CRÔNICAS&CONTOS: COM A SUA LICENÇA
- Outro dia eu estava em um forró, numa barraca de praia.
- Outro dia eu estava em um forró, numa barraca de praia.
- Um grupo executando um forró pé-de-serra de boa estirpe.
- Estava olhando o sanfoneiro - forrozeiro nato - e me lembrei de um falar que existia em Minhas Gerais nos meus tempos de criança:
- Fulano é Pinta-Brava!
- Comentei com Mél: coitada da mulher deste sanfoneiro, o sujeito é Pinta-Brava! Ele pertence ao forró.
- É só olhar:
- O sujeito é um condor sobrevoando as montanhas.
- Um búfalo nas pradarias do velho oeste americano.
- Um tubarão cortando as águas do oceano.
- Um carioca assistindo a um FlaFlu.
- Um brasileiro que ganhou a mega-sena.
- É um homem livre.
- O gingado do corpo, o manuseio da sanfona, a voz, o sorriso, a simpatia nata, o jeito com as mulheres, o repertório colocam o sujeito numa noutra esfera.
- Não é um sujeito comum.
- Não nasceu para fazer contas em bancos.
- Usar a picareta na rua.
- A enxada na roça.
- A caneta no escritório.
- O bisturi no hospital.
- A voz na tribuna.
- Não nasceu para fabricar bens.
- Nasceu para tocar sanfona.
- É um xifópago.
- Nasceu grudado com ela.
- Nasceu para fabricar sonhos.
- São carne&unha.
- Romeu&Julieta.
- Tristão&Isolda.
- Marco Antônio&Cleópatra.
- Mar&horizonte.
- É um sujeito fora das leis do universo.
- Não é pobre nem rico.
- É apenas um sujeito com o seu ritmo.
- Com a sua música.
- A sua alma despojada de tristeza.
- Vive acima dos vis mortais que - sem importar a idade - encantados com a sua magia dançam, cantam, pulam e se rendem aos encantos de um homem que nasceu para sublimar.
- Domingo eu vou de novo.
- Quero me render aos encantos do Pinta-Brava.
- E reencontrar o meu ritmo - que há muito tempo perdi!
(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in Jampa/PB
Nenhum comentário:
Postar um comentário