Ontem, ao escovar os dentes, sorri!
Pra mim mesmo!
Parei e fiquei me observando - fundo - saca quando a gente olha fundo no fundo da gente?
Pois é, foi isso!
Não fiquei olhando o meu rosto, os olhos, a boca, o nariz, as orelhas; atravessei a fronteira entre o racional e o emocional e fui passear nas avenidas do meu ego, id, psique - e vou lá saber como se chama este troço das minhas coisas profundas?
Mas lá estava eu.
O meu profundo é tão raso, tão frágil.
Choro por qualquer coisa: ausência, mulher, futebol, poesia, música, pôr-do-sol, abandono, carência, indiferença, saudade, tristeza, alegria.
Ô sujeitinho inseguro!
Não sei como sobrevive neste mundo difícil.
Vive num tremendo cagaço.
Doença, morte, vida, dívidas, filhos, mulher.
Sofre por tudo, se fode por tudo.
O meu eu profundo é um Mané.
Saca um Mané?
Aquele babacão sem perspectiva, respeitador de leis, regras, compromissos, contratos.
O Manezão!
Eu tenho um Mané morando dentro de mim e não posso fazer nada!
Ainda bem que o dono da casa é TõeRoberto, o fodão, o gostosão, o racionalzão, o viciadão em ter razão em tudo.
E vive dando porrada no Mané, mas o Mané é mulher de malandro.
Apanha, apanha, apanha... e na calada da noite, em silêncio, passa a mão na bunda de TõeRoberto, o fodão.
E ele, quer dizer eu, ofereço a bunda e finjo, como sempre que comigo não, violão, pois este negócio de viadagem intrínseca é coisa de emo e de Mané enrustido.
E o meu Mané aflora, e se assume como Mané, mesmo contra a vontade de TõeRoberto, o fodão, que se acha o Deus dos imbecis metidos a besta.
Isto tudo só porque eu me olhei no espelho e fiquei curioso com as minhas profundidades que, afinal de contas, não são tão profundas assim.
Moro no raso da minha idiotice e o síndico é o Mané!
Irmão gêmeo do seu!
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TõeRoberto
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