segunda-feira, 17 de maio de 2010

Só sonhar não basta!

Sonhar com um mundo melhor é o que as pessoas julgam ser seu pensamento mais humanitário, mais politizado, mais decente.

Mas será que é tão fácil sonhar por um mundo melhor de uma maneira viável, exequível... real?

Não ficamos apenas sonhando com o que achamos correto e, de uma maneira ingênua, falamos, e falamos, e falamos, mas não nos aprofundamos e procuramos entender o que realmente pode ser feito, o que realmente pode ser mudado?

A complexidade de tal sonho passa por milhares de abordagens, de teoremas, hipóteses, discussões, reações, suposições, mudanças estruturais, mudanças legais, conflitos, violência, etc.

Só sonhar não basta!

Só denunciar, criticar não basta!

Só tomar cerveja no boteco e soltar a verborragia dos bêbados não vale!

Só escrever um verso de efeito e se sentir o rei da carne-seca não serve!

Só se declarar esquerdista e achar que é o tal não cola!

Mudar o mundo passa primeiramente pelas mudanças internas de cada um de nós.

Ninguém faz o mundo ficar melhor se for um idiota, um egoísta, um fanático religioso, uma pessoa que espanca a família, um corrupto, um conservador ao extremo, um indivíduo pirado nas questões sexuais, o cidadão que gosta de levar vantagem em tudo, aquele que não traz o mínimo de compaixão em sua alma crua, o homem ou mulher preconceituoso, racista, os que amam a soberba, o luxo, o culto à própria imagem, os que exploram as pessoas, os que não têm piedade para com os animais, os que não respeitam a sua cultura, a sua memória, os que destroem para ganhar, os que ganham para destruir, os que se omitem, os que se excluem... os que se sentem superiores a todos em todas as questões existenciais... os filhos-da-puta!

Sem profundas mudanças pessoais não existe mudança de fato.

Armas não mudam o mundo para melhor.

O que muda o mundo são pessoas com ideias sadias, pessoas generosas, humanitárias, libertárias!

Revolucionários com cabeças de bagre não existem.

Com eles apenas vamos mudar de grupo, de um modo de pensar para outro, de um modo de reprimir para outro, embora repressão seja sempre igual em qualquer língua ou situação.

As nossas mazelas, estas merdas que a gente vê todos os dias vão continuar com maior ou menor intensidade.

E ainda conviveremos com outras que a gente não conhecia.

Nós não precisamos mudar o mundo, precisamos mudar é a nossa postura diante do mundo, o nosso modo de enxergar o mundo - esta porcariada toda com que encheram a nossa cabeça desde que nascemos.

Precisamos deixar de ser estas pessoinhas fúteis, medrosas, orgulhosas, vaidosas, rancorosas, infelizes, ciumentas, iradas, nervosas, carentes, rejeitadas, egoístas, fechadas, cruéis, dissimuladas, egocentristas, manipuladoras, gulosas, desejosas, covardes, previsíveis... subornáveis!

Precisamos deixar de lado esta simpatia velada que temos pelo nosso status quo - o deixa estar para ver como é que fica.

Aí, eu garanto, o mundo por si só toma seu rumo e todos os nossos sonhos de vê-lo melhor se realizarão.

Porque o que anda ruim não é o mundo, somos nós.

Isto desde que o mundo é mundo.

E pode ter certeza: vai piorar!

Porque fazer uma guerra e tomar de assalto um país é fácil.

O que é quase que humanamente impossível é mudar uma única cabeça.

Um modo de ser!

Um homem!

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