quinta-feira, 12 de junho de 2008

O NAMORO

CRÔNICAS&CONTOS: COM A SUA LICENÇA

- Eu também já fui namorado. Amei, fui amado, mandei flores, ganhei creme de barbear, fiz serenatas, comi pipoca no cinema, namorei no portão... dei e recebi muitos amassos.

- Nunca levei namorada pra comer pizza, porque naqueles tempos, graças a Deus, isto não existia. A gente saía comido de casa e o chique, depois do cinema, era namorar no banco do jardim de baixo, no lugar mais escondidinho possível.

- Naqueles tempos também não tinha motel. A transa também era pouca. A maioria das mulheres só dava depois de casadas. No máximo eram uns apertos bem arrochados no portão da donzela, de olho na porta da casa, porque naqueles tempos os pais não dormiam antes de os filhos e as filhas chegarem em casa.

- Namorar no sofá era um atraso: a tv preto&branco - I Love Lucy, A feiticeira, Mister Ed - o sogro cochilando de um lado, a sogra de outro e o pentelho do cunhadinho - parte com o diabo - enchendo o saco de minuto em minuto.

- Mariquinha/maricota/com a direita/com a canhota. Descabelar o palhaço todos os dias, depois do namoro, era um ritual sagrado e importantíssimo: tirava a dor dos colhões.

- Transar com a moça levava somente a duas coisas: casamento na marra, na delegacia - o delegado de padrinho; ou casar numa boa - na igreja - com a presença das famílias e dos amigos.

- Casamentos na marra eram mais comuns entre o carnaval e os nove meses seguintes.

- Tudo era muito diferente. A libido era selvagem, natural e não precisava de nenhum tipo de afrodisíaco para explodir. A mulher, naqueles tempos, era o melhor saquinho de amendoim que existia.

- Mário Moreno, o Cantinflas, num de seus filmes, ao ver passar uma moça com um vestido um pouquinho acima dos tornozelos, diz: "Antigamente a gente olhava uma mulher e ficava imaginando como ela seria pelada; hoje a gente olha uma mulher e fica imaginando como ela seria vestida."

- É o que se passa nos dias de hoje.

- Mas, sinceramente, gosto mais dos tempos modernos; somos mais livres, mais abertos a novas experiências; vamos e voltamos mais vezes; vivenciamos questões sexuais com menos traumas; convivemos ou não com casamentos que nos incomodam; as mulheres, justiça seja feita, estão mais inseridas no contexto social e o conservadorismo de antigamente, ainda muito comum no nosso dia-a-dia, vai revendo seus conceitos e vai se adequando aos novos tempos.
.
- E uma coisa eu digo: namorar é bom em qualquer época, independente de ser no banco do jardim de baixo, no portão da donzela, no sofá do sogro ou no motel.

- Namorem bastante e tenham um bom-dia!

- P.S: Por favor: creme de barbear, não!

(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in Jampa/PB

Nenhum comentário: