segunda-feira, 27 de junho de 2011

Depois da minha morte

Depois da minha morte, que uma coisa fique registrada.

Eu sofri em vida.

Sofri os horrores de sentir.

Sentir ao extremo cada momento da minha vida.

E não ter como, não saber como explicitar os meus sentimentos para o mundo.

E tudo ardia.

Uma grande fogueira queimava o meu coração.

E consumia minha alma em segundos.

E eu não conseguia.

Não conseguia colocar pra fora, vomitar mesmo, aquele momento cruel, duro, torturante... sensível.

Eu tentava.

Um lápis, um papel em branco... uma crônica, um poema apático e sem alma.

E vasculhava os vocabulários.

À procura de palavras que pudessem demonstrar o meu sofrer doído.

Nada!

Nenhum dicionário continha as palavras certas para mostrar o meu sentimento para com o mundo.

Um pedreiro sem prumo.

um mecânico sem ferramentas.

Um cirurgião sem bisturi.

Um jogador de futebol sem pernas.

Um político sem a língua.

Um poeta sem os versos.

Um homem sem som.

Um homem amorfo.

Um coração de vulcão.

Uma alma de furacão.

Uma sensibilidade passional.

Apenas um homem...

Que não conseguiu expelir no mundo a sua efervescência lírica.

A sua paixão desenfreada.

O seu sofrimento pleno.

A sua dor de existir.

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