segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Confissões de uma puta cansada

Caro João, a vida tá foda! Tem 3 dias que eu não durmo, só fudeno. Tô com 2 aluguéis atrasados e o dono do imóvel, aquele viado, não tá mais aceitando piriquita como pagamento. O desgraçado quer em dinheiro.

Não sei como vim parar nessa vida de merda. Sempre fui responsável, inteligente. Tanto é que fiz até o 4º primário, sei ler e sei assinar o nome.

Acho que entrei nessa vida por culpa daquele corno do Zezinho que me enrolou direitinho com aquele negócio de que no cuzinho não tinha problema.

Acabei gostando daquilo e acabei perdendo o cabaço com aquele safado. E daí não parei mais. O Mário, o Carlos, o Manoel, o Roberto, o Anderson, o Carlito, o Marquinho, o Chiquinho da Rita, o Jiló, o Melchíades, o Galego, o Leporácio, o Serjão, o Antenor, o Valdir, o Antônio, o Tiago, o Azevedo, o Fuinha, o Marreta, o Pancadão, todo mundo me comeu. Até que achei desaforo dar de graça pra todo mundo e comecei a cobrar.

No começo eu achava gostoso. Era bom, muito bom! Cada hora uma pica diferente, uma chupada diferente, uma conversa diferente, uma doidura diferente e sempre um dinheirinho na bolsa.

Cerveja à vontade, cigarro, baseado, cachorro-quente na cama, às vezes um carinho... ou um tapão, mas era bom; bom a ponto de fazer carreira, não querer sair mais.

Mas sabe como é. O tempo passa, a formosura vai se acabando, o pique não é mais o mesmo... você vai ficando cansada e acabei tendo que arrumar um emprego aqui com a Dona Chica, que lá fora a coisa estava feia.

Era provisório, mas acabou virando um provisório definitivo. Aqui cheguei, nunca mais saí.

Até que teve uns tempos bons, mas agora mudou tudo. O beréu anda devagar e a coisa tá ficando preta pra todo mundo aqui.

Não sei o que anda acontecendo. Os homens tão raleando, o movimento caiu mais de 50% e o dinheiro tá curto.

Aninha, que trabalha aqui comigo e estuda pra ser advogada, me disse que é culpa da tal de internet. Que a maioria dos homens de hoje gosta mesmo é de ficar vendo mulher pelada nessa tal internet e batendo punheta. Que ficaram acostumados com isto e agora só querem viver na mão.

Aninha me disse que estão começando a esquecer o que é arregaçar a pica com uma mulher gostosa de verdade. E que muitos estão arregaçando mesmo é a pica dos amigos. Ela me disse que na escola dela tá cheio de viado.

É uma merda, não é? Eu não entendo nada disso, mas sempre achei que fuder é bom quando tem um homem, uma mulher ou vários homens e uma mulher, ou várias mulheres e um homem. Mulher com mulher e homem com homem eu nunca gostei muito disso não, porque nunca fui de gostar de viadagem.

Sei lá, tô me sentindo meio sozinha. Parece que ninguém mais presta atenção na minha pessoa e, atualmente, eu tenho aguentado muito bêbado e gente de idade que nem dá mais no coro. Às vezes me dão uma gorjetinha só pra ficarem olhando eu bater uma siririca.

Sorte mesmo teve a Walkíria que casou com o homem dela, o Maurição, o caminhoneiro. Dizem que já tem até filho e casa própria. Também com um rabo daqueles eu já tinha comprado um prédio e arrumado uns 10 maridos.

Eu cansei dessa vida, João. Já devo ter enfiado uns 3 km de pica no rabo, uns 6 na boca e uns 12 na piriquita. Tô num ponto que quando vejo um pinto me dá uma agonia danada, uma vontade doida de sair correndo e gritando! Acho que enfastiei, tô com pinto por aqui.

Eu queria poder voltar pra casa de pai e mãe. Sei que eles estão velhinhos e nunca me perdoaram por ter virado puta, já que eu não tinha necessidade disso.

Converse com eles pra mim, João. Fale pra eles que eu tô fudida. Só que não fala assim, fale de outro jeito que mãe não gosta de palavra feia, nem pai.

Faz este favor pra mim, João. Eu preciso sair dessa vida. Tô cansada! Isso aqui já deu o que tinha que dar, eu já dei o que tinha que dar e já paguei todos os meus pecados, até os que ainda vou cometer.

Ah, e vê se pai e mãe paga a minha passagem que eu tô lisinha de tudo, dinheiro nem pra comprar uma caixa de fósforos!

Faz essa caridade, João!

Da sua sempre amiga Geneilda, que muito te quer.

P.S:

Pra você eu vou abrir uma exceção. Quando chegar aí vou te pagar um boquete.

Um abraço!

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