segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A MENSAGEM

- Não nego: sou um perfeito idiota.

- E idiota, como eu mesmo digo, não tem tédio.

- O que leva um sujeito que mora numa cidade linda como Jampa a ficar dentro de casa, diante de um computador, criando textos que poucas pessoas vão ler?

- Por que não largo tudo isto e vou à praia como qualquer cidadão praiano?

- Por que não vou tomar uma cervejinha, comer um camarãozinho, um peixinho nas barracas da praia?

- Por que não vou simplesmente observar o mar que, por si só, é uma poesia... uma crônica, que se reescreve todos os dias, sem nunca se repetir?

- Por que não vou fotografar gaivotas, no seu voo raso, e aprender, com elas, a ser livre e a escrever pequenos poemas, com o balanço das asas, quando tocam o intocável horizonte azul?

- Por que não vou navegar com os meus olhos ávidos - barcos alados - pelo infinito verde e calmo da imensidão do mar sem fim?

- Por quê? Por quê? Por quê?

- Por que tantas perguntas?

- E aqui estou, agora, diante do computador questionando a minha vida e escrevendo esta mensagem - este pedido de socorro - para mim mesmo.

- E faço isto todos os dias da vida: pedidos de socorro.

- E qualquer dia eu coloco uma destas mensagens dentro de uma garrafa e caminho até o mar.

- E lá eu - náufrago na minha própria solidão - a jogarei nas ondas inquietas para ver aonde vai chegar.

- Aí, quem sabe, eu saio de caso todos os dias e fico de pé - na praia - diante daquela beleza incomensurável, aguardando a minha garrafa, o meu pedido de socorro - que, com certeza, trará a mensagem precisa que mudará radicalmente os rumos da minha vida.

- Daí, todos os dias, eu estarei diante do mar e não mais escreverei mensagens nem deixarei garrafas à deriva.

- A partir de então navegarei pelo mar extasiante da minha alma aquática com os meus olhos perfeitos.

- E a imagem dos meus sonhos se refletirá no âmago da minha essência, lá onde o céu, o mar e o meu eu se encontram.

- E eu caminharei suavemente por sobre as águas e agarrarei, sensível, a parede do horizonte, onde depositarei, com exatidão, todas as esperanças atávicas da minha vida sem fim.
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TõeRoberto-05:10-post in jampa/pb

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