domingo, 22 de junho de 2008

AH, SERENA LOCURA!...

POESIA: O INVENTÁRIO DAS ROTAS

Ah, serena loucura!
Contemporânea dos meus filhos
mãe das adversidades.

Sozinho te procuro entre os escombros
da cidade adormecida.
E já não te encontro.

Carne e concreto se fundiram
e a sombra do furor se diluiu
na fumaça dos teus olhos.

Ah, cálida loucura!

Senhora dos meus gestos
caminho dos meus sonhos!

Estás perdida.
Sozinha, no meu ego
és um lamento esquecido.

E sou teu!
Comandas a mim com tua paz

e às vezes te confundo com a alma
e me ajoelho à procura do perdão.

Ah, etérea loucura!
A morbidez da tua fala
é o meu discurso.

E falo pela noite sem platéia
e os aplausos me projetam
ao teu encontro.

Meu desejo é mordiscar a tua boca
e chupar a tua língua com a língua
e gozar o teu segredo de mulher.

Ah, sublime loucura!
Somos dois tolos:
eu, por amar o teu silêncio
tu, por me amares em silêncio.

Mas somos um e isto basta.
Juntos, caminhamos pelas veias

pelos nervos e intestinos da cidade.

E vamos rindo!
Como é boa esta harmonia
entre o ser e essa besta alucinada.

Ah, suposta loucura!
Como te amo!
E nem percebes quão patético me tornei
pra convivermos com clareza nosso caso.

E nem te opões
quando procuro destruir tua presença
mesmo querendo que em eterna
te transformes.
(Santos/Sp-14novembro1995/09:23hs/Terça-Feira)


(Fonte: Poema - Autoria de TõeRoberto)

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