domingo, 2 de dezembro de 2007

A SURDA

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- A história é de Minas.

- Acho que por mais insignificante que seja o ser humano, alguma coisa dele fica no espaço ou... na memória de alguém.

- Ficou na minha ou não estaria escrevendo sobre isso.

-------
- Madalena:

- Madalena - só Madalena - era o nome da personagem.

- Surda, falava pouquíssimo, além de não falar coisa com coisa.

- O eterno pano na cabeça, a cabeça sempre baixa.

- Em menino, e adulto também, convivi muito com ela e sei pouquíssimo de sua vida. Era daquelas pessoas que passam pela vida despercebidas. Estão ali, mas é como se não estivessem. Teimam em não existir para o mundo.

- Nunca soube como seus patrões a conseguiram. Morava num quartinho no fundo da casa... despercebida.

- Como louca era vista na cidade.

- Andava pelas ruas resmungando. As crianças tinham medo de Madalena.

- A personagem é profunda e eu sou muito raso, muito superficial para traçar um perfil mais adequado, mais justo para Madalena.

- Só sei que ela ficou na minha memória apenas por uma frase que repetia a cada vez que passava por alguém, inclusive por mim, e que eu vivo repetindo pela vida afora:

- "Cê num sabe o qui ti espera nu fim da vida!"

------

- Madalena se foi. Ficou eterna comigo.

- Agora vocês também já sabem:

- "Cê num sabe o qui ti espera nu fim da vida!"

- Assustador, não???

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

Nenhum comentário: