terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O VÔO

CRÔNICAS&CONTOS: SOBRE NÓS&OS OUTROS

- Sempre fui pássaro. Adoro voar. Detesto levantar vôo.

- Levantar vôo me lembra lágrimas, tristezas, fugas, adeuses... para nunca mais!

- Gosto da essência do vôo: planar nas nuvens, a paz infinita, o azul-celeste interminável... a imensidão da vida.

- Mas voar é um desejo triste. Voar é a contradição absoluta da vontade humana.

- Animal da terra, o ser se enraíza. Raízes o prendem ao chão e o impedem de voar.

- O ar não enlaça raízes. Os pássaros somos seres imponentes.

- Pequeninos que sejamos remetemos o ser à inveja e à esperança, à culpa e à absolvição.

- Não tenho remorsos: pássaro nasci, pássaro exerço o meu dom nas tardes iluminadas.

- Meu plano de vôo é o vôo: e eu o realizo com maestria e encantamento sobrevoando o infinito da liberdade sonhada.

- Eu vôo, mas voar não é atitude fácil: demanda abandono e despojamento. Vôo porque nasci pássaro.

- Mas o mundo é enraizado. O mundo não admite vôos. O mundo não gosta de pássaros.

- Sempre me cuido nos vôos rasantes. São extremamente perigosos!

- Deles podem advir as quedas, os enraizamentos intrínsecos - a reeducação formal.

- O contato humano é inevitável.

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- Semana que vem posso estar na gaiola do prefeito.

- Na outra, o gato!!!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB

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