Eu tinha um hobby interessante.
Adorava trepar, a mulher por cima, e eu fumando, bebendo... lendo poesia.
Drummond participou de diversas fodas minhas.
Fernando Pessoa.
Cecília Meirelles.
Pablo Neruda.
Bandeira.
Eu...
Tardes e tardes de Minister, Brahma, poesia... fodas.
Maravilhoso!
Interação total!
Hoje parece que eu me perdi no tempo.
Deixei de fumar, bebo menos, trepo quase nada... e acho que a poesia morreu assassinada na cama de um casal de amantes qualquer.
E veio a AIDS.
A camisinha.
A quase total falta de contato físico.
O sexo pelo sexo.
E o papo de que sexo é a palavra ou o silêncio definitivo dos casais no cio.
Ô decadência!
Ô falta de criatividade.
Ô gente que só sabe subir o pau e molhar a piriquita.
Tem dó!
Cadê o lirismo dos corpos suados?
A beleza da palavra entrando pelos poros?
As almas se fundindo no gozo poético?
Cadê o arrepio pelos gemidos de prazer?
Cadê a lágrima doce que escorria solitária dos olhos da amada?
Sublimada pelo sexo apaixonado.
Pela emoção.
E pela poesia esparramada pelos lençóis amarrotados na penumbra do quarto.
E pelos doces olhos dos amantes.
Hoje abraçados em profundo silêncio.
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