segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O guarda-noturno

Concorde comigo.

A maioria das pessoas gosta de ouvir o apito do guarda-noturno:

Pri pri pri pri pri!

O som ecoa pela noite.

As pessoas se sentem seguras, protegidas, muradas pela presença de um homem, ou mulher, que vela com seu apito solitário a propriedade privada... as vidas.

Eu não gosto!

O apito me deprime.

Me lembra que sou prisioneiro do caos.

Um ser trancado dentro dos muros, das grades, das chaves e que necessita - coisa horrível - de outro ser humano para vigiá-lo, protegê-lo a todo instante dizendo:

"Durma tranquilo, senhor, estou aqui do lado de fora de sua prisão e cuidarei com a minha própria vida do seu sono tranquilo, dos seus bens materiais, da sua família... da sua propriedade."

Pergunto:

E quem velará pela segurança, do sono, dos bens materiais, da família e da propriedade do guarda-noturno - se é que ele os tem - este homem que vive e sobrevive de assoprar apitos e mantém o sistema dentro de uma segurança mínima previsível?

Não, não gosto de guardas-noturnos!

Eles, sem saber, me lembram os campos de concentração nazistas que só vi nos filmes.

Não gosto de guardas-noturnos.

Estou ouvindo um agora!

Me sinto solitário!

E totalmente inseguro com o mundo lá fora.

Que o guarda-noturno insiste, com seu apito, em me avisar que existe.

Um comentário:

dudu disse...

Condordo totalmente com que escreveste. Porém tenho que acrescentar que o apito do guarda nada significa, já que ele não tem a menor autoridade. Então, o que estás ouvindo é apenas uma pessoa que usa um colete escrito "SEGURANÇA" segurando um apito. Infelizmente eles são os flanelinhas dos novos tempos. Isso é deixa triste porque eles o resultado da indústria do medo.