terça-feira, 10 de novembro de 2009

Mané

Ontem, ao escovar os dentes, sorri!

Pra mim mesmo!

Parei e fiquei me observando - fundo - saca quando a gente olha fundo no fundo da gente?

Pois é, foi isso!

Não fiquei olhando o meu rosto, os olhos, a boca, o nariz, as orelhas; atravessei a fronteira entre o racional e o emocional e fui passear nas avenidas do meu ego, id, psique - e vou lá saber como se chama este troço das minhas coisas profundas?

Mas lá estava eu.

O meu profundo é tão raso, tão frágil.

Choro por qualquer coisa: ausência, mulher, futebol, poesia, música, pôr-do-sol, abandono, carência, indiferença, saudade, tristeza, alegria.

Ô sujeitinho inseguro!

Não sei como sobrevive neste mundo difícil.

Vive num tremendo cagaço.

Doença, morte, vida, dívidas, filhos, mulher.

Sofre por tudo, se fode por tudo.

O meu eu profundo é um Mané.

Saca um Mané?

Aquele babacão sem perspectiva, respeitador de leis, regras, compromissos, contratos.
O Manezão!

Eu tenho um Mané morando dentro de mim e não posso fazer nada!

Ainda bem que o dono da casa é TõeRoberto, o fodão, o gostosão, o racionalzão, o viciadão em ter razão em tudo.

E vive dando porrada no Mané, mas o Mané é mulher de malandro.

Apanha, apanha, apanha... e na calada da noite, em silêncio, passa a mão na bunda de TõeRoberto, o fodão.

E ele, quer dizer eu, ofereço a bunda e finjo, como sempre que comigo não, violão, pois este negócio de viadagem intrínseca é coisa de emo e de Mané enrustido.

E o meu Mané aflora, e se assume como Mané, mesmo contra a vontade de TõeRoberto, o fodão, que se acha o Deus dos imbecis metidos a besta.

Isto tudo só porque eu me olhei no espelho e fiquei curioso com as minhas profundidades que, afinal de contas, não são tão profundas assim.

Moro no raso da minha idiotice e o síndico é o Mané!

Irmão gêmeo do seu!

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TõeRoberto

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