quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

DE 4

Manfredo desceu do trem e olhou as horas: 23:55.

Procurou, com os olhos, pela plataforma e 1/2 que ficou chateado.

Subiu a jaqueta para proteger o rosto e saiu da estação.

8 graus, apontava o termômetro.
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Começou a andar.
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Joselívia na cabeça, uma dorzinha chata de cabeça, a cabeça na noite escura.
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Ela deveria estar na estação, pensou.
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Afinal 2 anos são 2 anos!
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Na seca, os demorados 2 anos... na seca!
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Caminhava, a cabeça doía, e pensava naquelas coxas, naqueles peitos, naquela boca... naquela bunda!, que era o que mais gostava.

E pensava: ah, Joselívia, tesão da minha vida! Hoje eu te pego! 2 anos, Joselívia, 2 anos! Te ponho de 4. Te dou um trato. Te arrebento... me arrebento e até me mato... e te mato!

A noite, a cabeça... Joselívia.

Desceu a rua e avistou a casa.
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Ficou excitado... pensou naquilo, naquiloutro, naquela, naqueloutra.
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Chegou à porta da casa, olhou o relógio: 00:31.
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Passou a mão no meio das pernas: uma comichão.
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Quando ia bater na porta, ouviu um ruído na casa.
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Xeretou na janela, a cortina semiaberta e viu: Joselívia de 4...
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Gelou... e o gelo desceu até o meio das pernas.
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A cabeça doía, Joselívia de 4... aquela bunda!
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Contou até 1, enfiou o pé na porta e entrou.
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A cabeça doía, Joselívia...
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De 4, Joselívia fincou olhos nos olhos de Manfredo e a perplexidade tomou conta da noite... e dos corações acidentados.

E o apito triste do guarda-noturno ecoou pela cidade adormecida.
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TõeRoberto-post in jampa/pb

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