Hoje estava me lembrando de quando, em 1980, me mudei pra Vila Moraes, em São Paulo.
Estávamos em pleno regime militar, sob o comando do Gal. João Baptista Figueiredo, o último dos fardados a comandar o Brasil.
E fui cair justamente no meio do turbilhão político da década de 80, com as greves dos metalúrgicos do ABC em 1979 e 1980.
E no meio da fundação do PT, em 10 de fevereiro de 1980.
E lá conheci muitas pessoas que, de uma maneira ou de outra, participavam ou conviviam com quem participava do movimento sindical.
Entre eles o meu grande amigo - grande nos dois sentidos: como pessoa e no tamanho; mais de 1,90 m - Stefan Mantu -, o Piga.
O grandão doce, militante apaixonado pelo movimento sindical.
O sujeito que se ferrava pessoalmente pela sua participação no movimento e estava sempre na cabeça das listas negras dos patrões do ABC.
E batalhava pela edição do Jornal "O Trabalho", representante da classe trabalhadora.
Eram festas e festas em sua casa, pra arrecadar fundos para a manutenção do Jornal.
E lá, no meio do agito da militância política, a música corria solta.
O Grupo Acordel, do qual ele participava, e que lançou o disco Acordel, faz parte do acervo musical da boa música de São Paulo.
Arte de primeira linha.
E no meio das discussões políticas - nós, teóricas; ele, na prática - costumávamos atravessar as noites cantando, bebendo, rindo, chorando, brigando... e aprendendo, o que era mais importante.
E nos reuníamos no Boteco da Piranha na Consolação, em sua casa, na casa de outros amigos, no meu apartamento e fazíamos muita poesia... muita música, num tempo em que tudo parecia estéril, onde nada crescia, nada vingava, dada a permanente escuridão em que o Brasil estava mergulhado desde 1964.
E nestas rodadas noturnas conheci muitas pessoas.
Sua esposa Roseli, depois Isa; suas filhas Juliana, Cris e Mariana; Dalva, Sônia, Luiz, Marina, Marlena, entre outros.
O meu amigo compositor, Efraim; Inez, sua esposa; seus filhos Juninho, Claudinha, Carminha e Fabinho; seus irmãos, Adinho e Laurinho.
Com ele compus, como letrista, diversas músicas e fundamos o Grupo Violação, grande vencedor de festivais.
Plínio, Jorge, Cidinha, Goiás Brasil que participaram do Grupo Violação.
E muitos outros dos quais não me lembro agora ou já esqueci o nome, já que se passaram quase 30 anos.
Um tempo importante na minha vida.
E eu me lembrei desse tempo e me deu vontade de registrar.
E fiquei com saudade do meu amigo Piga.
Da sua voz doce ao violão, do seu sorriso tranquilo e dos tempos que éramos todos jovens.
E ainda acreditávamos num grande futuro para a gente sofrida do Brasil.
E achávamos que o PT nos levaria ao paraíso.
Sem a menor ideia de que viveríamos no purgatório.
Com a cara no chão!
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