

Enxergo a certeza, o impossível, a mentira, o não ser.

Enxergar dói!

É como abrir os olhos diante do sol.

É como queimar a retina.

E ficar cego de tanta claridade.

Enxergo pelas frestas do ardor da luz.

Enxergo mais do que devo.

Enxergo mais do que posso.

E não posso fazer nada.

Enxergo!

E como dói!

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