Quando a noite chega, ela diz:
fique!, não vá!
Não deixemos o amor
pra depois de amanhã,
que o amor não pode esperar.
Indiferente a todos
os pretextos do mundo
eu me levanto
e caminho para a porta.
Levo a mão na maçaneta,
depois paro -
de costas para o quarto -
como a medir subitamente
a distância entre mim e a vida.
Não vá!, sussurra ela,
inventemos a eternidade
deixe a noite para os mortais.
O eterno apresenta-se
aos meus olhos
em perspectivas sensuais.
Viro-me,
gesto mecânico de milhões de anos
descoberto por amantes noturnos
e caminho humildemente triste
para a cama.
Ela sorri.
Fique!, o amor não pode esperar.
Seus braços me aprisionam
num aperto de reprovação.
Enquanto lá fora
chove uma angustiante chuva
de abandono,
à parte de todos os
"não vá!" da vida!
.
TõeRoberto-03:078-são paulo/sp-23abril1974
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