quarta-feira, 22 de agosto de 2007

PARA REFLETIR

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Há tempos, observo: a maioria das pessoas não gosta de assunto de gente politizada.

- Pensam acreditar numa conversa fiada que existe por aí que não existe mais direita nem esquerda.

- Não existe? Você pensa igual ao Bush?

- Acreditam, ainda, que a relação comercial, por exemplo, entre o Brasil e os Estados Unidos é saudável e não existe exploração imperialista (tem gente que tem vergonha de usar esta palavra).

- Por que insistem na Alca?

- Ah, imperialista também é uma palavra que querem fazer desaparecer!

- Os grandes países capitalistas, exploradores dos paises subdesenvolvidos, querem nos fazer acreditar que o que existe é um mundo globalizado, negócios sem fronteiras, com oportunidades para todo mundo.

- Mentirinha!

- Passam através da mídia essa falsa sensação de que a sociedade só funciona assim. Que não existe outro meio de organização e que o capitalismo nos faz melhores, porque nos tornamos verdadeiros atletas para vencer todos os grandes obstáculos que nos levam ao sucesso.

- E a sua saúde onde fica?

- Concordem ou não comigo:

- As pessoas, hoje, vivem de futilidades: saem para almoçar, só falam dos seus empregos; começam a namorar, só falam de suas carreiras; chegam em casa, só falam dos seus negócios; saem para jantar... negócios; entram na universidade, dinheiro... negócios! Sexo, vício e superação estão em alta.

- O Pierre Cardin que viu no shopping, o celular da motorola, o carro da honda, o perfume francês, a digital da sony, aquele par de sapatos prada, a manicura, o spa, o cd do U2, a academia, o restaurante especial, aquele apartamento em Copacabana.

- A classe média baixa e os menos pobres (se é que isto existe) também vivem da mesma maneira, só trazem os assuntos e os sonhos de consumo para dentro das suas realidades.

- Não que ter coisas, pensar em ter coisas não seja importante, mas quando este comportamento é regra para a maioria das pessoas da sociedade e ter coisas é só o que importa, os prejuízos vão se acumulando no balanço da vida nacional: a cultura está um farrapo, a miséria se disfarça atrás dos programas de distribuição de esmolas do governo, a educação é uma vergonha internacional, a saúde uma mancha na consciência de todos nós e o problema fundiário é o que vemos todos os dias na tv.

- Observei que, na maioria dos casos, as pessoas que não gostam de conversar assuntos de gente politizada não gosta não por ser despolitizada, mas sim por serem egoístas.

- Acreditam que devem ficar quietas no seu cantinho, com todos os seus privilégios assegurados.

- Mexer com assuntos tão polêmicos pode, pensam elas, trazer prejuízos para suas vidas tranqüilas.

- Entretanto, esquecem que tudo isso acontece também dentro das suas casas e que, mais cedo ou mais tarde, alguém da sua família acabará pagando, com juros, essa imensa dívida social.

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

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